Corrente Maragato
Esta corrente é destinada aos campeiros de dedos calejados e de alma falquejada pelos açoites da vida, que já não se contentam com o uso de uma só faca, desejando experimentar novas sensações, por mais abagualadas que possam parecer.
Não mande dinheiro. Envie cinco cópias da presente missiva a cinco macanudos, que estejam em situação semelhante e que sejam de sua inteira confiança. Em seguida, empacote a sua faca, enviando-a ao primeiro da lista, removendo-o e acrescentando o seu nome em último lugar.
Quando o seu nome estiver em primeiro lugar, o amigo receberá, no mínimo, quatro facas, dando a elas o seguinte destino:
- a primeira, fincada na parede do seu rancho, servirá de cabide, onde serão pendurados o lenço colorado, o chapéu de aba quebrada, a bombacha cravejada de botões brancos, a guaiaca recheada e as chilenas, respeito de muito potro redomão;
- as duas facas seguintes, também cravadas na parede, servirão de apoio, onde o amigo agarrar-se-á ao receber os trompaços que vem por trás; e
- a quarta e última faca deverá ser entregue ao adversário, antes do serviço começar, com a seguinte recomendação: "se eu recuar, tu me ameaça, tchê !"
Após este ritual pagão e abarbarado, tenho mais que certeza, o amigo ficará conhecido como "o gaúcho das quatro facas". Para que o patrício não sofra a maldição da profecia, vou lhe contar a seguinte estória: lá p'ras bandas de Santa Fé, um gaudério, por pura troça e deboche, resolveu quebrar a corrente. Não sei se por praga de madrinha ou tironeadas da sorte, o infeliz, em uma boleada do pingo, escapou da sela e morreu com o trazeiro espetado num moirão de angico.
Não mande dinheiro. Envie cinco cópias da presente missiva a cinco macanudos, que estejam em situação semelhante e que sejam de sua inteira confiança. Em seguida, empacote a sua faca, enviando-a ao primeiro da lista, removendo-o e acrescentando o seu nome em último lugar.
Quando o seu nome estiver em primeiro lugar, o amigo receberá, no mínimo, quatro facas, dando a elas o seguinte destino:
- a primeira, fincada na parede do seu rancho, servirá de cabide, onde serão pendurados o lenço colorado, o chapéu de aba quebrada, a bombacha cravejada de botões brancos, a guaiaca recheada e as chilenas, respeito de muito potro redomão;
- as duas facas seguintes, também cravadas na parede, servirão de apoio, onde o amigo agarrar-se-á ao receber os trompaços que vem por trás; e
- a quarta e última faca deverá ser entregue ao adversário, antes do serviço começar, com a seguinte recomendação: "se eu recuar, tu me ameaça, tchê !"
Após este ritual pagão e abarbarado, tenho mais que certeza, o amigo ficará conhecido como "o gaúcho das quatro facas". Para que o patrício não sofra a maldição da profecia, vou lhe contar a seguinte estória: lá p'ras bandas de Santa Fé, um gaudério, por pura troça e deboche, resolveu quebrar a corrente. Não sei se por praga de madrinha ou tironeadas da sorte, o infeliz, em uma boleada do pingo, escapou da sela e morreu com o trazeiro espetado num moirão de angico.
Apesar da morte violenta, estampava na cara larga um ar de felicidade nunca provada antes.
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