TRAMOIAS PETISTAS ORIENTAM O ITAMARATI
Percival Puggina
IMAGEM INSERIDA PELO BLOG |
É
nisso que dá confiar coisas sérias ao comando de moleques. O que aconteceu nessa
vergonhosa reunião de Mendoza vai entrar para a história da diplomacia
brasileira como coroamento de um período em que o Itamarati esteve a serviço das
idiossincrasias ideológicas de um partido. Quanto descaramento!
Numa mesma
conferência do Mercosul, suspendeu-se o país-membro Paraguai (cujo senado vetava
o ingresso da Venezuela no bloco) e admitiu-se como país-membro a Venezuela. Sai
aquele como punição por haver afastado o camarada Lugo e acolhe-se este baluarte
da democracia continental que é o camarada Chávez. Doravante, teremos o Mercosul
acaudilhado, patrulhado por um Simón Bolívar de ópera bufa, inimigo figadal do
livre comércio. Todos sabemos: não é a Venezuela nem são os venezuelanos que
entram. Quem entra é Hugo Chávez.
Se
existe área de ação do governo onde o PT faz o que bem entende é nas nossas
relações internacionais. Não há gesto, declaração, evento, pacto que não reflita
a nostalgia dos tempos de política estudantil daqueles que hoje comandam o país.
Quando as coisas não vão tão mal, as estratégias parecem secundaristas; quando é
para nos rachar a cara de vergonha, o estilo piora e lembra conchavos e
bastidores de congresso da UNE.
O
Itamarati vem sendo dirigido como braço da Secretaria de Relações Internacionais
do PT, a serviço de seus alinhamentos automáticos. Colocamo-nos - é a nação que
vai junto - ao lado de qualquer Estado ou organização política que puxe para a
canhota e chute o balde de tudo que esteja do outro lado. Quando essas coisas
começaram, já vai para dez anos, pareciam arroubos de aprendizes entusiasmados.
Hoje, tais comportamentos institucionalizaram-se. Nossas relações internacionais
deixaram de ser questões de Estado para se tornarem assuntos do governo (o que
já seria grave) conduzidas pelos gostos e desgostos da sigla que dirigente.
Política internacional não é assunto para partido.
O que
afirmo nada tem a ver com meus sentimentos em relação ao petismo. Não se trata,
aqui, de simpatia ou antipatia. É a política externa brasileira que não pode
ficar sujeita às antipatias e simpatias da legenda governante, ora essa! Mesmo
no contexto da maçaroca institucional que fazemos ao fundir Estado e governo,
entregando-os a uma mesma pessoa, o aparelhamento partidário e a
instrumentalização ideológica do Itamarati nunca fizeram parte da nossa
tradição.
Agora,
constrangidos, vemos nosso país prestar-se para a patacoada de Mendoza, onde
voltamos a intervir em questão interna de uma nação do bloco; onde proclamamos
que a camaradagem com Lugo é mais sólida do que nossa amizade e parceria com o
povo paraguaio; e onde evidenciamos que a suspensão do Paraguai foi uma tramoia
a serviço não do Mercosul, mas do PT, da Unasul, do Foro de São Paulo e dos
delírios chavistas.
______________
* Percival Puggina (67) é arquiteto,
empresário, escritor, titular do site www.puggina.org,
articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor
de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da
utopia e Pombas e Gaviões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Antecipadamente agradeço seu comentário. Magal