José Magalhães de Souza - Cel Ref
O texto a seguir foi extraído de um Artigo publicado na Folha de São Paulo, em 19 de dezembro de 2004, e, pasmem, reproduzido na Revista do Clube
Militar de março/abril de 2005.
Seu autor, que chamarei de "velho camarada", hoje assina o manifesto "Não passarão", contra a tentativa de censura imposta aos Clubes Militares e contra o revanchismo da comunalha.
É o filho pródigo, que à casa retorna.
Aqui está o texto. Retornarei a seguir.
Aqui está o texto. Retornarei a seguir.
"Tudo de bom que os militares fizeram pelo Brasil foi posto a perder. Por quê?
[....]
Toda essa transformação terá ocorrido devido a sucessivos erros praticados no ciclo militar.
O apoio da imprensa, perdemo-lo quando lhe foi imposta a censura e, por cima disso, por censores despreparados, incapazes de distinguir uma notícia de um recado para a guerrilha. Como a liberdade é para a imprensa o mesmo que o oxigênio para a vida, a mídia não demorou a ficar contra o governo e a adubar, habilmente, terreno para os líderes de oposição.
A igreja, minada pelos padres e bispos partidários da Teologia da Libertação e da análise marxista do capital, não a perderíamos de todo se encarregados de IPM inteiramente despreparados não indiciassem, como indiciaram, padres e bispos como favoráveis à guerrilha, quando só os frades dominicanos tinham codinomes, agindo na clandestinidade na luta armada.
[....] Na "guerra suja", crueldades foram praticadas de ambos os lados, mas só vem a público a hediondez das torturas, que não eram uma política de governo, mas deformações dos que esqueceram a Convenção de Genebra, aprendida nas escolas militares. Preferiram seguir o exemplo dos pára-quedistas franceses na Argélia.
Tudo de bom que os militares fizeram pelo Brasil foi posto a perder: a modernização do país, a reforma universitária e de primeiro e segundo graus, a expansão do ensino público, as muitas rodovias construídas e asfaltadas, o espetacular crescimento da economia, alçada ao oitavo lugar do mundo, a geração de empregos, a eficiência dos Correios e Telégrafos, a transformação radical da telefonia - incapaz, em 64, de garantir uma linha urbana e que veio, com o auxílio de satélites, a garantir não só a linha urbana, como a DDD e a DDI. As hidrelétricas - Tucuruí, a maior do Brasil, e Itaipu, a maior do mundo -, as aposentadorias dos trabalhadores rurais, que FHC disse ser o maior projeto de renda mínima do mundo. Por quê?
Primeiro, pela demora da devolução do poder aos civis, além de 1973. As guerrilhas urbanas tinham sido esmagadas. A do PC do B não ameaçava a segurança do Estado, isolada na floresta, com pequeno contingente e apoiada apenas pela ridícula Albânia, pela rádio de Tirana, sem nenhum valor. Serviu, porém, de pretexto para a continuação do ciclo militar.
Segundo, e especialmente, pela prática da tortura na repressão.
À vitória na luta armada, que prescindiria das atrocidades, seguiu-se a derrota da batalha das comunicações, ganha pelos que escondem as felonias que praticavam e hoje são quase deificados herdeiros de recompensas milionárias."
Fim do texto. Retorno.
Por que me refiro ao "velho camarada" como filho pródigo que retorna ?
Porque sua retórica (arte com a qual foi bafejado pelos anjos) naquele artigo, nada tem a ver com o manifesto mencionado e com as posições nele defendidas.
Embora eivado de afirmações despropositadas
e tendenciosas, o artigo, à época, foi bem recebido por muitos militares desavisados –
simplesmente, acredito, pelo respeito à imagem do articulista e porque menciona
algumas das realizações dos governos militares. Tão bem recebido, aliás, que, como disse,
foi reproduzido na Revista do Clube Militar.
Contudo, tal texto, submetido a uma
apreciação minimamente cautelosa, revela-se verdadeira afronta aos militares e
civis que participaram do movimento popular que depôs João Goulart e que impediram,
em 1964 e nos anos que se sucederam, a tomada do governo pelos comunistas.
Tudo de bom foi posto a perder
Para concluir que “tudo de bom” foi
posto a perder “pela demora da devolução do poder aos civis” e “pela prática da
tortura na repressão”, o "velho camarada" utilizou-se de meias-verdades, de acusações
genéricas e infundadas a seus companheiros de caserna, além de endossar alguns
dos chavões e palavras-de-ordem que foram e, até hoje vêm sendo usados, para
denegrir a imagem dos militares perante a opinião pública, quais sejam: golpe
preventivo, hediondez das torturas, deformações dos que esqueceram a convenção
de Genebra, censura, devolução do poder aos civis, governos dos generais,
crueldades e atrocidades praticadas, encarregados de IPM e censores
inteiramente despreparados, sucessivos erros praticados no ciclo militar etc.
