6 de jun. de 2011

Samba da Dilma para o Paloffi



O orgulho de ser gay
Texto: Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira - 19 de maio de 2011
     Aos poucos, muitos brasileiros se distanciam de sentimentos como o orgulho, o amor à pátria e os bons costumes.
     Não sabemos se a transformação se deu por artes da evolução da humanidade ou por reflexões ideológicas da esquerda brasileira.
     Sem perceber, porém desconfiando, nossos níveis de padrões, alguns até da pétrea moral, foram entortando, entortando e, de repente, num abrir e fechar de olhos, estamos seguindo a cartilha do politicamente correto, firmes no cavalo, mas destituídos de qualquer senso.
     Graças ao tudo pode e a liberdade total, demos um passo à frente, atropelando todos os tipos de preconceitos. Acabamos com os não pode. Pelo menos para alguns. O Palocci pode, porém você, é provável que ainda não possa (o Bolsonaro, também não pode).
     Como o exemplo vem de cima o desgoverno foi o 1º a demonstrar que tudo pode.  Que bom.
     Chegamos à sociedade sem limites, sem culpa, sem consciência. Acabamos com a propriedade privada, com a família e com o mérito. Enterramos a punibilidade, prestigiamos o golpe, aceitamos as maracutaias, e elegemos os canalhas.
     Na prática, abrimos espaço para que todos, venham de onde vierem, tenham êxito nesta terra, cujo cenário, se para alguns assemelha - se a um bordel, para outros emerge como o “eldorado” das oportunidades.
     É uma terra diferençada. Onde os patifes e canalhas, que também são filhos de Deus, poderiam alcançar tal projeção, obter tanto sucesso?
     Nós já nos orgulhamos da ABL, da vitória sobre o Paraguai na Guerra da Tríplice Aliança, da Contra - Revolução de 31 de março, da Amazônia, da FEB, de personagens heróicos, de Tiradentes, contudo, nosso orgulho foi se arrefecendo e, por isso, hoje, temos inveja do orgulho gay, talvez a último sopro de “dignidade” que ainda resta neste País.
     Sempre nos orgulhamos de nossa capacidade de miscigenação, por isso, brancos e pretos andavam sem preconceito. De repente, numa população na qual, provavelmente 50 % têm um pé nos dois lados, descobrem para nós, que lá no fundo grassava uma torpe inveja. Os brancos perseguiam os pretos que odiavam os brancos. Daí as cotas para prejudicar os brancos e contrabalançar as diferenças.
     Assim, nosso orgulho diante de nossa falta de preconceito transmutou - se em vergonha. Éramos sacanas e não sabíamos.
     Da mesma forma, aqueles olhares de reprovação e até o carinhoso epíteto (“seu viadinho”) com que brindávamos os enrustidos gays, hoje, por vingança, os nossos representantes transformaram em crime.
     Se, antes, tínhamos orgulho de não sermos gays, hoje lamentamos não ser (agora é tarde, pois dizem que se nasce com este dom), pois é o único orgulho que ainda resta por aí.
      Ah, como éramos preconceituosos. Ainda bem que temos um governo atento aos nossos maus – costumes, e uma barulhenta minoria que se orgulha de dar as costas para os inimigos, amigos, amantes e desafetos.
     De fato, como ensinamento, é de costas que se vai ao longe. Se assim proceder, esteja certo, você perde um monte de coisas (supérfluas), mas, pelo menos, o seu orgulho cresce (quanto mais sacana, mais orgulho).
     Assim, o orgulho gay, recentemente, obteve retumbante vitória no STF, incapaz de decidir o caso Batistti, mas capaz de atropelar a cambaleante Constituição em prol da alegre e orgulhosa comunidade.  
     A luta continua colegas gays e assemelhados, pois logo virá o benefício do sistema de cotas. Que nas novelas já existe, para cada três, um é.
     Vai ser orgulhoso lá longe.

O Mascarado Polêmico

Atenção: contém expressões que não são da "norma culta", embora muito bem colocadas.

