19 de out. de 2011


Três versões e um mistério
Deborah Berlinck – Enviada especial de O Globo
O Globo - 05/10/2011
Qual o mistério que envolve
o pai de Dilma Roussef ?
A presidente Dilma Rousseff virou capa de livro na Bulgária: sua foto, com a faixa presidencial, estava estampada ontem nas vitrines de várias livrarias da capital. Mas o livro "Dilma Rousseff", escrito pelos jornalistas búlgaro Monchil Indjov e o brasileiro Jamil Chade, vai além da trajetória de Dilma: é a saga de duas famílias separadas por uma cortina de ferro durante a Guerra Fria - um drama que foi vivido por milhares de pessoas nesta época crucial da História do século 20.
Texto completo
Começa com um drama de família: um homem, Peter Russev, que escapou da Bulgária deixando a mulher búlgara, grávida, sumindo por 18 anos e formando outra família no Brasil.
Este homem é o pai de Dilma. E é também a história de dois irmãos - Dilma e seu meio-irmão Luben - que, separados por um oceano e sem saber um do outro, tomam caminhos opostos. No Brasil, Dilma Rousseff lutava sob a bandeira dos comunistas contra a ditadura. Na Bulgária, o meio-irmão era perseguido por um regime comunista que o puniu por ter um pai que fugiu para o chamado "Ocidente podre". Sua carreira de engenheiro nunca foi muito longe por conta disso.
Mas o que realmente levou Peter Russev - transformado no Brasil em PedroRousseff - a fugir da Bulgária? Este é um mistério que os autores acreditam que nunca irão desvendar. O búlgaro Monchil Indjov explica que há três versões. A primeira, ele ouviu da própria Dilma: o pai escapou da Bulgária por motivos politicos. Mas Indjov, analisando as datas, não acredita nisso:
- Dilma me disse em 2004 que ele fugiu da Bulgária porque era simpatizante dos comunistas. Isso não é muito lógico. Os comunistas organizaram protestos em 1923, e, em 1925, promoveram um dos maiores atentados na Europa, em Sófia, quando quase 200 pessoas morreram. Mas Luben só saiu da Bulgária em 1929, quando já não havia problema (com os comunistas) - explica.
Jamil Chade acrescenta: comunista que saía da Bulgária ia para Moscou e não para o Ocidente capitalista. Depois da entrevista com Dilma, quando ela ainda era ministra das Minas e Energia no governo Lula, Indjov foi encontrar o meio-irmão Luben, em Sófia. E lá ouviu a segunda versão: Pedro Rousseff, um comerciante de peles e tecidos, teria saído da Bulgária por motivos financeiros - estava quebrado.
- Luben me contou que Peter (Pedro Rousseff) prometeu à sua primeira esposa, Evdokia Yankova, que era uma escritora infantil muito conhecida na Bulgária, que ia voltar. E não voltou - diz o jornalista búlgaro.
Quanto mais fundo ia na história, mais obscuros ficavam os motivos da escapada. Surgiu, então, a terceira versão. Numa conversa com um tio de segundo grau de Dilma, Tzonyu Kornazhev (primo de Pedro Rousseff), Indjov ouviu que o pai de Dilma era "um aventureiro irresponsável". O tio de Dilma havia ouvido isso do próprio pai, Zahari Ornazhev, também comerciante de pele, que contou ter emprestado dinheiro a Peter Rousseff.
- O que ele me contou, de forma muito diplomática, é que Peter usou o dinheiro. E só anos mais tarde, no Brasil, mandou cartas para Zahari pedindo desculpas "pelo feito" - disse o jornalista, acrescentando que as primeiras cartas só foram escritas em 1948.
Hoje, o jornalista búlgaro afirma:
- Acho que nunca vamos saber.
Nos 18 anos em que o pai de Dilma ficou sem contato com a família na Bulgária, todo mundo acreditava que ele havia morrido, exceto sua mãe, Tzana Russeva, e sua irmã, Pia. Para o jornalista búlgaro, ficou claro que Luben Russev - que nunca conheceu o pai - morreu magoado. O pai chegou a se corresponder com ele, e Luben teria pedido várias vezes para ir ao Brasil encontrá-lo. Mas nunca teve resposta. Dilma planejou várias vezes encontrar o meio-irmão, mas ele morreu em 2007, antes que isso fosse possível.
Revista publica trecho de livro que fala
da participação de Dilma em assalto
A revista Alfa adianta um capítulo de “O Cofre do Doutor Rui” livro de Tom Cardoso lançado este mês, sobre o assalto ao ex-governador de São Paulo, em 1969, pela organização esquerdista Var – Palmares, em que a presidente Dilma Rousseff militava.
Suas páginas revelam que Dilma organizou a partilha do butim, cuidando da distribuição de armas, munição, documentos e dinheiro.
Segundo o livro, o estilo gerentona da "menina" chamou a atenção do ex-capitão Carlos Lamarca, líder do grupo, que tratou logo de apelidá-la de ‘Mônica’, a personagem então recém-criada por Mauricio de Sousa. 
Lamarca era bom de tiro e de apelido...
Orlando Silva compra, à vista,
terreno sobre duto da Petrobras
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Texto: Vitor Vieira

O site do jornal Folha de São Paulo publicou na manhã desta terça-feira uma nova denúncia devastadora contra o ministro dos Esportes, o comunista Orlando Silva (PCdoB).
