PORQUE ME
ENVERGONHO DO MEU PAÍS
Maria
Lucia Victor Barbosa
19/07/2012
Desde
que o PT foi entronizado no posto mais alto da República a nação foi se
acanalhando. A sucessão de escândalos anestesiou as mentes e poucos se indignam
com a imoralidade reinante nos Poderes Constituídos. Os sentimentos populares
foram amestrados pela propaganda incessante e o mito do pobre operário foi
suficiente para que a corrupção sempre havida alcançasse seu paroxismo sem que
nenhum protesto fosse ouvido. Não houve nem partidos, nem instituições, nem
grupos de pressão que agissem como oposição ao desgoverno populista, perdulário,
enganador.
Lula
foi reeleito. Verborrágico como um caudilho latino-americano, debochado como um
frequentador de boteco, praticante do autoelogio, ególatra ao extremo, ele
conquistou as massas pobres iludidas com bolsas da caridade pública. Atraiu o
apoio dos ricos que financiaram suas campanhas e, depois, se refestelaram nos
lucros que ele lhes proporcionou. A classe média, especialmente a composta por
professores e estudantes universitários, artistas, clérigos da Teologia da
Libertação, ou seja, os entusiastas das utopias que prometeram o céu e
transformaram a vida em inferno, viram no pelego sindicalista a ansiada
personificação do proletário que iria liderar a lutas de
classes.
Com
Lula lá empunhando seu cetro diante de companheiros e seguidores, o pior da
América Latina em termos de governantes se tornou expressivo. E o magnânimo
presidente, em detrimento dos interesses brasileiros, facilitou a vida de
déspotas travestidos de democratas como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales,
Rafael Correa e outros mais. Com tais compadres Lula compartilhou o ódio à
liberdade de imprensa, como é também o caso de Cristina Kirchner, sempre adulada
pelo petista.
Em
todo mundo a política externa lulista seguiu vergonhosamente apoiando os piores
tiranos que exercitam aberrante desrespeito aos direitos humanos como, por
exemplo, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
Acontece
que Lula da Silva sempre foi um homem de muita sorte, o que é confundido com
capacidade. Herdou a herança bendita do Plano Real, surfou durante seus dois
mandatos, até 2008, nas águas calmas da economia mundial e ainda logrou eleger
sua sucessora, Dilma Rousseff. Esta fiel seguidora do seu criador político imita
seus gestos, perpetua seu populismo, não dá um passo sem consultá-lo. Sobre ela
também um mito é tecido: é a gerente, a “faxineira”, a
economista.
Entretanto,
se Lula satisfazia a plateia contando piadas de mau gosto em péssimo português,
Rousseff, quando discursa, parece não conseguir ligar um parágrafo com outro se
levanta os olhos do papel. Sua linguagem é confusa. Seu pensamento obtuso. Mesmo
quando tenta agradar assume uma atitude colérica como se vivesse em perpétua
fúria.
Em
política externa ele segue, como em tudo mais, as ordens do mestre. Foi assim
que, por seu intermédio, em conluio com Cristina Kirchner e aquiescência de José
Mujica, o Brasil mais uma vez encenou procedimento vergonhoso, covarde,
arbitrário ao suspender o Paraguai do Mercosul por causa do impeachment de
Fernando Lugo, um ato legítimo, legal e soberano daquele país.
Esta,
sim, foi uma manobra desonesta levada a efeito para introduzir no Mercosul Hugo
Chávez, o despótico governante da Venezuela que tentou assumir o poder através
de um fracassado golpe. Posteriormente foi eleito, mas, alterando a Constituição
a seu-bel prazer tem se perpetuado no cargo desde 1999. Prepara-se agora para
nova eleição com pleno apoio e intromissão de Lula na política
venezuelana.
Enquanto
seguem as lutas do poder pelo poder, sinais preocupantes vão aparecendo na
esfera econômica, em que pese o falso otimismo da presidente e de seu ministro
da Fazenda, Guido Mantega. A produtividade da economia encolheu pelo segundo ano
consecutivo. A Petrobrás estagnou. Segundo O Estado de S. Paulo, “a produção
industrial recuou cinco anos e vai cair mais”. “De janeiro a junho o valor das
exportações foi de 1,7%, menor do que um ano antes, enquanto o das importações
foi 3,7% maior”. Aumenta a inadimplência e a inflação. O reflexo no desemprego
será inevitável e já começou acontecer. E o PIB, que agora não tem importância
para a presidente, pode ficar abaixo de 2%.
Culpa
dos ricos, da crise mundial, dirão Rousseff e Mantega para esconder o próprio
fiasco. Será só isso? Segundo o BIS, o Banco Central dos Bancos Centrais: “O
caminho escolhido nos últimos anos para promover o crescimento econômico –
crédito – se tornou insustentável e pode levar o Brasil ao
desastre”.
Por
essas e por outras me envergonho do meu país.
Maria
Lucia Victor Barbosa é socióloga.
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