ALOCUÇÃO DE UM CEL DO EXÉRCITO, ALUSIVA AO 31 DE MARÇO
Ao
repassar esta mensagem, concordando com as palavras do orador, faço minhas as palavras do Ten Cel Ref Osmar José de Barros Ribeiro:
"Quero
lembrar que na noite de 31 de março de 64, em muitas Unidades do EB, havia quem
desejasse obedecer às "autoridades constituídas". No entanto, nelas,
pela graça de Deus, a esmagadora maioria de Oficiais e Sargentos
decidiu-se pela rebelião. À época, eu era Cap Cmt Cia e sei bem do que
estou falando. Mais cedo ou mais tarde, por menos desejável que isso
seja, chegará a Hora da Verdade. E o joio será separado do trigo, por
mais difícil que seja tal tarefa. Que saibamos fazer a escolha certa."
Osmar José de Barros Ribeiro - Ten-Cel Inf e EM (Reformado)
Parabéns, Coronel Paiva.
Esta alocução deveria ser proferida em todos os quartéis e no auditório do Ministério da Defesa. Assemelha-se a um desabafo saído do peito de todos os veteranos de 64. Um grito de alerta às gerações que nos substituiram e que não estão sendo fiéis ao compromisso que assumiram com a Pátria.
Manifestação popular favorável ao movimento militar de 31 de março de 64 |
31 DE MARÇO, esquecer também é trair
Senhores
coronéis, irmãos-em-armas, cidadão civil presente, cheio de razão, para se
irmanar conosco neste aniversário da Revolução de 31 de Março, na
medida em que o movimento, muito mais que a nós militares, se deve à
mobilização de todo um povo rebelado contra a comunização da Pátria.
Antes
de iniciar a alocução que me propus a fazer, instado pelo
nosso Coronel Guido, solicitaria que ficássemos de pé para fazermos um
minuto de silêncio, homenageando os cento e vinte mortos pelos
comuno-terroristas no combate à luta armada. Esse preito modesto, mas de
coração, que o façamos extensivo às duzentos e quarenta e
uma vítimas do dantesco sinistro ocorrido recentemente em nossa Santa
Maria.
Companheiros. Ainda no dia 23 de março, recebi uma mensagem do General Marco Felício com o seguinte informe: “Paiva,
houve uma sugestão no sentido de esvaziar a data (31 de março), o que
já vem ocorrendo não é de hoje. A proibição, portanto, parte do comando
local, isto é, do próprio Exército [...]”.
Senhores, aonde fomos
parar! Não podemos festejar a data nos quartéis, onde servimos e nos rebelamos contra o golpe de esquerda, em andamento naquele ano de 1964.
Um golpe que era urdido de forma solerte e rasteira contra as nossas
mais caras crenças e tradições.
Hoje
não vou deixar por menos. Preciso, quero e vou transmitir angústia.
Devo extravasar a tristeza que explode no coração dos velhos soldados.
Tenho que bradar por aqueles que já nasceram soldados, assim viveram e
assim vão morrer.
Hoje, quero ser o porta-voz da frustração dos
marinheiros e dos aviadores, daqueles que enfrentaram, conosco, de armas
na mão, a guerra suja dos anos 60/70, posto que são todos, assim como
nós, simples e crédulos guerreiros da Pátria.
Hoje quero pedir ao
cidadão, à mídia, que nos olhem como acreditamos ser, pelo que juramos,
pelo que nos emula, pela valentia e força de vontade no cumprimento das
missões, que somente nós temos a capacidade de cumprir.
Hoje, tenho que
render o preito “àqueles militares”, mais precisamente aos que preteriam
governos, funções e benesses de cargos, alçando sempre o BRASIL ACIMA
DE TUDO!