Finalmente !


... montagem, bobinho...
A DESTRUIÇÃO DO IDIOMA
E SEUS PROPÓSITOS (não tão) OCULTOS
HEITOR DE PAOLA - 04/06/2011

A leitura deste artigo extenso não será, absolutamente, desperdício de tempo.
 

O objetivo da Novilíngua não é apenas oferecer um meio de expressão para a cosmovisão e para os hábitos mentais dos devotos do IngSoc, mas também impossibilitar outras formas de pensamento. Tão logo for adotada definitivamente e a Anticlíngua esquecida, qualquer pensamento herético será literalmente impossível, até o limite em que o pensamento depende das palavras. Quando esta for substituída de uma vez por todas, o último vínculo com o passado será eliminado.
GEORGE ORWELL - 1984
O mais importante sucesso de uma revolução ocorrerá quando uma nova filosofia de vida for ensinada para todos e, se necessário, mais tarde forçada sobre eles. (...) A principal tarefa da propaganda é ganhar o povo para a nova organização. A segunda é a ruptura do estado de coisas existente permeando-o com a nova doutrina.
ADOLF HITLER - Mein Kampf

     No último artigo para o Jornal Inconfidência iniciei uma nova série denominada A Quarta Fronteira e abordei primeiramente a fronteira linguística, continuada aqui. Existem vários caminhos para a destruição revolucionária de um idioma com o objetivo de romper o estado de coisas existente.
     A substituição da norma culta por um linguajar popular, sem “preconceitos”, como demonstrei naquele artigo, a diabólica imposição forçada do politicamente correto e, derivada desta, a censura a autores renomados da literatura nacional, como se está fazendo com Monteiro Lobato, alegadamente racista – como pelo mesmo motivo as novas edições de Huckleberry Finn, de Mark Twain retiraram as palavras nigger e injun (consideradas hoje ofensivas aos negros a aos índios), que na época nada tinham de racista, por slave. Como observa Jamelle Bouie, no The Atlantic, apagando nigger do Huckleberry Finn “não muda nada. Não cria esclarecimento racial nem nos livra do legado da escravidão e da discriminação racial. Tudo o que consegue é criar nos Americanos a aversão à história e à reflexão histórica”.
     O mesmo certamente acontecerá com a censura às passagens carinhosas escritas por Lobato em relação à Tia Anastácia – ‘a melhor quituteira do mundo’ - que vendo a onça chegar perto, “tal como um macaco trepou rapidamente numa árvore para se salvar”. Segundo o politicamente correto isto é inaceitável porque compararia todos os negros com macacos, e não que a palavra macaco possa ter sido empregada para expressar a agilidade de subir agilmente em árvores!
     O Professor Evanildo Bechara [1] aborda corretamente a estreita ligação dos “preconceitos lingüísticos” e a imposição do “politicamente correto” e acrescenta: “Esta questão do ‘preconceito lingüístico’ foi algo que os sociolinguistas trouxeram à discussão para estabelecer na sociedade quem manda mais e quem pode menos. No entanto este preconceito não tem mão única. Ele surge tanto da pessoa que fala a norma culta em relação à norma popular, como daquele que fala a norma popular em relação à norma culta. Porque o preconceito resulta da diferença e esta não é só do mais para o menos, mas também do menos para o mais”. E relaciona diretamente com o politicamente correto: “hoje não se pode dizer o preto ou o negro. Porém o negro diz do branco: o branco azedo”.
     Pode-se notar claramente que apenas uma das mãos é interditada, a outra não, não só é aceita como até mesmo estimulada. É exatamente aí que os críticos do politicamente correto se enganam: a aparente eliminação dos “preconceitos”, sejam raciais, sejam de linguagem, não passa de uma mensagem sedutora para encobrir o desígnio revolucionário de criar uma Novilíngua para destruir a cultura, como alto conceito de saber, cujo aprendizado só pode ser adquirido com grande esforço, suor e lágrimas.
