Vitor VIEIRATERÇA-FEIRA, 27 DE NOVEMBRO DE 2012
AS ÚLTIMAS SOBRE A PETRALHADA (*)
Em bilhete apreendido pela Polícia Federal, Cachoeira escreve que José Dirceu é “consultor da Delta” e pergunta por que petista não está preso
Em um bilhete apreendido pela Polícia Federal, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, se compara a José Dirceu e diz que fez o mesmo que o ex-ministro. O papel estava na casa da mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça. Nele, Cachoeira chama José Dirceu de “consultor” da empreiteira Delta e questiona por qual motivo o ex-ministro não está preso.
O documento foi apreendido em julho, quando, a pedido do Ministério Público Federal, a Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão na casa de Andressa. “Se eu sou um consultor da Delta e estou preso, e o Zé Dirceu que é um consultor da Delta? Qual a diferença entre nós?”, diz o texto.
A Polícia Federal não investigou nenhuma relação de José Dirceu com a Delta. Naquele momento, o ex-ministro ainda não havia sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal, no processo do mensalão. O papel chamou a atenção de investigadores e pessoas com acesso aos processos envolvendo Cachoeira. Apesar de não haver relevância criminal para servir como prova, o bilhete foi visto como um recado ao PT. O advogado de José Dirceu, Jose Luis de Oliveira, disse que o bilhete é “irrelevante”.
O advogado de Carlos Cachoeira, Nabor Bulhões, disse não ter conhecimento da existência do papel. Durante a Operação Monte Carlo, deflagrada em 29 de fevereiro, a Polícia Federal investigou as relações entre Cachoeira e a Delta, especialmente no Centro-Oeste. A Polícia Federal chegou a apontar Cachoeira como sócio oculto da Delta. Laudos da polícia indicaram que verbas da empreiteira abasteceram empresas de fachada ligadas a Cachoeira.
“Mulher de Lula”, que gostava de ser chamada de “madame”, manda dizer que não vai “cair sozinha”
Integrantes do PT entraram em ação nas últimas 48 horas para tentar acalmar a ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo Rosemary Nóvoa de Noronha, que está desarvorada com a perda do cargo e com o indiciamento por parte da Polícia Federal por suspeita de envolvimento com uma quadrilha que traficava pareceres técnicos.
Rosemary teve seus telefones grampeados e a memória de seus computadores está sendo vasculhada pela Polícia Federal. Por isso, de acordo com informações de petistas, uma operação “acalma Rose” foi deflagrada para dar suporte a ela. Segundo eles, Rosemary é conhecida por sua instabilidade emocional. Ela chora a todo instante. Em alguns momentos, chega a fazer ameaças – conforme os relatos – dizendo que não vai perder tudo sozinha e que não verá sua vida ser destruída sem fazer nada. “Não vou cair sozinha”, avisou.
A ex-chefe do escritório paulista, que sempre se sentiu à vontade para ligar para a cúpula petista e ministros, recorreu ao ex-ministro José Dirceu ao perceber a presença da Polícia Federal em sua porta. Ela trabalhou com ele por 12 anos. O ex-ministro, que no momento pretende percorrer o País para dizer que a decisão do Supremo Tribunal Federal de lhe aplicar uma pena de 10 anos e 10 meses é política, respondeu que não poderia fazer nada. Rosemary tentou ainda falar com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que não lhe atendeu. Como seu padrinho, o ex-presidente Lula, estava voando da Índia para o Brasil, foi atrás do ministro-chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, que do mesmo modo nada pôde fazer, a não ser tentar acalmá-la.
Rosemary já estava sentindo seu poder esvaziado desde a saída de Lula do governo. Com a posse de Dilma Rousseff, perdeu parte da liberdade de agir no escritório em São Paulo e de dar ordens à comitiva presidencial. Auxiliares da presidente passaram a deixá-la em segundo plano, assim como os assessores do vice-presidente Michel Temer, que usa muito o escritório de São Paulo. A temida “madame”, como gostava de ser chamada, já não despertava mais temor entre subordinados, que nunca recebiam dela um polido tratamento, porque não tinha influência sobre a equipe de Dilma. Mas isso não impedia que continuasse a usar o nome de Lula, de quem sempre foi muito próxima, para fazer do escritório uma espécie de balcão de varejo.
Valdemar Costa Neto é ligado ao chefe da quadrilha presa pela Polícia Federal
Os documentos da Operação Porto Seguro da Polícia Federal revelam que o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), que acaba de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal no escândalo do Mensalão do PT, tinha estreitas ligações com Paulo Rodrigues Vieira, apontado pela Polícia Federal como o chefe da quadrilha presa na sexta-feira sob acusação de montar um esquema de corrupção em agências reguladoras e órgãos federais.
A Polícia Federal identificou 1.179 ligações telefônicas feitas a partir do restaurante japonês de Paulo Vieira para o deputado Valdemar Costa Neto e integrantes de seu partido, o PR. Em um dos telefonemas, de 28 de maio deste ano, Paulo Vieira, que era diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e foi afastado no sábado pela presidente Dilma Rousseff, pede ao deputado a indicação de um vereador de Santos, cidade do litoral paulista, para a assinatura de uma representação junto ao Tribunal de Contas da União.
(*) Título condensatório inserido pelo Blog
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