7 de dez. de 2010

MARCUS FLAVINIUS
Centurião da II Coorte da Legião Augusta
A seu primo Tertulius, em Roma

Tinham-nos dito, no momento em que deixamos a terra natal, que partíamos em defesa dos direitos sagrados que nos são conferidos por tantos cidadãos instalados lá longe, tantos anos de presença, tantos benefícios concedidos às populações que têm necessidade do nosso auxílio e da nossa civilização.
Pudemos verificar que tudo isso era verdade e, visto que era verdade, não hesitamos em derramar o imposto de sangue, em sacrificar a nossa juventude, as nossas esperanças. Não lamentamos nada, mas enquanto aqui este estado de espírito nos anima, dizem-me que em Roma se sucedem as intrigas e as conspirações, se desenvolve a traição e que muitos, hesitantes, perturbados, cedem com facilidade às piores tentações do abandono e aviltam a nossa nação.
Não posso acreditar que tudo isso seja verdade e, no entanto, guerras recentes mostraram até que ponto podia ser pernicioso um tal estado de alma e ao que ele podia levar.
Suplico-te, tranquiliza-me o mais breve possível e diz-me que os nossos concidadãos nos compreendem, nos defendem, nos protegem como nós próprios protegemos a grandeza do Império.
Se tudo fosse diferente, se tivéssemos de deixar em vão os nossos ossos embranquecidos sobre as pistas do deserto, então, cuidado com a cólera das Legiões!