     William Lind se refere ao politicamente correto como “AIDS intelectual” [2]: “Tudo que ela toca adoece e finalmente morre”. Os politicamente corretos não querem que ninguém saiba uma verdade: “Politicamente correto não é nada mais do que marxismo traduzido do econômico para o cultural. (...) Enquanto o marxismo clássico prega que a história é determinada pela propriedade dos meios de produção, o cultural diz que a história é explicável pela identificação de quais grupos – definidos por sexo, raça, normalidade ou anormalidade sexual – têm poder sobre os outros grupos”.
     O marxismo cultural, imperante na deseducação desde 1994 com a gestão de Paulo Renato Souza no Ministério da Educação [3], considera que a revolução deve “expropriar” os homens brancos, heterossexuais e cultos deste poder, concedendo-o às “minorias” – homossexuais, feministas, negros, índios, quilombolas. Mulheres não feministas ou negros e índios que não aceitam esta ideologia são rejeitados como submissões aberrantes.
     No que toca ao assunto que estou abordando o mesmo se dá com relação à cultura: os que aprenderam e usam a norma culta são os poderosos, e devem ser expropriados deste poder elevando a linguagem popular, errada ou inculta, ao mesmo nível. Rejeitam-se os que querem aprender a falar corretamente como submissos ao “poder cultural”. Bechara (loc. cit.) mostra que até a expressão “língua culta” sofreu este processo de depuração politicamente correta, na medida em que é considerada pejorativa, e por isto usa-se hoje em dia “língua padrão”. Mas, embora diga que concorda com isto, em toda a entrevista só usa o tradicional “culta”, o que não poderia deixar de ser em se tratando de um dos maiores gramáticos brasileiros.
GRAMSCI, A CULTURA E A LINGUAGEM
A "filosofia" de Gramsci resolve-se assim num ceticismo teorético que completa a negação da inteligência pela sua submissão integral a um apelo de ação prática [4] ação que, realizada, resultará em varrer a inteligência da face da Terra, por supressão das condições que possibilitam o seu exercício: a autonomia da inteligênciaindividual e a fé na busca da verdade.
OLAVO DE CARVALHO
      A Nova Era e a Revolução Cultural
     A concepção gramscista da linguagem é centrada sobre a comunicação, o seu “ser social”.  A linguagem é, sobretudo o elemento onde se estratificam e se exprimem as distinções sociais, as desigualdades culturais fossilizadas. A linguagem contém filosofia e, inversamente “para criar uma ordem intelectual é necessária uma linguagem comum. “A materialidade das ideologias próprias à gnosiologia da política não se reduz exclusivamente à materialidade do conteúdo e das instituições. “A materialidade específica na qual se produz a ideologia é a linguagem, e de modo geral o significado” [5].
     Gramsci estudou o que chamava de “duas Culturas”: a erudita e a popular: do folclore à novela, passando pelo romance popular, a cultura popular, é vista como cultura subalterna, essencialmente assistemática e não elaborada, que implica num novo objeto para a determinação do conceito de cultura: uma história das classes subalternas. Seu estudo corresponde a uma corrente da atual pesquisa histórica, a história das mentalidades.
     A reforma intelectual e moral da sociedade visa elevar as classes subalternas da condição de ‘classe corporativa’ (interesse meramente econômico) a ‘classe nacional’, com consciência de classe e protagonismo, adequando a cultura popular à função prática de realizar a transição para o socialismo, exercer a hegemonia e o consenso, capacitando-a ao exercício do poder [6]. Para isto são necessários dois fatores principais: a ampliação do conceito de intelectual e a criação de uma escola para os intelectuais orgânicos, conscientes de sua posição classista que comandarão o processo a se dar de forma totalmente inconsciente nas massas por via emocional e evitando o uso da razão.
