24 de mai. de 2011

11 Set 2001
Para nunca mais esquecer

A HISTÓRIA IMITA A ARTE

O poder das palavras

Se você também tem esse problema, consulte o Dr. Paloffi


Cuidado, leitor! Abaixo, você lerá o testemunho de um assassino frio, convicto, metódico e apaixonado pela morte. Depois, você poderá até assistir a seu testemunho. E isso é só o começo...
Queridos, um daqueles textos longos. Mas façam um esforço. Ele nos diz muito do passado. Mas também do presente. Leiam este relato de um assassino contando como se comportou a sua vítima.
“Eu, atrás [do banco do carro] com um fuzil Mauser 762, que é um fuzil muito bom para execução, de muita precisão. E quando ele [a vítima] chega na esquina da alameda Casa Branca, ele tinha de parar porque tinha uns dois carro (sic) na frente (…). Ele teve que parar. Quando ele parou, eu tava no banco de trás do carro e falei ‘Vou dar um tiro nele’. Peguei o fuzil, o companheiro que tava na frente, no Fusca, baixou a cabeça e já dei um primeiro tiro de fuzil. Não acertei de cheio porque eu sou destro; eu atiro nessa posição [ele mostra a maneira; notem o verbo no presente], como eu tava atrás, no Fusca, eu tive que inverter e atirei assim, então pegou aqui, de cabeça, no occipital dele, mas já começou a sangrar. Ele abre a porta do carro e sai do carro. Nós saímos. Só o motorista que não sai porque o motorista tem que ficar ali, assegurando a fuga. Saímos eu e outro companheiro. Ele sai com a metralhadora, eu saio com o fuzil. Ele [a vítima] saiu correndo em direção à feira, o companheiro metralhando ele, e eu acertando com dois, três, quatro [tiros], acertei três tiros nas costas dele, e o companheiro, com a metralhadora, acertou vários. Aí, de repente, ele caiu; quando ele caiu, eu me aproximei, e, com a última bala, a gente (sic) sempre dá o último tiro de misericórdia, que é para saber que a ação realmente foi cumprida até o fim.
O que é isso? Algumas considerações prévias. Depois volto ao testemunho do herói que fala acima.
Exibi ontem um vídeo em que o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), a Natalie Lamour do Congresso — que salta de um reality show para subestrelado —, afirma que o povo é ignorante demais para opinar sobre certos temas, especialmente quando sua opinião não coincide com a de Wyllys. Não obstante, o ex-BBB, que chegou à Câmara com uma merreca de votos, tendo Chico Alencar (PSOL-RJ) como o seu Tiririca, está sendo saudado aqui e ali como um verdadeiro pensador progressista. A palavra “povão” num texto de FHC, retirada do contexto e distorcida pelo mau-caratismo, gerou uma onda de protestos. Já a afirmação do deputado faz dele um pensador de respeito. Afinal, ele abraça uma causa considerada “do bem”. Em nome do “bem”, no Brasil, podem-se cometer os piores crimes. Pode-se, inclusive, pregar o desrespeito à democracia, tese que já começa a ser influente em certas áreas da imprensa. Sigamos.
O SBT exibe um lixo chamado “Amor e Revolução”, uma novela feita pela emissora de Silvio Bolinha de Papel Santos, aquele que quebrou um banco e saiu incólume, sem dever um tostão. Está pagando sua dívida política com o governo dia após dia, contando a história da luta armada segundo a ótica da esquerda. Assisti a dois capítulos. O didatismo bucéfalo do texto e o desempenho melancólico dos atores, tudo amarrado numa direção primária, transformam o que pretende ser um drama com muito sangue — “revolucionário” — numa comédia involuntária. Silvio Santos trocou “A Semana do Presidente”, programa com que puxou o saco de sucessivos governos, por “O Passado da Presidenta”. O resultado não poderia ser pior.
Ao fim de cada capítulo, ex-revolucionários prestam um depoimento, contando a sua história. José Dirceu já esteve lá. Aguarda-se, um dia, o testemunho da própria Dilma. Com uns 20 no Ibope, talvez ela parecesse; como a novela se arrasta entre 4 e 6 pontos, não sei, não… O autor, Tiago Santiago, já apelou até a um beijo lésbico para ver se o ibope se mexia. Nada! Ele promete outro beijo lésbico. Ainda acaba exibindo cenas de sexo explícito dos bonobos… Ai só restará sortear cartelas da Tele-Sena…
Uma das pessoas que deram seu testemunho sobre o período é um homem chamado Carlos Eugênio da Paz. Ele foi chefão da ALN (Ação Libertadora Nacional), um dos grupos terroristas mais ativos e violentos do período, comandada por Carlos Marighella.
