| A        concessão de usinas | |||
| As regras atuais        foram estabelecidas em 1995, quando as concessões então em vigor foram        prorrogadas por 20 anos, contados a partir daquele ano para as concessões        vencidas e a partir do vencimento, para as demais. A prorrogação        permitiria às concessionárias preparar-se para atuar num novo ambiente e        ao governo elaborar, discutir e colocar em prática um novo modelo de        operação para o setor, em substituição àquele que começaria a caducar em        2015. O governo atual dispôs de oito anos para encontrar uma        solução, mas não fez nada. O fracasso da privatização da Companhia        Energética de São Paulo (Cesp), em junho de 2008, tornou evidente para o        público o problema que já preocupava o setor energético. O fracasso se        deveu à desistência dos investidores de participar do processo, diante da        recusa do governo federal a garantir que seriam prorrogados os contratos        de concessão da Cesp (as concessões de 60% dos ativos da empresa vencem em        2015).  Ao recusar o pedido do governo de São Paulo - que        controla a Cesp - de prorrogação das concessões, o governo Lula se limitou        a seguir a lei. Ela estabelece que as concessões atuais não têm direito a        renovação. O governo do PT não deu nenhuma indicação concreta sobre como        ficará a situação depois de vencidas essas concessões. O problema é        complexo. Entre 2015 e 2017, vencem as concessões de 57 hidrelétricas, com        capacidade de 25.500 megawatts, o que equivale a duas usinas de Belo        Monte. Elaborada quando o programa do governo Fernando Henrique previa a        privatização do setor elétrico, a legislação determina que, ao término das        concessões, os ativos revertem para a União, que deve licitá-los, cabendo        ao antigo concessionário compensações por investimentos que não estejam        depreciados, como observaram Nivalde J. de Castro e Roberto Brandão, do        Grupo de Estudos do Setor Elétrico, em artigo publicado no Estado        (29/11). É duvidoso que o próximo governo concorde com a privatização        de ativos importantes da Eletrobrás, ou de estatais estaduais como Cesp e        Cemig. Mas, mesmo que concorde, terá de definir as regras para a        privatização, envolvendo critérios para a definição dos preços dos ativos,        das eventuais indenizações aos atuais concessionários e da tarifa a ser        cobrada pelas novas concessionárias, cujo custo operacional certamente        será menor do que o das antigas, que arcaram com todos os investimentos.        Há muitos interesses conflitantes - das antigas concessionárias, dos novos        investidores, dos consumidores em geral - que precisam ser minimamente        harmonizados para a montagem de um modelo aceitável por todos. Se não        concordar com a privatização das concessões que vencerem a partir de 2015,        o governo terá de modificar a lei. Ainda assim, terá de definir regras        para compensações e para as novas tarifas, entre outras. Sem essas definições, as empresas não podem fazer investimentos de médio e longo prazo, como são os destinados ao setor elétrico. Além disso, sem saber como ficarão suas concessões, as atuais concessionárias têm dificuldades para captar recursos no mercado financeiro ou para renegociar empréstimos, pois as instituições costumam exigir garantias por um prazo que as empresas do setor elétrico não podem oferecer. "A decisão deveria ter        sido tomada ontem, mas o governo procurou, de todas as formas, evitar a        discussão em um ano eleitoral", disse Carlos Faria, da Associação Nacional        dos Consumidores de Energia (Anace). A incerteza paralisa investimentos e compromete a eficiência do setor. Estadão, 25 dez 2010  | |||
26 de dez. de 2010
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