A tortura
A tortura, cuja “prática hedionda nos
governos militares” reconheceu o "velho camarada" (para regozijo
dos comunistas derrotados), na realidade, em termos significativos, nunca
existiu!
É possível que, nos primeiros momentos após suas capturas (normalmente
em tiroteios, de armas na mão), alguns terroristas altamente perigosos,
assassinos, assaltantes de banco e sequestradores, tenham sido tratados com
razoável grau de violência – não para confessarem atos que não cometeram, ou
para que mudassem sua ideologia, mas para informarem, com a urgência que se fazia
necessária, os locais de homizio de seus cúmplices assassinos, para revelarem o
esconderijo de armas e munições que seriam utilizadas em novos crimes e
atentados, bem como a estrutura de sustentação e apoio de suas células
terroristas.
Nada, porém, comparável à prática dos comunistas em situações
semelhantes, quando a execução sumária se constituía em ação natural consequente
da técnica de suas operações.
Não teriam sido, nem foram,
atrocidades, como quis caracterizar o " velho camarada" mas, ao contrário, apenas alguns tabefes bem aplicados, que teriam
possibilitado às forças legais antecipar-se a muitas das atrocidades que iriam ser cometidas por terroristas –
e talvez tenham contribuído significativamente para a vitória sobre a guerrilha
urbana e rural.
Falar genericamente em “deformações dos
que esqueceram a Convenção de Genebra, aprendida nas escolas militares”, foi
ofensa covarde e inadmissível àqueles que arriscaram suas vidas combatendo o
terrorismo.
Da mesma forma, ofender gratuitamente tropa de elite de uma
nação amiga, questiona o senso crítico do autor e, afastada a hipótese de
traição intencional aos companheiros de farda, constituiria indício de
sua senilidade.
Foi muito fácil falar genericamente e
deixar acusações pendentes sobre toda uma classe, principalmente quando tais
acusações, forjadas no desespero daqueles que buscavam justificativas para a
derrota sofrida, de longo tempo vêm sendo ecoadas diariamente por uma imprensa
tendenciosa e comprometida.
Foi fácil, repito, mas não digno de alguém da
estatura do "velho camarada".
Perda do apoio da imprensa
Dizer que “perdemos o apoio da imprensa
quando lhe foi imposta a censura” é manipular palavras para distorcer fatos, é
atribuir à imprensa uma imparcialidade ideológica que ela nunca teve, é, no
mínimo, candidez e, em última instância, pura demagogia.
Dizer que “liberdade é
para a imprensa o mesmo que o oxigênio é para a vida” é lugar-tão-comum, que
nem demagogos históricos o empregariam para cair nas boas graças da mídia.
A
censura a que se referiu o "velho camarada" constituía-se, unicamente, no trabalho de
impedir que simpatizantes esquerdistas, infiltrados na imprensa, favorecessem o
terrorismo e divulgassem o proselitismo dos insatisfeitos com a derrota
comunista.
Os “censores despreparados” eram
oficiais superiores das Forças Armadas, Delegados de Polícia, Bacharéis e
outros profissionais de nível superior. Foi a eles que se referiu o "velho camarada" como “incapazes de distinguir uma notícia de um recado para a
guerrilha”? Não acredito! Mas, então, a quem ?
A perda do apoio da Igreja
Quanto aos “encarregados de IPM inteiramente
despreparados”, porque “indiciaram padres e bispos como favoráveis à guerrilha,
quando só os frades dominicanos deveriam tê-lo sido, pois apenas eles tinham
codinomes, agindo na clandestinidade na luta armada”, isto constitui argumento
pífio que caracteriza inteiro despreparo, não dos encarregados de IPM (oficiais
que tiveram a mesma formação do "velho camarada") mas, data venia, do autor do
texto.
Cito Montaigne: “Todos estão sujeitos a dizer tolices; o mal está em as
enunciar com pretensão”.
Triste a figura do “profeta do
passado”, cujo time sempre foi engrossado por personalidades das quais você
jamais poderia esperar tal comportamento. Esgrimindo palavras, dando
ressonância a bordões e palavras-de-ordem da esquerdalha, buscaram, e buscam, eximir-se da
responsabilidade sobre fatos ocorridos sob circunstâncias especiais.
Ao invés
de exibirem e assumirem orgulhosamente seu passado de lutas pelo bem da Pátria,
desmerecem-se e denigrem a imagem de seus antigos companheiros.
Ao invés de
emprestarem suas inteligências ao trabalho de esclarecimento da sociedade, na
árdua luta de impedir seja a História reescrita pelos vencidos, vêm a eles
fornecer argumentos para sustentar suas mentiras.
De qualquer forma, welcome home, "velho camarada".
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