No vídeo de onde extraí o depoimento que abre este texto, Carlos Eugênio conta, com riqueza de detalhes, como assassinou o empresário Henning Albert Boilesen (1916-1971), então presidente do grupo Ultra, que era acusado de organizar a arrecadação de dinheiro entre empresários para financiar a Operação Banderiantes (Oban), que combatia os terroristas de esquerda. Notem bem: não estou fazendo juízo de valor neste momento. Deixo qualquer questão ideológica de lado. Peço que vocês avaliem com que desenvoltura, precisão e até entusiasmo Carlos Eugênio fala da morte. Assistam ao vídeo. Volto em seguida.
Voltei 
O que mais impressiona na fala deste senhor é que ele, com todas as letras, justifica a violência que era cometida, naquele período, pelo estado, que prendeu e matou pessoas ao arrepio das leis do próprio regime militar. Carlos Eugênio deixa claro que ele próprio fazia o mesmo. Leiam este outro trecho:
“Um Tribunal Revolucionário da Ação Libertadora Nacional do qual eu fiz parte, um grupo de dez ou 12 pessoas decidiu que, se a pessoa faz parte da guerra e está do outro lado, ele merece ser executado”.
E aí se segue aquela narrativa macabra. Não há a menor sombra de arrependimento, constrangimento, pudor. Boilesen, para Carlos Eugênio, era alguém que merecia morrer — e, como se nota, com requintes de crueldade. Os torturadores do período pensavam o mesmo sobre as esquerdas. A diferença é que eles foram parar na lata de lixo da história — o que é muito bom. Já o senhor que fala acima é tido, ainda hoje, como um homem muito corajoso e um gênio militar. Atenção: sem jamais ter sido preso ou torturado, assassino confesso, Carlos Eugênio é um dos anistiados da tal Comissão de Anistia. Isso quer dizer que ainda teve direito a uma indenização, reconhecida numa das caravanas lideradas por Tarso Genro, em 13 de agosto de 2009.
Observem que quando fala sobre o modo como atira, o homem põe o verbo no presente. Parece que ainda é um apaixonado pelo fuzil Mauser, que, segundo ele, é um “fuzil muito bom para execução”. Evidenciando que nada entende da ética da guerra, mas sabe tudo sobre a morte,  afirma:
Quando ele [Boilesen] caiu, eu me aproximei, e, com a última bala, a gente (sic) sempre dá o último tiro de misericórdia, que é para saber que a ação realmente foi cumprida até o fim.”
Percebam:
“A gente sempre dá [verbo no presente] o último tiro…” Atenção! Tiro de misericórdia, como o nome diz, é aquele disparado para encerrar o sofrimento da vítima, mesmo inimiga,  não para “saber se a missão foi realmente cumprida”. É asqueroso!
O “anistiado” e indenizado Carlos Eugênio deixa claro que ele era apenas a outra face perversa da tortura. Leiam:
Em tempo de exceção, você tem tribunal de exceção. Eles não tinham o deles lá, que condenava a gente à morte, informalmente? A gente nunca condenou ninguém à morte informalmente. Nós deixamos um panfleto no local dizendo por que ele tinha sido condenado à morte, o que é que ele fazia…”
Viram? Para ele, um tribunal da ALN nada tinha de “informal”! Reconhece, ao menos, que era de exceção. Aí está o retrato da democracia que teriam construído se tivessem vencido a guerra. Com esse humanismo, com essa coragem, com essa ética.
Mais um assassinato
Foi seu único crime? Não! Ele já confessou num texto que tem sangue pingando das mãos — sem arrependimento. Aquele era o seu trabalho. O “Tribunal Revolucionário” de  Carlos Eugênio também matava companheiros. No dia 19 de novembro de 2008. Augusto Nunes narrou, no Jornal do Brasil, um outro assassinato cometido pelo valentão. A vítima era Márcio Leite de Toledo, membro da cúpula da ALN. Reproduzo um trecho:
“Márcio Leite de Toledo tinha 19 anos quando foi enviado a Cuba pela Aliança Libertadora Nacional para fazer um curso de guerrilha. Ao voltar em 1970, tornou-se um dos cinco integrantes da Coordenação Nacional da ALN. Com 19 anos, lá estava Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz. Em outubro, durante uma reunião clandestina, os generais garotões souberam da morte de Joaquim Câmara Ferreira, que em novembro do ano anterior substituíra o chefe supremo Carlos Marighela, assassinado numa rua de São Paulo. Márcio propôs uma pausa na guerra antes que fossem todos exterminados.