Camaradas. Como se pode preterir a Pátria Brasileira, aquiescendo com
subserviência a congressistas descomprometidos e aceitando as
humilhações de um governo revanchista? Quando a grande maioria dos políticos
chafurda na corrupção, quando os governantes têm um projeto de tomada e
permanência no poder, indefinido no tempo e no espaço, perseguido de
forma absolutamente implacável e norteado pelo chamado método
“gramcista”, uma estratégia insidiosa que visa nos submeter ao império
da “foice e do martelo” através de manobras subliminares?
Atualmente,
os veteranos da luta contra os traidores da pátria só contam mesmo com o
apoio e com a solidariedade da reserva. Os “vigilantes das campanas”, os
“estoura aparelhos”, os agentes da, hoje, esquecida e injustiçada
“comunidade de informações” estão indefesos, desarmados, incapazes e
entregues à sanha do “escracho” covarde.
Por cumprirem ordens, aqueles
que garantiram o porvir de uma descendência, que não é só deles, mas de
todo um povo, estes companheiros em verdade estão a vivenciar o
sentimento de que o Brasil os esqueceu e não se importa se vão morrer
enxovalhados, absolutamente inferiorizados - enquanto pelegos comunistas,
de reconhecida ferocidade nas ações terroristas que protagonizaram, são
alçados como “heróis” e regalados com polpudas “compensações” pelo
Estado.
É
de se perguntar: e os comandantes, aqueles herdeiros do destemido
Almirante Tamandaré? E os chefes, aqueles guerreiros anônimos e
decididos que balizavam suas posturas no caráter imaculado do Duque de
Caxias? E os líderes audazes, aqueles falcões agressivos que herdaram o
passado de glórias do “SENTA A PUA” nos céus da Itália.
Onde estão
estes profissionais das armas, que deveriam zelar pelo juramento do
General Walter Pires Carvalho de Albuquerque: “não deixar para trás o
irmão em armas” ?
Este
dogma ainda é levado a sério no seio das Forças Armadas? Pergunto aos
velhos soldados: - “O que foi feito da nossa camaradagem?” Enfatizo:
-”Por que não estamos festejando a Revolução de 31 de Março em uma
unidade do EB?”
A
nação, em expectativa, está assistindo; o Exército não marcha convicto; a
FAB não decola com segurança; a Marinha não levanta ferros confiante; as
Forças Armadas vivem sendo humilhadas.
Justiça seja feita, somente a
reserva se manifesta indignada com o BIG BROTHER que se armou para se
chapar os militares. Até mesmo um capitão reformado, do “QAO”, já
aloprou e pôs para fora as verdades que, sabemos, estão engasgadas nas
gargantas de muitos oficiais da ativa. Em Brasília, há quem diga
(milicos de sapato alto) que o companheiro ficou maluco. Se falam dele
assim, eu imagino como devem desdizer o desassombro de um General Marco
Felício, do General Rocha Paiva, de um Coronel Soriano, enfim, destes
muito raros que lograram algum espaço na imprensa. Com justiça, o
Capitão do QAO Reformado José Geraldo Pimentel, quando deixa extravasar
sua “maluquês”, é merecedor de respeito.
Na
verdade, a maioria esmagadora da nossa oficialidade ainda guarda na
memória com saudades a imagem de um Brasil que não admitia limitações de
soberania e do Exército que colocava a Pátria Brasileira, quando em
situação de crise/sítio, acima de tudo.
Que não se duvide, acreditem,
atualmente estamos mergulhados de ponta cabeça em situação de
crise/sítio. São ministros subordinados aos ditames do "Foro de São
Paulo", fazendo sangrar as cicatrizes da pátria mãe gentil, sacrificada
na luta fratricida dos anos 60/70; são chanceleres e magistrados,
contribuindo para a desintegração do território nacional; e foram os
chefes de estado que assinaram tratados lesivos à soberania e segurança
da nação.
Meus
amigos, é lamentável!
