FRACASSO ARTICULADO
25 de 
setembro de 2012
O 
Estado de S.Paulo
Vai se 
desfazendo rapidamente a imagem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva 
construiu de si mesmo no poder, e que parecia indestrutível. 
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| IMAGEM INSERIDA PELO BLOG | 
As dificuldades 
eleitorais que os candidatos por ele impostos ao seu partido enfrentam em várias 
capitais são uma demonstração de que, menos de dois anos depois de deixar o 
poder com índice inédito de popularidade, pouca valia tem seu apoio. A isso se 
soma a substituição gradual, por sua sucessora Dilma Rousseff - também produto 
de sua escolha pessoal -, de práticas e políticas que marcaram seu governo. 
Concretamente, o fracasso da gestão Lula está explícito no abandono, paralisia, 
atraso e dificuldades de execução de seus principais planos, anunciados como a 
marca de seu governo. Eles vão, de fato, moldando a marca de seu governo - a do 
fracasso.
Trata-se 
- como mostrou reportagem do jornal Valor (24/9) - de um fracasso exemplar, 
articulado, minucioso, que quase nada deixa de positivo dos grandes projetos de 
Lula na região em que nasceu e onde ele e sua sucessora obtiveram suas mais 
estrondosas vitórias eleitorais - o Nordeste. As deficiências desses projetos 
eram conhecidas. O que a reportagem acrescenta é que, frutos do apetite 
político-eleitoral do ex-presidente e da sistemática incompetência gerencial de 
seu governo, essas deficiências são comuns aos vários projetos.
Ferrovias, 
rodovias, obras de infraestrutura em geral, transposição do Rio São Francisco, 
refinarias, tudo foi anunciado com grande estardalhaço, com resultados 
eleitorais espetaculares para o governo, mas com pouco, quase nenhum proveito 
para o País até agora. Como se fossem partes de uma ação cuidadosamente 
planejada, essas obras têm atraso médio semelhante, enfrentam problemas 
parecidos e, todas, geram custos adicionais astronômicos para os 
contribuintes.
Os 
grandes empreendimentos do governo Lula para o Nordeste somam investimentos de 
mais de R$ 110 bilhões. Excluídos os projetos cuja complexidade impede a fixação 
de novo prazo de conclusão, eles têm atraso médio de três anos e meio. Isso 
equivale a sete oitavos de um mandato presidencial. Obras que Lula prometeu 
inaugurar talvez não sejam concluídas nem na gestão Dilma. 
Veja-se o caso das 
refinarias anunciadas para a região, a Premium I (no Maranhão) e a Premium II 
(no Ceará), que devem custar quase R$ 60 bilhões. A do Maranhão, cujas obras 
foram "oficialmente" iniciadas em janeiro de 2010, deveria estar pronta em 2013, 
mas agora está classificada como "em avaliação" pela Petrobrás, ou seja, já não 
é nem mesmo certo que ela será construída. A do Ceará, lançada em dezembro de 
2010, deveria estar pronta em 2014, mas foi adiada.
A 
refinaria que está em obras, a de Abreu e Lima, em Pernambuco, transformou-se 
num poço de problemas e atrasos. Resultado de um acordo que Lula fez com o 
venezuelano Hugo Chávez, a refinaria deveria ser construída em parceria pela 
Petrobrás e a estatal venezuelana PDVSA, mas esta, até o momento, não aplicou 
nenhum centavo. O custo previsto atualmente para a obra equivale a cinco vezes o 
orçamento original.
Na área 
de infraestrutura, estão atrasadas as duas ferrovias em construção no Nordeste, 
a Nova Transnordestina, com 1.728 quilômetros, e a Oeste-Leste, que se estende 
de Ilhéus, no litoral da Bahia, até Figueirópolis, no Tocantins. A primeira, que 
teve substituída a empreiteira, tem um trecho paralisado no Ceará e enfrentou 
problemas com o atraso na liberação de recursos, mas seu andamento, assim mesmo, 
é considerado "adequado" nos balanços periódicos do Programa de Aceleração do 
Crescimento (PAC), do qual faz parte. Pode-se imaginar a situação da segunda, 
considerada "preocupante" pelos gestores do PAC.
A 
transposição do São Francisco, cujos problemas têm sido apontados com frequência 
pelo Estado, faz parte desse conjunto. O que ele exibe é uma sucessão de 
projetos incompletos, contratos mal elaborados, descuido da questão ambiental, 
fiscalização inadequada. O resultado não poderia ser diferente: atrasos, 
paralisação de obras por órgãos ambientais, aumento de custos. 
É parte da 
herança deixada pelo governo Lula.
 
 
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