Já desconfiado de Márcio - não era a primeira vez que divergia dos companheiros - Carlos Eugênio convenceu o restante da cúpula de que o dissidente estava prestes a traí-los e entregar à polícia o muito que sabia. Montou o tribunal que aprovou a condenação à morte e ajudou a executar a sentença no fim da tarde de dia 23 de março de 1971, no centro de São Paulo. Antes de sair para o encontro com a morte, o jovem que iria morrer escreveu que “nada o impediria de continuar combatendo”. Não imaginava que seria impedido por oito tiros.
O assassino quase sessentão admite que o crime foi um erro, mas não se arrepende do que fez. Na guerra, essas coisas acontecem, explica o justiceiro impiedoso. Depois do crime, ele se tornou muito respeitado pelos companheiros, que o conheciam pelo codinome: Clemente.”
Carlos Eugênio, acreditem, responde a Augusto, nestes termos:
“A lembrança dessa época, para mim, é lembrança de uma luta que não me arrependo de ter travado. Era uma luta armada, era dura, precisamos todos, humanistas que éramos, aviltar nossas entranhas, nosso sentimentos, nossas convicções. […] Tenho sangue em minhas mãos? É claro que tenho. Não era pra lutar? Não era pra fazer uma guerra de guerrilhas? Dá para medir quem estava mais certo? Todos estávamos errados, pois fomos todos derrotados. […] Mas não se esqueçam também que o sangue que escorre de minhas mãos escorre das mãos de todos aqueles que um dia escolheram o caminho das armas para libertar um povo. E que defenderam a luta armada, mesmo sem ter dado nenhum tiro […]
Numa coisa, ao menos, ele está certo, não é? Se a pessoa integrou um bando armado, que matava, traz sangue nas mãos, ainda que não tenha dado um tiro…
Retomo
Vocês conhecem alguém mais “clemente” do que Carlos Eugênio? Não é a primeira vez que a gente assiste a um vídeo em que os terroristas de esquerda justificam os métodos que eram empregados pelos torturadores e paramilitares, deixando claro que faziam e fariam o mesmo, evidenciando que compartilhavam a mesma lógica perversa. Já exibi aqui o filme em que Franklin Martins — aquele — e seus amigos deixam claro que teriam, sim, matado o embaixador americano Chales Elbrick se o governo  militar não tivesse cedido às exigências dos seqüestradores. E o fez dando gargalhadas e justificando a decisão.
Carlos Eugênio escreveu um livro chamado “Viagem á Luta Armada”, publicado em 1997. Sabem quem fez um prefácio elogioso e quase emocionado? Franklin Martins!
Marighella, o ídolo de Carlos Eugênio, escreveu até um Minimanual da Guerrilha Urbana. Lá está escrito:
“Hoje, ser “violento” ou um “terrorista” é uma qualidade que enobrece qualquer pessoa honrada, porque é um ato digno de um revolucionário engajado na luta armada contra a vergonhosa ditadura militar e suas atrocidades.”
E mais adiante:
“Esta é a razão pela qual o guerrilheiro urbano utiliza a luta e pela qual continua concentrando sua atividade no extermínio físico dos agentes da repressão, e a dedicar 24 horas do dia à expropriação dos exploradores da população.
[…] A razão para a existência do guerrilheiro urbano, a condição básica para a qual atua e sobrevive é a de atirar. O guerrilheiro urbano tem que saber disparar bem porque é requerido por este tipo de combate.
Tiro e pontaria são água e ar de um guerrilheiro urbano. Sua perfeição na arte de atirar o fazem um tipo especial de guerrilheiro urbano - ou seja, um franco-atirador, uma categoria de combatente solitário indispensável em ações isoladas. O franco-atirador sabe como atirar, a pouca distância ou a longa distância e suas armas são apropriadas para qualquer tipo de disparo.
O sobrenome de Carlos Eugênio é “da Paz”. E seu codinome no terrorismo era “Clemente”.  Essa é a paz dos clementes. Nada mais a acrescentar neste post.

Gado Fardado 

Texto publicado no Blog do Capitão Lenilton Morato, da turma de 2002 da AMAN, do curso de cavalaria, está cursando a EsAO no presente ano. Após a publicação do texto na internet, o oficial foi alvo de Apuração de Transgressão Disciplinar, sendo punido ao término.