Diz a matéria: "Em agosto de 2010, Orlando Silva Júnior comprou, por R$ 370 mil, um terreno no distrito de Sousas, em Campinas (SP).  Pela área de aproximadamente 90 mil metros quadrados passa um duto de gás da Petrobras.  Silva, que é ministro do Esporte desde 2006 e recebia à época da compra R$10.748,43 mensais, pagou o terreno à vista.  Conforme documento obtido pela reportagem, ele usou cheque administrativo – modalidade que permite o uso do cheque sem que o pagador movimente sua própria conta.  Orlando Silva afirmou ter pagado o terreno com um cheque pessoal. 
A Petrobras é uma forte parceira do Ministério do Esporte.  Em agosto, colocou em prática o projeto Esporte & Cidadania em parceria com o ministério.  Vai investir R$ 30 milhões em esporte educacional.  O PDD (Plano Diretor de Dutos), elaborado em 2007, mostra que uma das preocupações da Petrobras paulista é deixar os dutos que passam pelo Estado mais longe dos vizinhos para diminuir riscos de acidentes.  O documento indica que a distância para os dutos deve aumentar, o que forçará mudanças. 
"Com o objetivo de diminuir as interferências das populações nas faixas, o projeto PDD/SP irá adotar um novo conceito de corredor de dutos, que consiste na implantação de faixas de dutos com maiores larguras (aproximadamente 60 metros), proporcionando um maior distanciamento entre as comunidades e as faixas", diz trecho do relatório produzido pela Petrobras há quatro anos.  Aumentar a faixa de dutos obriga a companhia a pagar ao proprietário da área um valor ainda maior para manusear o trecho do terreno.  É o que pode acontecer com um pedaço da propriedade do ministro.
Essas desapropriações costumam ser feitas em negociações entre os proprietários e a empresa.  De qualquer forma, quem, como Silva Júnior, tem trânsito na Petrobras, antiga parceira do Ministério do Esporte, pode conseguir um preço melhor na negociação com a empresa.  O ministro se aproximou ainda mais da companhia por causa da questão dos dutos de Itaquera.  Ele assinou como testemunha a carta de intenções entre Corinthians e Odebrecht para a construção do Itaquerão.  Além disso, Ana Cristina Petta, mulher dele, faz parte de uma companhia de teatro patrocinada pela Petrobras. 
Não é só.  A Agência Nacional de Petróleo, que regula as atividades da área, é controlada pelo partido do ministro.  Haroldo Borges Rodrigues Lima, diretor-geral da ANP, é baiano e integrante PC doB, como Silva Júnior.  A empresa pagou ao casal belga que era dono do lote um preço bem melhor em relação ao acertado com Silva Jùnior, em um indício de que ter uma área transformada em servidão de passagem ou desapropriada pode ser um bom negócio até para quem não tem contatos na companhia.  A petrolífera pagou R$ 5,96 pelo metro quadrado, enquanto para o ministro cada metros quadrado custou cerca de R$ 4,00.  Antes de o ministro comprá-lo, o terreno já havia passado por três espécies de desapropriações parciais, chamadas de servidões de passagem.  De acordo com certidão do imóvel registrada no 4º Oficial de Registro de Imóveis de Campinas, a Petrobras deu aos ex-proprietários, em 2005, R$ 54.297,91 por 9.095,87 metros referentes a três faixas de terra.  A oferta da Petrobras foi bem melhor do que a de Silva Júnior, apesar de ter sido feita cinco anos antes.  De lá para cá, houve uma explosão imobiliária, que não parece ter sido levada em conta.  Orlando fez um negócio da China em comparação com os terrenos à disposição no mesmo condomínio, mas na portaria vizinha.  Sem dutos por perto, as propriedades custam entre R$ 15,00 e R$ 20,00 cada metros quadrados, de acordo com um corretor consultado pela reportagem. 
Nessa área, um terreno de 20 mil metros quadrados está sendo oferecido por R$ 380 mil, quase a mesma quantia paga pelo ministro em 90.000 metros quadrados.  O mesmo corretor diz que a área adquirida por Silva Júnior vale menos por causa de uma acentuada inclinação, por ter muitos carrapatos e pelo tempo que ficou encalhada.  Apesar de poucas casas por perto, o lote escolhido pelo ministro não favorece quem busca tranquilidade para passar os finais de semana com a família.  Fica em frente a um pesqueiro, o que provoca grande movimentação aos sábados e domingos.  O local é de acesso razoavelmente difícil, com um trecho de 9 quilômetros em estrada de terra.  A negociação com a Petrobras está detalhada na escritura de compra e venda do imóvel para o ministro e sua mulher, datada de 13 de agosto de 2010.  No documento está escrito que a operação entre os belgas e a petrolífera ainda não havia sido registrada em cartório, o que só aconteceu em novembro daquele ano.  A escritura que concretiza a venda para Silva Júnior tem uma cláusula que define que a Petrobras poderá usar a sua faixa no terreno para a instalação de dutos, proteção dos mesmos e outras instalações.  Ou seja, não estão descartadas novas obras no local.  As metas estabelecidas pelo Plano Diretor de Dutos transformam a área em que está a propriedade do ministro num local atrativo para operações da Petrobras.  O projeto prevê desativação de dutos em áreas densamente povoadas e demonstra grande preocupação com a vizinhança.  O condomínio em que Silva Júnior está construindo é de propriedades rurais.  Seu sítio é o primeiro na rota dos dutos no condomínio.  O ministro nega que sua propriedade fique num condomínio.  De fato, a escritura não cita isso.
Na parede da portaria, foi colocado um papel com o nome de todos os moradores.  À caneta, por serem mais recentes, aparecem Silva Júnior e Ana Cristina.  A patente ministerial não aparece.  Porém, os funcionários sabem que o dono do terreno em frente ao lote 07 comanda o Ministério do Esporte, apesar de afirmarem nunca terem visto o proprietário ilustre por lá.”