T C U fulmina a imagem de Dilma como boa gestora de recursos
O Tribunal de Contas da União enviou ao Congresso
um relatório que aniquila a decantada fama de boa gestora atribuída a Dilma
Rousseff. O texto analisa as contas do governo referentes a 2011, primeiro ano
da administração da sucessora de Lula. Aponta problemas gerenciais em vários
setores do governo.
Graças à debilidade gerencial, apenas 20% das ações prioritárias previstas na Lei de
Diretrizes Orçamentárias foram efetivamente executadas. O texto foi entregue ao
presidente do Senado e do Congresso, José Sarney. Redigiu-o o ministro José
Múcio Monteiro.
O mesmo José Múcio que, antes de ser alçado a uma
poltrona do TCU, serviu ao governo Lula como ministro-chefe da Secretaria de
Relações Institucionais da Presidência. Nessa época, Dilma respondia pela Casa
Civil.
No pedaço do relatório dedicado à análise da
qualidade dos gastos públicos, o TCU revelou um quadro preocupante. Identificou
deficiências de planejamento e de monitoramento das ações do
governo.
Realçou que o Orçamento da União traz na rubrica
de 'restos a pagar' somas muito altas. Uma evidência de que a execução de
projetos que deveriam ter sido implementados no ano passado foram postergados
para 2012.
Sugere-se no documento que o governo faça o
óbvio: municie-se de indicadores capazes de aferir com precisão a eficiência de
suas ações. Recorda-se no texto que foi criado em 2010 o SIC (Sistema de
Informação de Custos). O tribunal manifesta a esperança de que a coisa
funcione.
Detectaram-se problemas no ritmo de execução das
obras do PAC. Por exemplo: prevista inicialmente para 2014, a conclusão de
empreendimentos como a hidrelétrica de Belo Monte e o Trem-bala, foi empurrada
para 2019.
Num instante em que o PIB, roído pela crise
financeira internacional, clama por investimentos, o TCU constatou que os
atrasos no PAC não são isolados. Na transição do PAC 1 de Lula para o PAC 2 de
Dilma, reprogramaram-se os prazos. Nas obras do estratégico setor de
transportes, por exemplo, houve um adiamento médio de 437 dias por
ação.
Deve-se o fenômeno, na avaliação do TCU, à
incapacidade do governo de gerir obras de vulto. Os projetos básicos, usados
como referência nas licitações, são precários. Em consequência, as obras ficam
sujeitas a revisões que esticam o cronograma e elevam os
custos.
O documento do TCU apontou problemas gerenciais
também nas obras da Copa-2014 –"situações não condizentes com o planejamento e
os cronogramas traçados." Afora o risco de elevação do custo dos projetos,
menciona-se a possibilidade de alguns deles não serem concluídos a
tempo.
O relatório anota um dado alvissareiro: até maio
de 2012, a correção de erros detectados na execução das ações governamentais
produziu uma economia para o Tesouro de cerca de R$ 500 milhões. O diabo é que a
economia é atribuída ao esforço dos auditores do tribunal, não à prevenção do
governo.
O TCU menciona ainda problemas nas concessões do
setor elétrico. Mercê da falta de planejamento, ainda não foram definidas as
diretrizes que nortearão a renovação de contratos que expiram em 2015. Envolvem
37 das 63 distribuidoras de energia do país. Estão em jogo 18% de toda a geração
de energia elétrica do país e 84% da rede básica de
transmissão.
Não é só: aponta-se a ausência de consolidação
dos planos setoriais do setor de transportes. Encontram-se pendentes de
conclusão o Plano Aeroviário Nacional, o Plano Nacional de Logística Portuária e
o Plano Hidroviário Estratégico. Dessas iniciativas depende, no dizer do TCU, "o
equilíbrio da matriz de transporte de cargas."
Há mais: o ano de 2011 chegou ao fim sem que o
governo tivesse trazido à luz os planos de desenvolvimento das regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste. Coisas previstas na Constiuição. Na linguagem empolada
do relatório, a ausência de tais planos impede o governo de agir "de forma
organizada e pautada por diagnósticos e objetivos acurados, com a identificação
adequada das necessidades de cada área e das ações que possam contribuir para
atendê-las."
Há pior: pelas contas do TCU, a renúncia de
receita do governo cresceu em 2011 notáveis 30%. Foi à casa dos R$ 187,3
bilhões. Uma cifra que ultrapassa a soma dos gastos nas áreas de saúde, educação
e asssitência social.
Tudo isso sem que o governo disponha de
indicadores capazes de medir a eficiência da aplicação dos benefícios fiscais e
o impacto da renúncia no crescimento da economia.
O relatório sugere à Casa Civil, hoje chefiada
pela senadora licenciada Gleisi Hoffmann (PT-PR), que se preocupe com um detalhe
adicional sempre que enviar ao Congresso projetos ou medidas provisórias que
concedam novos benefícios tributários ou elevem os já existentes. Convém incluir
nas propostas, ensinou o TCU, metas e indicadores que permitam avaliar os
efeitos dos benefícios.
Tomado em seu conjunto, o documento do TCU
converte em lero-lero eleitoral aquela pregação segundo a qual Dilma irradiaria
para todo o governo a suposta genialidade gerencial que levou Lula a escolhê-la
como sua candidata na sucessão de 2010.
para a íntegra do relatório do TCU.
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