          Na cultura e na tradição gaúcha, existem dois eventos que são muito comemorados nas estâncias (fazendas): a marcação e a castração do gado. No primeiro, o ferro em brasa com as iniciais do dono do rebanho queima o couro da rês para que todos saibam a quem ela pertence. No segundo, retiram-se os culhões dos touros, que passam a ser chamados de bois, com o objetivo de torná-los mais mansos e de engorda mais rápida, preparando-os para o abate. Os indivíduos que possuem características de boa performance e genética são poupados da castração para que se tornem reprodutores, garantindo ao proprietário melhores exemplares para o abate.
          Dentro da sistemática da esquerda, ocorre algo semelhante. Indivíduos são marcados e castrados com a ideologia do partido. A marca, entretanto, só é perceptível quando a infeliz criatura abre a boca para repetir o batido discurso revolucionário, em apoio cego a toda forma de dominação intelectual, cultural, moral e religiosa. A castração ocorre quando, ao observar potenciais opositores, a esquerda trata logo de capar as lideranças, seja através de perseguição ideológica, seja pela utilização de cargos em estatais para retirar dos opositores a vontade de lutar pelo que acreditam. Assim, tal qual nas estâncias gaúchas, o gado fica sob controle, esperando a hora do abate.
          Dentro dos quartéis não é diferente. Mesmo antes da chamada redemocratização, a esquerda foi progressivamente marcando sargentos, oficiais e comandantes para que abraçassem o seu ideal de "um mundo novo é possível". Progressivamente, a geração de militares nascidos e formados após a retomada do poder pelos partidos políticos foi sendo trabalhada para acreditar que o passado seria esquecido e que a anistia seria realmente para todos. Como coelhos, os cidadãos fardados foram caindo na armadilha. Foram marcados em sua mente, em sua alma para serem apolíticos, sem opinião ideológica formada. E pouco a pouco foram esquecendo os porquês da necessidade do movimento de 31 de março de 1964 e seu posterior enrijecimento. Passaram a acreditar na história contada por aqueles que perderam a batalha militar, mas venceram a guerra cultural. 
          Aos poucos oficiais de alta patente que ousaram tentar manter viva a história daqueles conturbados anos, o partido tratou logo de castrá-los. Retirando o comando de muitos, enviando para a reserva outros tantos; a regra do jogo ficou muito clara: aqueles que se posicionarem a favor da Revolução Democrática de 1964 não poderiam ascender aos postos mais elevados da hierarquia militar. E caso já os tivessem galgados, seriam castrados, ou seja, destituídos de seus grandes comandos e retirados para a inatividade. Assim, foi sendo minada a resistência militar aos mandos e desmandos da esquerda, ao mesmo tempo que promoveu-se o acovardamento dos comandantes. A moeda de troca? Cargos, dinheiros, e uma "boquinha" numa estatal como a Petrobrás ou a Vale. A esquerda tem, enfim, o seu rebanho fardado.
          O ápice, porém não desfecho, deste processo pode ser observados em duas decisões recentes: a da POUPEX em não mais patrocinar o periódico INCONFIDÊNCIA e a do Comando do Exército em retirar do calendário, as comemorações alusivas à Revolução Democrática de 31 de Março de 1964. Além de não divulgar de maneira clara esta decisão para a tropa, fica evidente o acovardamento moral de nossas Forças Armadas diante desta manifestação clara de tentar forjar ainda mais a história. De olho em seus vencimentos , para não serem ejtados da vida militar e com possibilidade de arrumar um carguinho nas diversas empresas, agências, secretarias e ministérios do governo, os comandantes militares deixam de defender a história de seu país, deixam de lutar pela verdade dos fatos daqueles anos tão distorcidos pela historiografia oficial da academia
          Cada vez mais rapidamente, as nossas Forças Armadas vão fazendo parte do grande rebanho esquerdista. São tratados como gados, marcados e castrados, para depois serem abatidos. Não levantam a voz em defesa de seus ideais. Não mexem uma pena para tentar resistir a esta sem-vergonhice socialista. Entregam suas almas ao partido. Quebram o sagrado juramento de lutarem em defesa da HONRA da Pátria, tão maculada por aqueles que hoje governam o país. Apenas baixam a cabeça e repetem o mantra: sim senhor (a).
          Ignoram completamente que estão sendo vítimas de um processo que os levará à sua destruição. Em breve, os outrora defensores da democracia e da liberdade de 1964 serão acusados de torturadores, assassinos e genocidas pelos próprios militares. Estes simplesmente ignoram o mundo a seu redor, limitando-se à rotina de batalhas fictícias contra um inimigo imaginário, enquanto o verdadeiro os governa e comanda. 
