ENTERRO DOS OSSOS
Leandro Mazzini
Esplanada - Política e Poder
Jornal de Brasília – 19/01/13
Matéria editada pelo site www.averdadesufocada.com
Paulo Fonteles Filho, filho de Paulo
Fonteles, que foi preso durante o
regime militar e foi
assassinado
em 1987, em
conflito agrário.
|
A Comissão da Verdade e a Comissão de Mortos e
Desaparecidos da Secretaria de Direitos Humanos estão consternadas com as ossadas de duas crianças entre as
de ex-guerrilheiros e sob a tutela do Governo em Brasília.
Miram uma ex-guerrilheira e o filho de um ex-militante. Para as
autoridades, a comunista Criméia Almeida incluiu as duas ossadas na
expedição de 2001 a Xambioá, no Araguaia (TO). Na mesma expedição
Paulo Fonteles Filho pegou numa igreja ossos de um adolescente e os levou
numa mala.
Sigilo quebrado - Agora, o governo – que tentou manter segredo – prepara
a devolução das ossadas com dois problemas: não sabe quem são, nem como
enterrar.
Cláudio Fonteles - Só falta a CNV querer descobrir quem era o "outro general"! |
Investigação - A Secretaria de Direitos Humanos vai pedir à AGU e à
Justiça Federal autorização para traslado dos ossos e enterro em Xambioá.
Mas o mistério da identidade continua.
Defunto errado - Fonteles é alvo do PCdoB, que bancou sua campanha para
vereador em Belém. É que “seu morto” era um jovem falecido em 1990.
Procurado por telefone, não retornou.
A sós - Sem coincidência: A presidente Dilma recebeu há dias o
presidente da Comissão da Verdade, Claudio Fonteles. A reunião continua um
mistério.
Mesmo Drama - Criméia foi presa grávida de sete meses em São Paulo.
Ao saber, a esposa do general Antonio Bandeira, conhecido nome da
repressão, a protegeu. Eles a livraram da prisão, deram assistência até
ela ter o filho e os entregaram em BH. O rebento era filho de um
outro general. Através da SDH a coluna
tentou contato com ela, sem sucesso.
Nota da editoria
do www.averdadesufocada.com
O "pai do rebento" a quem o sr Leandro Mazzini
se refere , como o "outro general" - era, na realidade, André
Grabois , filho do chefão da Guerrilha - Maurício Grabois - o
comandante militar dos guerrilheiros no Araguaia.
Mas vamos à história:
Criméia Alice Schimidt, sua irmã Maria Amélia de
Almeida Teles e seu cunhado César Augusto Teles, foram presos em São
Paulo, no final de dezembro de 1972, na gráfica do PCdo B. Maria Amélia
era a responsável pela gráfica.
Esta é Criméia, no Hospital Militar de Brasília. Veja se essa moça tem aspecto de quem foi horrivelmente torturada e se o bebê está subnutrido. |
Criméia fora retirada da área de guerrilha, no
Araguaia, porque estava grávida de André Grabois, que permaneceu na
área de guerrilha.
Por suas implicações na Área de Guerrilha, Criméia foi
transferida para Brasília. Ao chegar em Brasília, ficou somente um dia
presa no DOI, porque D. Léa Bandeira, esposa do General Antonio Bandeira,
comandante militar da Brigada, em Brasília, pediu ao seu marido que retirasse
a moça grávida do DOI/Brasília.
O general atendeu ao pedido de sua esposa e
Criméia foi internada no Hospital Militar de Brasília, onde teve seu
filho. Ao nascer, o Exército comprou no comércio da capital
federal, todo o enxoval da criança. O bebê foi batizado pelo capelão
militar, tendo como padrinhos parentes de Criméia. Mais tarde foram levados, em um automóvel do
Exército, para Belo Horizonte, onde seus parentes residiam.
Apesar de todo este tratamento que lhe foi dispensado,
Criméia disse no programa Domingo Espetacular, de Paulo Henrique Amorim ,
da TV Record, que no dia que seu filho nasceu ela estava presa, jogada
numa cela do DOI, e que quando a bolsa arrebentou as baratas subiam pelas
suas pernas e que, depois do nascimento, era proibida de amamentar a
criança, que ficou desnutrida.
Afirmou também, na mesma entrevista, que fora
horrivelmente torturada não só em Brasilia, como em São Paulo. Aliás,
Criméia endossou as acusações de maus tratos no processo em que ela, sua
irmã e seu cunhado movem contra Cel Carlos Alberto Brilhante Ustra,
comandante do DOI em São Paulo na época de sua prisão.
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