O segmento militar da sociedade vive hoje em
transe constante. Como se admitir que nenhuma Força Armada vá amparar os
chefes de família, as suas mulheres que passaram noites mal dormidas
com os maridos em combate às organizações subversivas? Imaginem o
“stress” dos telefonemas na calada da noite? Esposas, filhos chorando em
casa, alarmados por comandos que lhes reclamavam os pais para
"campanas", estouros de “aparelhos”, uma caça sem quartel aos
assaltantes de bancos, sequestradores, bandoleiros ferozes, fanatizados
por códigos que lhes disciplinavam, inclusive, com quem deveriam se
relacionar intimamente, tudo isto em completo desalinho com os ditames
da ética e da moral.
A oficialidade precisa se ligar! Um vácuo de liderança em nossas fileiras pode ser fatal!
Quem
é “milico” sabe muito bem do que se está falando. Quem sabe faz a
hora, não espera acontecer! E ainda existe o próprio “inimigo verde-oliva”,
aquele que não gosta quando profissionais da velha guarda se reportam ao
“no meu tempo”, às militâncias dos idos passados e ao arraigado binômio
"espírito de corpo/espírito militar", que pairava pelos cantões de
nossos aquartelamentos e, que se diga, está em franco crepúsculo, se já
não acabou.
Para esse devo mandar um recado: não é o material mais
moderno, não são os métodos de instrução refinados, os programas
revolucionários da didática contemporânea, que forjam o combatente de
escol. Nada, absolutamente nada, substitui o instrutor, o comandante, o
líder que olha no fundo do olho do soldado e lhe repassa as tradições e
as nobres virtudes militares que devemos cultuar e preservar.
A
verdade dói, mas tem que ser dita, e vou dizê-la! No instante em que o
Exército passou a não garantir os que, de armas na mão, impediram a
“satelização” do País por uma potência alienígena, como havia prometido o
General Walter Pires, a Instituição sangrou sua mística de
credibilidade!
Chegaram
ao cúmulo da desfaçatez de desdizê-lo. Quem não se lembra, em alto e
bom som já foi dito: -“O Exército não vai fazer nada!”. Isto é inominável!
A
esta altura dos acontecimentos, meus velhos soldados velhos, só mesmo
invocando o Duque de Caxias junto com o Marquês do Herval! Percebam
companheiros, a partir daí: a FORTALEZA, que era o Exército, escancarou
os portões e nossos algozes vermelhos hastearam o estandarte da Força
Terrestre de cabeça para baixo.
Eis
que um tal de engolir desaforos, reprimendas, puxões de orelhas, uma
verdadeira síndrome de subordinação ao “politicamente correto”, tudo
passou a ser escudado pela justificativa dos regulamentos. Esta finta,
para alguns, veste como luva para lograr manutenção de cargos, comissões
e mordomias decorrentes! A lealdade á Pátria, o respeito pela
Instituição e a admiração pelos subordinados que se explodam!
Ah!
Mas aí seria ferir a disciplina! Ledo engano! Ninguém a fere quando,
polida e briosamente, se choca os calcanhares e se solicita a exoneração
da função por um chamamento à ordem descabido.
Alguém
poderá dizer: - “Mas algumas autoridades militares chegaram a esboçar
algum, que fosse, protesto de brio! Encouraçados, dá para contar nos
dedos! Mas foi tudo munição de festim. Hoje, assim como viúvas de Che
Guevara, os porta-vozes de um revanchismo pelego nos insultam sem peias e
já falam em arrastar pelo braço o nosso irmão em armas que se negar a
depor nesta “COMISSÃO DA MENTIRA”.
Feridas
sangrando, grupos em cizânia exacerbada, País ameaçado, Forças Armadas
vergadas, desintegração territorial e social.
[...]
A dúvida que nos destrói, que nos
machuca, todavia permanece: onde nós falhamos, se hoje a disciplina para
com os governantes pretere o respeito pela Instituição e a lealdade que
se deve para com a Pátria ?
[...]
Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Inf e EM (Ref)
"Estaremos
sempre solidários com aqueles que, na hora da agressão e da
adversidade, cumpriram o duro dever de se opor a agitadores e
terroristas de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à
anarquia".
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