          O triste e preocupante é saber que a cada geração de novos generais a ignorância acerca das forças que atuam no mundo e no Brasil é cada vez maior. Não conseguem enxergar além daquilo que foram programados, além do que permite a marca ideológica imposta pela esquerda, mesmo quando eles sequer se dão conta que a possuem, como gados. 
          Os que reagem são castrados. Consequentemente, não deixam novas descendências. E o rebanho segue engordando, cada vez mais pronto para o abate.
Vai lá... chama de bicha !


DISCURSO DE DESPEDIDA DO GENERAL HELENO
AO PASSAR PARA A RESERVA
Brasilia, 09 Mai 2011
PALAVRAS  DE  DESPEDIDA
Em meu nome e do Gen. Mayer, agradeço a presença de todos.
Há exatos 16 511 dias, transpus o portão dos novos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras.
Iniciava-se então o ciclo mais produtivo de minha vida. Tentarei, em alguns minutos, recordar, sumariamente, personagens, fatos e reflexões que marcaram de forma indelével essa trajetória.
Começo pelos meus 21 irmãos de Arma. Caminhamos juntos, desde a sábia escolha que fizemos, há 42 anos. Reunimos a melhor Turma de Cavalaria da história do Exército. Custo a acreditar que alguns cavalgam hoje nas pradarias eternas. Guedes, Gaspar, Vilarinho e Pedro Couto, guardo de vocês, que saíram de forma sem permissão, uma enorme e irremediável saudade.
Minha gratidão aos abnegados e brilhantes mestres e instrutores, muitos aqui presentes, que renovaram periodicamente meu horizonte de conhecimento, nas diversas escolas do nosso primoroso Sistema Militar de Ensino, oásis indiscutível da educação, em um País, onde esse tema só é prioritário nos palanques eleitorais.
Minha homenagem aos Oficiais Generais com quem convivi ao longo desses 45 anos. Exemplos de dedicação, honradez e profissionalismo, eles são escolhidos por um Sistema de Promoções que não é infalível, por ser conduzido por seres humanos, entretanto é marcado pela honestidade de propósitos, pela isenção e pelo senso de justiça. Espero que não aceitemos jamais ingerências políticas nesse processo, sob pena de violarmos nossos valores mais caros.
Comandantes e comandados, por intenções, atos e palavras, escrevem a história militar. Fui brindado, de aspirante ao mais alto posto, pelo convívio com sucessivos comandantes, da mais alta estirpe. Não vou citá-los para evitar omissões. Eles me ensinaram, sobretudo, que nada substitui o exemplo. Com eles aprendi que o Chefe militar nem sempre consegue ser um líder, mas jamais pode abdicar de tentar sê-lo, obstinadamente.   
Aos meus comandados, dedico uma reverência respeitosa. Eles foram a principal motivação da minha vida profissional. Obrigo-me a uma citação especial aos que me acompanharam nas duas mais difíceis e relevantes missões de minha carreira. No Haiti, como comandante de uma força de paz, em um país estrangeiro, numa situação real, e na Amazônia, onde a presença efetiva do Estado Brasileiro se resume, quase sempre, à estoica presença das Forças Armadas. Confirmei, nessas ocasiões, o valor do soldado brasileiro e a sabedoria do postulado que cultivei incansavelmente: ao subordinado devemos, antes de tudo, respeito e lealdade. Jamais violei esses princípios. Orgulho-me de poder encará-los, desde sempre, com a cabeça erguida, olhos nos olhos.
A meus últimos comandados, do Departamento de Ciência e Tecnologia, impõe-se uma explicação. Quando fui nomeado para chefiá-los, vocês ouviram, nos corredores do Quartel-General, que eu estava sendo colocado em uma geladeira profissional. Sem dúvida, o DCT nada tinha a ver com meu perfil e minhas aptidões. Por decisão do Comandante Supremo, eu me tornara o exemplo típico do homem errado no lugar errado. Como aprendi, desde cadete, que missão é para ser cumprida, procurei superar minhas notórias deficiências nessa área. Seguindo os passos de meus antecessores, busquei valorizar ainda mais o Engenheiro Militar e fazer com que o Exército avaliasse melhor a importância da Ciência e Tecnologia no mundo de hoje. Lutei para que a Força Terrestre se convencesse de que não haverá a tão sonhada transformação, sem um investimento maciço em autonomia e inovação tecnológica. A experiência, graças a vocês e ao ineditismo de tudo que conheci e aprendi, foi gratificante. Espero que colham os frutos desse trabalho.
