15 de mai. de 2011

Momento inesquecível da Música 
Aconteceu no mês passado - e será inesquecível. 

     Riccardo Muti acabara de reger o célebre coro dos escravos, Va pensiero, do terceiro ato de Nabucco, e o público do Teatro da Ópera de Roma aplaudia incessantemente e bradava bis! (Cabe lembrar que, para além de sua intrínseca beleza, que é inexcedível,  o Va pensiero foi também uma espécie de hino informal dos patriotas do Risorgimento – e daí o enorme apelo emocional que preservou entre os italianos.)  
      Que faz, então, Ricardo Muti? 
     Volta-se para a platéia e, depois de recordar o significado patriótico do Va pensiero, pede ao público presente que o cante agora, com a orquestra e o coro do teatro, como manifestação de protesto patriótico contra a ameaça de morte contida nos planejados cortes do orçamento da Cultura.



     O famoso coro Va pensiero, da ópera Nabucco, de Verdi, representa a tristeza dos judeus subjugados pelos babilônios. 
     
Com essa mensagem, o compositor conseguiu burlar a censura, camuflando a revolta dos italianos com a ocupação austríaca. 
     
Nabucco é uma ópera em quatro atos de Giuseppe Verdi, com libreto de Temistocle Solera, escrita em 1842. Houve, desde o princípio, uma imediata associação entre as desgraças dos judeus no Eufrates (escravizados pelo rei Nabucodonossor da Babilônia), com as que a maioria dos italianos sofria naquele momento. 
     
No dia da estréia da ópera Nabucco, o 9 de março de 1842, mal o coro ter encerrado o último verso (III Parte, cena IV), no qual os prisioneiros pediam inspiração para resistir com coragem às aflições, a Itália sentiu que ali nascia uma versão muito própria, totalmente sua, da "Marselhesa" . 
     
Desde então "Va pensiero" consagrou-se como o hino da unificação italiana, enquanto o nome de Verdi circulou entre os patriotas como um anagrama (Vittorio Emmanuel Rè d'Italia). 
     
A meta unitária afinal somente atingiu êxito dezenove anos depois, em 1861, quando o rei Vitório Emanuel II do Piemonte foi proclamado rei da Itália (Roma somente integrou-se a ele em 1871, depois da retirada das tropas francesas que protegiam o papa).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Antecipadamente agradeço seu comentário. Magal