     A ampliação do conceito de intelectual inclui a totalidade dos indivíduos com qualquer nível de instrução, que possam atuar na propaganda ideológica: atores e atrizes do show business ou jogadores de qualquer esporte, publicitários, funcionários públicos, sambistas, roqueiros, letristas, etc. Pessoas que dificilmente sabem articular um pensamento completo, contrariando o conceito clássico de intelectual. São os intelectuais orgânicos [7]. Mas para Gramsci, ‘todo mundo é um filósofo’, pois na linguagem está contida uma específica concepção de mundo. Assim, a lingüística, o estudo da linguagem, está diretamente relacionado aos estudos de política, cultura, filosofia e ‘senso comum’ [8].
     Os intelectuais orgânicos devem se organizar e homogeneizar sua classe com vistas à hegemonia, uma casta consciente preparada para a produção de atividades propagandísticas travestidas de intelectuais. Esta casta forma uma verdadeira escola para atuar como agentes transformadores da consciência e a paulatina modificação do senso comum: são os ‘formadores de opinião’, conscientes de sua atuação.
     Nestes pontos Gramsci também está de acordo com Hitler: “Quando um movimento objetiva pôr abaixo um mundo e construir outro no seu lugar, deve manter a total clareza nos altos escalões de suas lideranças” [9]. Hitler também recomendava, a par de jamais encarar o individuo como pessoa, mas sempre como membro de um grupo social, “peneirar o material humano em dois grandes grupos: apoiadores e membros. Um apoiador é aquele que se declara em acordo com os objetivos, um membro é aquele que luta por eles, e corresponde à minoria” (id.). Alguma diferença entre as massas de idiotas úteis e os intelectuais orgânicos?
     Deve-se lembrar que durante os governos militares, quando a palavra comunista era proscrita e podia dar cadeia, os comunistas rapidamente encontraram uma palavra substituta: intelectuais Estes se reuniam abertamente em locais como o Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro, sem despertar suspeitas e sem correrem riscos, pois seria um absurdo prender intelectuais que “apenas estavam discutindo assuntos de sua exclusiva competência” [10]. Na verdade eram os intelectuais orgânicos – a intelectualidade ampliada – que cumpriam duas tarefas: primeiramente estas reuniões eram usadas para tornar públicas as decisões tomadas à sombra pelos comitês centrais das diversas organizações revolucionárias em segundo lugar, como recomendava Gramsci, tentavam assimilar e conquistar ideologicamente os intelectuais tradicionais e isolar os recalcitrantes expelido-os de seus lugares, títulos, cargos e tudo o mais, assumindo assim a hegemonia. Restou a estes a convicção do reconhecimento da sua dignidade, o que é muito mais dos que os primeiros podem ostentar com todas as comendas e currículos acadêmicos.
     Depois da “redemocratização” e, principalmente, desde 1994 com a ascensão ao poder desta corja, chegou-se à situação atual de termos hoje uma imprensa canalha totalmente dominada [11] e uma academia de formar burros e idiotas. A educação básica não poderia ser diferente do que é.
     Os intelectuais e o Estado
     Há um erro fundamental na crítica às mudanças gramaticais, kit gay e a doutrinação política nas escolas: atribuir a culpa ao Estado tucano ou petista. Na verdade, o desenvolvimento por mais de 30 anos do exposto acima já atingiu uma das principais metas gramscista: a modificação do senso comum, levando a doutrinação das classes intelectuais e subalternas a uma existência autônoma com relação ao Estado e à política. Pode-se pensar, e muitos assim raciocinam, que basta eleger outros governantes de corte conservador para conseguir mudar esta situação da educação brasileira. Certamente isto pode, é e será explorado por aspirantes a cargos públicos que se apresentem como conservadores, liberais ou genericamente ‘de direita’. Nada mais falso! A modificação do senso comum no Brasil já atingiu o nível no qual seu desenvolvimento, ampliação e aprofundamento adquiriram por assim dizer vida própria e não dependem mais do Estado.