Passo agora às joias mais preciosas desse ciclo: meus filhos Renata e Mário Márcio. Vocês nos deram pouquíssimos problemas e infinitas alegrias, até pelas escolhas que fizeram no casamento. Por serem mais ajuizados do que eu, negaram-me   a chance de aplicar os ensinamentos de Psicologia que a AMAN e a vida me transmitiram. Não seguirei a praxe de lhes pedir desculpas pela ausência. Eu e vocês ausentamo-nos quando as circunstâncias exigiram, sempre em busca do sucesso, que, felizmente, todos alcançamos.   Meus adorados netos, Leonardo, Henrique e Luís Felipe enchem o presente de alegria e serão, por certo, os perpetuadores do clã, no futuro.
Sonia, você é única. Foi sempre o sustentáculo da família. Amor e emoção à flor da pele. Atua em todo o campo de batalha. Comanda o apoio logístico e faz a segurança da área de retaguarda. Às vezes defende o dispositivo e realiza contra-ataques de desaferramento. Tem ainda papel preponderante nas ações retardadoras e nos retraimentos e, fatalmente, será bastante exigida a partir de agora, na retirada. Devo-lhe parcela considerável do meu sucesso. Obrigado por tudo.
Propositalmente deixei por último meus pais. Sem eles, por motivos óbvios, nada disso teria acontecido.
Dona Edina, minha extremada mãe, professora por vocação, avó amantíssima. Tu foste a educadora clarividente que jamais transigiu com a displicência e exigiu-me, sempre,   no limite da minha competência. Tu me mostraste que a vida é luta renhida e fez de mim um estudante diferenciado, não pela inteligência, mas sim pelo método e pela objetividade. Lembro de ti, intensamente, cada vez que devo superar-me e não foram poucas vezes.
Cel. Ary, meu adorado pai. A saúde frustrou teus ideais de guerreiro e te transformou em um admirado professor. Partiste muito cedo, quando eu era um jovem tenente. Eras o meu amigo mais leal e sincero, meu companheiro de todas as horas, meu ombro acolhedor. Tua presença, tua gargalhada, teu assobio enchiam a casa. Personificavas a alegria de viver. Lutaste, em 1964, contra a comunização do país e me ensinaste a identificar e repudiar os que se valem das liberdades democráticas para tentar impor um regime totalitário, de qualquer matiz. Foste meu exemplo de dedicação profissional, retidão de caráter, honestidade inabalável, e amor ao Exército e ao Brasil.
 Minhas   senhoras e meus senhores.
 Não vou agradecer ao Exército pelo muito que me proporcionou. Mantive com a Instituição uma relação de amor intenso, sem máculas, uma troca de energia e conhecimento, desinteressada e produtiva.
 Se voltasse a passar pelo portão dos novos cadetes, faria tudo novamente. Talvez conseguisse ser mais solidário, mais atencioso, mais organizado, mais paciente, mais competente e mais uma infinidade de outros predicativos. Talvez por isso não nos deixem repetir o percurso. Perderia a graça.
Fui aconselhado, algumas vezes, a ser menos impetuoso e mais tolerante. Preferi, como Cervantes, seguir pela estreita senda da Cavalaria, e, como ele, desprezar certas honrarias para não abdicar de meus valores.
A partir de hoje, assistirei, da arquibancada, a mais um desafio inédito, que o nosso querido Brasil parece disposto a enfrentar: ser a primeira potência mundial a possuir Forças Armadas mal equipadas e muito mal remuneradas, no entanto altamente motivadas e extremamente competentes, como provam todos os dias, nas mais diferentes missões. Tomara que a experiência continue a dar certo.
Lembro apenas um pensamento de Rui Barbosa:   “A Nação que confia mais nos seus direitos do que em seus soldados, engana a si mesma e cava sua ruína”.
 Ao meu dileto amigo, Gen. Mayer, faço votos de que continue se valendo da competência, do bom senso, da inteligência, da liderança e da capacidade de gerência que o trouxeram até aqui. O Departamento de Ciência e Tecnologia ganha hoje um grande chefe militar. Que Deus o proteja.
Aliás, devem estar surpresos por não ter falado em Deus até aqui. Não julguei necessário. Com Ele me entendo de modo especial. Não preciso de igrejas, de rezas, nem de reverendos. Bastam meus pensamentos, meus sentimentos e meus atos.   
