22 de fev. de 2012

1984 É AGORA
Prof. Marcos Coimbra (*)

O genial escritor Eric Blair, sob o pseudônimo de George Orwell, produziu várias obras geniais, dentre elas  a “Revolução dos Bichos”, “Lutando na Espanha” e  “1984”.

Este último. quando foi escrito, em 1948, projetava um mundo imaginário a ser tornado realidade em 1984. 

As idéias de Grande Irmão, teletela, ministério da Verdade, crimidéia (crime de idéia, em novilíngua), são impressionantes e pareciam distantes da realidade, quando foi lançado. Hoje, porém,  mostram-se perturbadoramente verdadeiras. O livro mostra a transformação da realidade praticada na fictícia Oceania (onde a Inglaterra era parte dela, como Pista de Pouso número 1), disfarçada de democracia onde existe um totalitarismo, dominado pelo IngSoc (o Partido), sob o comando do onipresente Grande Irmão (Big Brother).

O livro conta a história de Winston Smith, membro do partido externo, funcionário do ministério da Verdade. A missão era reescrever e alterar dados de acordo com o interesse dos “detentores do poder político”, tal como foi feito por Stalin na URSS - na realidade, bastante semelhante à tarefa atual de jornalistas e historiadores desviados de seus respectivos ideais. 

Se alguém pensasse diferente seria capturado pela Polícia do Pensamento e seria destruído, passando antes pela sala 101. Nesta sala os insubordinados eram submetidos à pior das torturas, de acordo com as vulnerabilidades de cada um.

No caso de Winston era o pavor de roedores. Foi ajustada a seu rosto uma máscara contendo várias ratazanas famintas, separadas por duas grades de seu rosto. O torturador, ao abrir a primeira delas, conseguiu dele a rendição total.

Observando-se o mundo atual, verificamos o grau de clarividência do gênio. A teletela está presente em países ditos democráticos, sob a justificativa de garantia de segurança, através de milhares de câmeras de transmissão de imagens. Falta apenas transmitir imagens, o que não é impossível. 


O crimidéia é praticado às escâncaras principalmente em países próximos a nós geograficamente, do grupo bolivariano, em nome da “democracia plebiscitária”, que exige mobilização popular permanente, manipulada por aqueles que estão no poder. 

As Instituições são erodidas, aproveitando-se o baixo nível de educação da massa de eleitores, bem como a formidável máquina de pressão daqueles que, aproveitando-se das fragilidades do regime democrático, vão progressivamente implantando o totalitarismo no país.

O GRANDE IRMÃO ESTÁ TE VENDO


Quem se opõe a eles vai sendo destruído, passo a passo, inexoravelmente, sem piedade. De início, dominam o Executivo, apossando-se de milhares de cargos de confiança. A seguir, cooptam o Legislativo, eliminando a oposição porventura existente. O Judiciário vai sendo paulatinamente controlado, por intermédio da nomeação dos principais integrantes dos Tribunais Superiores. 

Aos empresários são permitidos lucros vultosos, através de concessões indecentes, licitações dirigidas e ausência de regulação e fiscalização. A massa do eleitorado é enganada por ações eminentemente eleitorais, com bolsas de diversos tipos, com a finalidade de ganhar eleições.

Vão obtendo vitórias progressivas, aumentando seu poder real. Inicialmente, fazem alianças espúrias com partidos sem ideal ou filosofia, eminentemente fisiológicos, para manter a maioria no Congresso, viabilizando o chamado “presidencialismo de coalizão”, origem dos maiores escândalos da República. 

À medida que vão se fortalecendo, iniciam o processo de descarte dos eventuais aliados. Exemplo flagrante disto é o desigual tratamento oferecido quanto a denúncias de corrupção nos ministérios. Os ministros pertencentes aos partidos dos eventuais aliados são demitidos ou forçados a solicitar demissão enquanto os “companheiros”, acusados de delitos tão ou mais graves continuam em seus postos. Alguns partidos são humilhados publicamente e continuam a apoiar seus algozes, na esperança de voltar a usufruir das benesses do poder.

A mídia amestrada exerce seu nefasto papel, praticando o visualizado por George Orwell, confundindo e desvirtuando os acontecimentos. A corrupção passa a ser regra. As distorções de gênero são incentivadas. A coesão social é destruída. A Família e a Escola sofrem tenaz campanha de desmoralização. 

A última Instituição Nacional (Forças Armadas) capaz de reagir contra a implantação do totalitarismo é minada por ações subreptícias, através do desvio de suas funções constitucionais e via seu constante enfraquecimento. Começam a surgir os “generais do povo” e a anomia se espalha. Os cúmplices de hoje serão as vítimas de amanhã.

O brutal exemplo das últimas ações praticadas contra a liberdade de imprensa e o livre pensamento na Argentina, Venezuela e Equador é preocupante e esclarecedor. Neste último país, até com a cumplicidade do famoso juiz espanhol Baltasar Garzón e do assessor de assuntos internacionais do Brasil, Sr. Marco Aurélio Garcia (MAG), no que concerne à criação de uma Corte Institucional superior, denominada de Tribunal Nacional de Justiça, subordinada ao presidente daquele país. Parece que 1984 é a bíblia de leitura obrigatória deles.


As Instituições Nacionais do Brasil estão extremamente frágeis.

Como evitar a ditadura constitucional?

(*) Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br

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