     “...para as classes produtivas (burguesia e proletariado) o Estado só é concebível como forma concreta  de um mundo econômico determinado (...) No Entanto.... a classe portadora das novas idéias é a classe dos intelectuais, e a concepção de Estado muda de aspecto. O Estado é concebido como uma coisa em si, como um absoluto racional. Podemos dizer o seguinte: o Estado sendo o quadro concreto de um mundo produtivo dado, e os intelectuais o meio social que melhor se identifica ao pessoal governamental, a transformação do Estado em absoluto é a função própria dos intelectuais. Assim, sua função histórica vê-se  concebida como absoluto e sua existência como que racionalizada  (...) Cada vez que os intelectuais  parecem dirigir, a concepção do Estado enquanto Absoluto reaparece, com todo o cortejo reacionário que a acompanha inevitavelmente” [12].
     A força do Estado nada mais pode fazer para impedir que as ações revolucionárias sigam seu curso, pois estas possuem uma força inercial de tal grandeza que somente uma fortíssima repressão, frente à qual a contra-revolução de 1964 ou mesmo a de 1973 no Chile, pareceriam um acidente num passeio na Disney. O poder a ser enfrentado não está mais na ponta de um fuzil ou em atentados terroristas, mas já ultrapassou a Quarta Fronteira, a fronteira mental da quase totalidade da população de tal forma que não basta enfrentar um establishment identificável o establishment é a força das idéias hegemônicas do que Gramsci recomendava: o ‘Estado ampliado’, a sociedade civil orgânica por ele idealizada.
     Ao examinar a situação escolar brasileira há um imenso risco em adotar uma visão antitética das relações entre Estado e sociedade civil na atual cultura política brasileira, pois a sociedade civil já é capaz de se autoproduzir e reproduzir independentemente da luta política institucionalizada, como observa Magrone [13] :
     Não se trata apenas de um esgotamento das energias utópicas, mas algo mais fundo que se assemelharia à aceitação universal da idéia panglossiana de que vivemos hoje no melhor dos mundos possíveis. A indiferença parece ser hoje o subtexto de quase todos os movimentos da vida pública, gerando uma apatia cidadã que começa a preocupar até mesmo os espíritos menos sensíveis aos efeitos da omissão coletiva na esfera política. Idéias e valores tradicionais perderam o seu poder de configuração. Cada vez mais, a competição agonística dos interesses particulares tem como conseqüência um expressivo estreitamento dos futuros possíveis, a ponto de reduzir qualquer ação social aos limites do lucro próximo.
     Cada vez mais me convenço de que Olavo de Carvalho está certíssimo ao dizer que o brasileiro é o povo mais dinherista do mundo: aos pobres, bolsa família, minha casa minha vida e outras benesses, principalmente cerveja e cachaça baratas. À classe média, controle da inflação, dólar barato, crédito fácil para casas, carros importados, bebidas de qualidade, freqüentes viagens ao exterior. Aos ricos, empresários, banqueiros e principalmente empreiteiros, créditos do BNDES a perder de vista, obras governamentais que facilmente são superfaturadas e, com a expansão do Foro de São Paulo uma penca de governos cúmplices e tão corruptos quanto o nosso para expandir negócios muitas vezes escusos. Usufruindo deste mundo panglossiano, cultura pra quê? Perder tempo com estudo de gramática quando nem mais cheques precisamos preencher, bastam o meios eletrônicos de pagamento nos quais é só digitar uma senha?
     Se Magrone (op.cit.) acerta numa parte do diagnóstico, erra no principal ao dizer:
     Está-se, portanto, diante de uma crise do modo mesmo pelo qual até hoje vivemos e representamos o mundo. Em tal contexto, as idéias de Gramsci parecem não encontrar um terreno propício ao seu desenvolvimento, a despeito do fato de ele ser considerado por muitos intelectuais como o “teórico da crise”. Além disso, a recepção dos Cadernos do cárcere no seio da intelligentsia educacional brasileira é ainda um problema em aberto.
     Magrone parece não perceber que não há necessidade de ler os Cadernos, pois no Brasil já estamos vivendo em pleno mundo gramscista!



[1] Entrevista a Alessandra Moura Bizoni, na Folha Dirigida, 31-5 a 6-6/2011
[3] Equivocam-se os que pensam que as mudanças revolucionárias na educação brasileira correspondem a um projeto originalmente petista. É demasiado elaborada para a maioria tosca que impera no PT, com raras exceções como Marco Aurélio Garcia. O dedo dos intelectuais tucanos deixou nítidas impressões digitais.