Obrigado a todos.
Brasil acima de tudo.

Notícias frescas
videVERSUS - Vitor Vieira - 22 e 23 de maio de 2011
Diretor de revista confirma que Palocci passou "Dossiê Francenildo" para Época
Antonio Palocci, quando ministro da Fazenda, no primeiro governo Lula, passou pessoalmente para a revista Época os dados das contas bancárias do caseiro Francenildo dos Santos. Os dados mostravam que o caseiro tinha recebido uma quantia, de R$ 30 mil, depois da denúncia que fizera na CPI dos Correios, dizendo que Palocci frequentava uma mansão no Lago Sul, em Brasília, onde ocorria lobby e eram feitas festas de embalo com garotas de programa fornecidas pela cafetina Mary Jeanny Corner. A informação, que confirma que foi o próprio ministro a fonte da matéria, foi dada pelo jornalista Paulo Nogueira, em seu blog "Diário do Centro do Mundo". Na ocasião da publicação da matéria, Paulo Nogueira, que hoje vive em Londres, na Inglaterra, era o diretor editorial da Editora Globo, responsável pela publicação de Época e outras revistas. Segundo ele conta em seu blog, Palocci procurou diretamente a cúpula da editora e entregou os dados bancários de Francenildo. "Foi Palocci, sim, quem passou o 'Dossiê Caseiro'”, escreve Paulo Nogueira em seu blog. Isso mostra bem o caráter e a decência de Antonio Palocci. E clama pela reabertura dos inquéritos abertos na oportunidade para exame de suas responsabilidades na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos.
Governo Dilma já admite saída de Palocci na terça-feira
Fontes do Planalto confirmaram que o agravamento da crise, com novas denúncias contra o ministro Antonio Palocci (Casa Civil), permite antever sua demissão até a terça-feira, “a não ser que ocorra um milagre até lá”, conforme assessor presidencial. Palocci já colocou o cargo à disposição duas vezes, mas a presidenta Dilma recusou. A era palocciana parece no fim. O ex-caseiro Francenildo, morador da cidade de São Sebastião (DF), já dá entrevistas sarcásticas sobre o ministro. Fora do cargo, Palocci poderá assumir a sua empresa de consultoria, mas vai precisar de caseiro para controlar o entra-e-sai de tubarões na consultoria Projeto. Antes da crise, Palocci, olheiro de Lula, era um co-presidente. Agora só cuida de salvar a pele. Gilberto Carvalho virou o tal co-presidente. O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) mergulhou, escafedeu-se. Não quer se envolver no escândalo e nem admite falar na possibilidade de trocar de ministério, assumindo a Casa Civil. Escapando da degola, Palocci verá questionados, doravante, quaisquer atos (ele recebeu ampla delegação de poderes de Dilma) favorecendo grupos. Como na formação do consórcio do trem-bala, por exemplo.
Lula tenta conter crise e segurar Palocci no governo
Na primeira crise política do governo Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula entrou em campo para ajudar a defender o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e garantir a permanência dele na equipe. "Vocês não podem baixar a guarda", teria dito Lula na sexta-feira, em telefonema para o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Lula ligou para Gilberto Carvalho do Panamá, onde fez palestra para empresários da construtora Odebrecht. Preocupado com a escalada de denúncias contra Palocci, o ex-presidente conversa quase que diariamente com Dilma e com o chefe da Casa Civil. Apesar de comentários sobre o "fogo amigo" na seara do PT contra o ministro, tanto Lula quanto dirigentes do partido estão convencidos de que o tiroteio contra Palocci partiu do PSDB e, mais especificamente, de pessoas ligadas ao ex-governador José Serra na Prefeitura de São Paulo. Por essa avaliação, o objetivo de Serra seria derrubar Palocci, o mais importante ministro da equipe, para atingir Dilma, inviabilizar o governo logo em seu primeiro ano e torpedear o PT. Isso é que é delírio...
