PROFECIA DE VIDENTE
Porto Alegre, 03 de março de 2013Carlos Augusto Fernandes dos Santos - General Ref
Há
cinquenta anos, uma afirmação era repetida por um colega , sempre que
nos reuníamos em costumeiras conversas, para discutir os crônicos e
insolúveis problemas brasileiros que afligiam os mais conscientes . Era
um tempo em que os arroubos de jovens tenentes impulsionados por
elevado senso de patriotismo e idealismo emolduravam o imaginário da
juventude militar. Depois de intensas discussões, com ironia e uma ponta
de sarcasmo, descrença e desilusão, ele sempre repetia a mesma
arenga: “Se melhorar, vai piorar....”.
Meditando,
hoje, sobre aquela frase contraditória e fazendo um inventário dos
avanços ocorridos em nosso país em mais de meio século, somos obrigados a
reconhecer que ele efetivamente cresceu e desenvolveu-se e, em
múltiplos aspectos, melhorou; entretanto, essas conquistas poderiam
ter sido obtidas sem que a sociedade brasileira tivesse que ter pago tão
elevado custo, consequência, em muitos períodos, da falácia, do engodo
e da irresponsabilidade de governos populistas.
Um
analista atento não terá dificuldade em concluir que historicamente
crescemos e nos desenvolvemos de maneira espasmódica e de forma
desordenada, sempre ao sabor das circunstâncias. Os surtos de
desenvolvimento retratam um traço prevalente de nossa cultura política,
mostrando que , via de regra, as melhorias foram e são acompanhadas
por altos índices de improvisação e desperdício, potencializados por
lastimáveis taxas de corrupção.

O
dinheiro público e as verbas obtidas com o sacrifício dos brasileiros,
obrigados a pagar impostos escorchantes, são empregados em obras
superfaturadas onde se privilegia, em inúmeros casos, o secundário em
detrimento do principal. Basta citar, como exemplos, o montante que vem
sendo despendido de dinheiro público para a construção de determinados
Estádios de Futebol que, terminada a Copa do Mundo, ficarão
praticamente vazios.
Uma
rápida fotografia dos principais setores da vida nacional, confirma as
mencionadas assertivas, nos dando motivos suficientes para concordar com
o vaticínio pessimista de nosso colega. Senão vejamos:
Na área da EDUCAÇÃO,
um maior contingente de compatriotas frequenta hoje a escola ,
benefício que no passado era privilégio de poucos brasileiros. Em
contrapartida, o nível de conhecimento geral dos professores e o
prestígio da profissão , teve acentuada queda, agravada pelo pagamento
de proventos constrangedores que tem afastado os mais capazes dessa
nobre servidão. Para
piorar a situação, o injusto sistema de cotas, adotado por lei
aprovada recentemente, trás no bojo o vício de permitir que jovens menos
qualificados acessem a Universidade, em detrimento de outros que, no
mesmo concurso universal, obtiveram maior mérito intelectual. Com o
objetivo de reparar histórica iniquidade, comete-se irreparável
injustiça.
No setor da SAÚDE,
apesar dos esforços dos programas de vacinação em massa, da
erradicação de doenças endêmicas e epidêmicas e de um maior acesso de
pessoas atendidas pelo Serviço Único de Saúde ( SUS), a qualidade
deixa muito a desejar, mostrando diariamente as chagas de um sistema
deficiente, sobrecarregado e anacrônico, que obriga os mais carentes a
disputarem e aguardarem consultas e cirurgias por longos períodos de
tempo. Um retrato deprimente do descaso com que tratamos nossos
compatriotas.
No terreno dos TRANSPORTES
, apesar das inúmeras obras de infraestrutura nas três esferas
executivas do poder , a circulação de mercadorias e de pessoas e o
transporte da riqueza nacional mostram uma espantosa e constrangedora
realidade: portos ineficientes que encarecem os produtos exportados e
importados; aeroportos congestionados e ineficazes que causam
desconforto aos usuários e que comprometem a imagem do país junto à
comunidade internacional; estradas de rodagem mal conservadas, resultado de uma manutenção deficiente que agrava os custos
operacionais e o preço dos produtos finais; um sistema ferroviário
inexpressivo, com reduzida e desatualizada malha ferroviária,
desproporcional à vasta extensão territorial do país e um sistema de
navegação interior risível, apesar do país possuir uma das maiores
bacias hidrográficas do mundo. Enfim, uma matriz viária que retrata o
descompasso do nosso crescimento desordenado e o descaso de sucessivos e
ineficientes governos. Agravam essa lastimável situação os índices de mobilidade urbana nas principais capitais dos Estados federados, submetidas diariamente a longos engarrafamentos, provocados por uma crescente frota de veículos particulares. As medidas adotadas para a melhoria do transporte coletivo mostram-se incapazes de minorar esse angustiante problema,resultando, como consequência, desperdício de tempo e de dinheiro.

Na área da SEGURANÇA, índices assustadores de violência, esponencializados pelo fantasma
das drogas , revelando a falência do planejamento governamental no
trato dessa área vital para o desenvolvimento da nação. Sabemos que
nunca houve em nosso país, uma permanente e eficaz mentalidade de
segurança pública, tema que só agora começa a ser tratado com a
seriedade necessária.
Mas é na atividade POLÍTICA
que reside a nossa maior degradação. Essa importante tarefa vem sendo
exercida , cada vez mais, por indivíduos espertos e despreparados
(respeitadas as exceções), que tornaram essa atividade um grande
negócio: a maioria oriunda do meio sindical ou das hostes da esquerda
radical marxista que, durante o período dos governos militares,
apoiaram e ostensivamente participaram da luta armada, alegando, hoje,
que assim procediam para restabelecer a “democracia” no país: uma hipocrisia sem nome.
Depois
que empolgaram o poder, na busca pela governabilidade os governos
chefiados por LULA e DILMA cooptaram partidos e políticos adeptos do
fisiologismo que aviltaram-se, abrindo mão de seus programas e de
princípios éticos, subordinando os mais nobres interesses da nação aos
conchavos que lhes garantem a repartição tranquila da máquina
governamental.
Ainda
agora, faltando praticamente a metade de seu mandato, açodadamente a
Presidente concorda em participar de eventos políticos, à tiracolo do
ex-presidente, com a clara intenção de preparar os caminhos para sua
reeleição e a manutenção do poder.
Lastreados
em benefícios fornecidos por programas sociais que acenam inúmeras
benesses de resultados discutíveis, mas de dividendos eleitoreiros
evidentes, vendem facilidades como se estivéssemos em uma grande feira: um mercado de falsas ilusões.
Lastimável
é constatar que não existe uma oposição capaz de enfrentar essas
práticas nefastas e de denunciar a perversa inconveniência do Instituto da Reeleição,
em um país em que os representantes do povo desprezam as regras básicas
da convivência política civilizada. Caminhamos celeremente para a
“mexicanização" da política brasileira com a adoção do Partido Único.
Sem dúvida, para parcela significativa de brasileiros a vida perdeu qualidade e “piorou”, apesar dos evidentes avanços (tecnológicos) ocorridos nas áreas mencionadas.
Nosso
colega estava absolutamente certo quando, há cinquenta anos, vaticinava
essa diabólica e incômoda realidade. Como vemos, profecia de vidente.
Imagens inseridas pelo Blog
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Antecipadamente agradeço seu comentário. Magal