[4] Gramsci era pessimista em relação à razão e otimista em relação à vontade e ação, tal como Hitler. Não é por outra razão que em maior louvação ao Führer e seus sequazes, o filme de Leni Riefensthal chama-se O Triunfo da Vontade.
[5] Gramsci e o Estado, Christine Buci-Glucksman, Ed. Paz e Terra, 1980
[6] Sérgio A. A. Coutinho, A Revolução Gramscista no Ocidente, Ed. Ombro a Ombro
[7] Ver Antonio Gramsci, Os Intelectuais e a Organização da Cultura, Civilização Brasileira. Ver também o capítulo III do meu O Eixo do Mal Latino-Americano e a Nova Ordem Mundial, É Realizações
[8] Peter Ives, Language, agency and hegemony: a Gramscian response to Post-Marxism, in Critical Review of International Social and Political Philosophy, vol 8, n 4, 455-468, Dezembro de 2005
[9] Mein Kampf. Ver também Karl Mannheim, Diagnóstico de Nosso Tempo
[10] Um amigo que entende de Gramsci protestou quando eu contestei as versões de que Vladimir Herzog, por não ser guerrilheiro nem terrorista, não deveria ter sido preso. Ao contrário, se os militares deixassem os terroristas e guerrilheiros de lado e prendessem os cabeças gramscistas e frankfurtianos, essencialmente mandantes covardes como Herzog, Chico Buarque ET caterva, não estaríamos hoje na situação em que estamos. Se tivessem aprendido com Gramsci, tvessem cortado as cabeças pensantes e não os executores, a contra-revolução de 64 teria tido muito mais êxito. Mas os militares só sabem enfrentar forças militares opostas. Prender todos os participantes das reuniões no Teatro Casa Grande e seus similares em outras paragens seria muito mais proveitoso do que enfrentar a guerrilha do Araguaia.
[11] Na Alemanha, Hitler e Goebbels liquidaram de forma inicialmente anestésica com a imprensa liberal. Ver Modris Eksteins The Limits of Reason: the German Democratic Press and the Collapse of Weimar Republic, Oxford Historical Monographs
[12] Caderno I, Crítica ao livro de Caica: Origini del Programma nazionale.
[13] Gramsci e a Educação: a renovação de uma agenda esquecida, in Cad. Cedes, Campinas, vol. 26, n. 70, p. 353-372, set./dez. 2006
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Mark Easton, um cidadão de Utah - EUA...
      ... reclamou, na  Prefeitura de sua cidade, que a casa que seu vizinho havia construído diante da dele era 50 cm mais alta do que a norma permitia e que, por isso, destruía a bela visão das montanhas.
      A Prefeitura, então, ordenou ao vizinho que corrigisse a construção, tornando-a 50 cm mais baixa.
      Meses depois a Prefeitura recebeu nova queixa de Mark Easton,  reclamando, desta feita, que, ao reconstruir, o vizinho havia colocado novas janelas...
 

 

      ... que ele, realmente, não apreciava.
Se escapar do castigo, Palocci poderá juntar, em 17 anos, todo o dinheiro do mundo
        Se enriqueceu sem pecar, Antonio Palocci poderia ter esclarecido o caso da multiplicação do patrimônio no mesmo dia em que foi divulgado pela Folha de S. Paulo. Bastaria solicitar aos clientes da Projeto que, para livrar o chefe da Casa Civil de constrangimentos e poupar o país de outra crise política, abrissem mão da cláusula de confidencialidade e permitissem a divulgação de informações básicas. Todos certamente o autorizariam a revelar os nomes das empresas que contrataram seus serviços e dizer quanto cobrou de cada uma. A opção pelo silêncio que já dura 17 dias foi o primeiro indício veemente de culpa.