Congresso uruguaio rejeita anulação de anistia para militares
O Congresso uruguaio rejeitou na sexta-feira, por um voto, a proposta que derrubava a lei de anistia para os crimes cometidos por militares durante a ditadura no país, que vigorou entre 1973 e 1985. A coalizão governista Frente Ampla propôs a mudança, mas não conseguiu maioria por causa da abstenção de um de seus deputados, o ex-guerrilheiro tupamaro Victor Semproni. A votação terminou empatada em 49 a 49. Semproni disse que a proposta desrespeitava a vontade da população, que já votou contra a anulação da lei em dois plebiscitos anteriores, em 1989 e 2009. Semproni será submetido à comissão de ética da Frente Ampla por não ter seguido o que havia sido definido pela legenda. Essa é uma prática comum das esquerdas, a do "justiçamento" dos que ousam discordar das ordens do partido. Processo em comissão de ética partidária é o moderno "justiçamento". As leis de anistia uruguaias vigoram desde a redemocratização do país na década de 1980 e, assim como em outros países da América do Sul, foram aprovadas sob a alegação de que ajudariam o país a se reconciliar com seu passado ao impedir que soldados e terroristas tupamaros fossem processados por crimes cometidos sob o regime militar. O tema vem dividindo os cerca de 3,5 milhões de uruguaios. No plebiscito de 1989, 46% votaram pela mudança e, em 2009, 48%. Uma pesquisa recente, realizada pelo instituto Interconsult, afirma que 55% dos uruguaios são contra a anulação da lei. No domingo, o presidente uruguaio José Pepe Mujica, um ex-terrorista tupamaro preso pela ditadura e atualmente integrante da Frente Ampla, fez um apelo para que a medida não fosse aprovada e sugeriu que fosse realizado novo plebiscito popular em novembro.
Foro de São Paulo pede fim da "agressão imperialista" na Líbia
Os partidos de esquerda reunidos no Foro de São Paulo encerraram a reunião na sexta-feira, na Nicarágua, com uma declaração na qual pedem a cessação da "agressão imperialista contra o povo líbio" e colocam condições para apoiar o retorno de Honduras à OEA (Organização dos Estados Americanos). "O Foro de São Paulo reivindica a cessação da agressão imperialista contra o povo líbio, começando com a suspensão imediata dos bombardeios", assinalou a nicaraguense Arlen Vargas ao ler a declaração final do encontro, que reuniu mais de 40 de partidos de esquerda de 32 países da América Latina e Caribe, África, Ásia e Europa. A declaração também expôs "a necessidade de uma cessação do fogo por ambas as partes em conflito dentro da Líbia, pondo fim ao confronto fratricida, a fim de alcançar uma solução pacífica para a guerra civil"
Franklin Martins foi convocado por Dilma devido à crise com Palocci
O ex-ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, foi convocado para se reunir com a presidente Dilma, no Palácio da Alvorada, residência oficial, na sexta-feira, em função da crise com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e seu impressionante enriquecimento recente. O ex-ministro, responsável por traçar as estratégias de comunicação do segundo mandato do governo Lula, chegou ao Alvorada às 9h50. A atual ministra, Helena Chagas, ficou no Palácio do Planalto. A visita de Franklin ocorre em meio a uma crise no governo, gerada por reportagens publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo que mostraram o vertiginoso crescimento patrimonial do ministro Antonio Palocci (Casa Civil). Cerca de 40 minutos antes da chegada de Franklin, um carro sedan prata, com vidros escuros, chegou em alta velocidade pela entrada de serviço do Palácio da Alvorada, seguido por outro carro, que fazia escolta. Não foi possível identificar quem estava dentro dos veículos. O carro é da Presidência e costumava ser usado pelo ex-presidente Lula em seus deslocamentos privados. No entanto, pode ser cedido para deslocamentos mais discretos de outros integrantes do primeiro escalão do governo. Também chegou ao Alvorada, logo após Franklin Martins, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) e ex-chefe de gabinete de Lula durante os oito anos de mandato.
Dívida pública aumenta em abril e chega a R$ 1,73 trilhão
A dívida pública federal subiu 2,34% em abril e alcançou R$ 1,73 trilhão. Segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional nesta segunda-feira, a dívida interna aumentou 2,58% e soma R$ 1,65 trilhão. A emissão de títulos da dívida superou o resgate em R$ 25,95 bilhões. Além disso, os juros tiveram um impacto de R$ 15,62 bilhões. Já a dívida externa teve seu estoque reduzido em 2,32% e encerrou abril em R$ 81,6 bilhões (US$ 51,85 bilhões). A parcela de títulos pré-fixados aumentou de 34,56% em março para 34,81% em abril. Também aumentou a fatia dos títulos 28,33% para 28,54%. Já os títulos remunerados pela Selic tiveram a participação reduzida de 32,34% para 32,13%. O governo emite títulos para se capitalizar sem ter de ir ao mercado pegar dinheiro emprestado, pagando juros altos. Isso permite o investimento de pessoas físicas em títulos do governo federal, que se capitaliza.