O segundo foi a contratação do advogado José Roberto Batochio sem ter virado réu oficialmente. A terceira evidência de que Palocci tem culpa no cartório ocorreu nesta quarta-feira, assim que circulou a notícia de que o ministro fora convocado para depor na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados (veja o vídeo abaixo). Apavorados com a rachadura na blindagem, os chefes da aliança governista prometem fazer coisas de que até Deus duvida para impedir o depoimento. É provável que Palocci escape da ameaça. Mas algum dia terá de explicar-se. E não há explicações plausíveis.
        “A crise é de inteira responsabilidade do Palocci”, diz o senador Walter Pinheiro, do PT baiano. “Não é do governo nem do PT”. Talvez seja, sugere a inquietação dos parceiros da base alugada. Sabe-se que a Projeto ganhou pelo menos R$ 20 milhões em quatro anos. Desse total, R$ 7,4 milhões foram gastos na compra de um apartamento e um escritório. Sobram R$ 12,6 milhões. Onde estão? Guardados em bancos? Embaixo de colchões? Foram aplicados de alguma forma? Não sobrou nenhum centavo para o partido? Só depois das respostas a tais perguntas o senador baiano saberá se pode mesmo dormir sem sobressaltos.
A destinação do dinheiro é tão nebulosa quanto a origem. Na reunião com Dilma Rousseff e os senadores do PT, o médico sanitarista admitiu que ganhou muito dinheiro como consultor econômico e financeiro. Mas limitou-se a revelar um único trabalho pesadamente remunerado (recebeu R$ 1 milhão em troca de “consultas” a duas empresas interessadas em fundir-se) e o preço de cada palestra que andou ministrando: entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. É improvável que tenha conseguido como palestrante os R$ 19 milhões que faltam. Nos últimos quatro anos, dispôs de 1.040 dias úteis (incluídos feriados e feriadões). A conta só fecharia se, paralelamente às atividades de deputado federal, Palocci tivesse feito 633 palestras, duas a cada três dias, cobrando o preço máximo por apresentação.
      Caso consiga safar-se das evidências de que subiu na vida como traficante de influência, o ministro terá consumado um segundo milagre de espantar os santos mais poderosos. O primeiro foi a própria multiplicação do patrimônio, comprova a nota divulgada pelo jornalista Ancelmo Gois em sua coluna no jornal O Globo. Diz o seguinte: “A conta, de brincadeira, claro, é do consultor Maurício Hissi, o Bastter. Se Palocci multiplicasse seu patrimônio por 20 a cada quatro anos, bastariam 17 anos para acumular R$ 129 trilhões (ou US$ 80 trilhões) e ser dono de todo o dinheiro do mundo”.
       É difícil entender o apego de Palocci ao emprego. Não vai recuperar o poder que tinha. Melhor aproveitar a vida e disputar a liderança do ranking dos homens mais ricos do planeta.
O rosto pálido, as mãos trêmulas, os lábios secos, a voz gaguejante, os pigarros interrompendo a frase como vírgulas bêbadas, a impossibilidade de consumar o gesto de agarrar o copo d’água ─ os incontáveis sintomas de nervosismo bastariam para transformar a entrevista concedida por Antonio Palocci à TV Globo numa confissão de culpa. Mas o conteúdo foi pior que a forma: o chefe da Casa Civil não explicou nada. Enredou-se em declarações desconexas, negou-se a revelar os nomes dos clientes, confundiu-se com números e porcentagens, buscou refúgio na amnésia malandra, naufragou num palavrório tão raso que, na imagem de Nelson Rodrigues, uma formiga conseguiria atravessá-lo com água pelas canelas.
Em 17 de julho de 2005, levado às cordas pelo escândalo do mensalão, o presidente Lula fez de conta que aprendera a lição antiga como o mundo: “A desgraça da mentira é que, ao contar a primeira, você passa a vida inteira contando mentiras para justificar a primeira que você contou”, constatou numa entrevista ao Fantástico. “Trabalhar com a verdade é muito melhor”. O problema é que a verdade é incompatível com mitômanos e megalomaníacos. Portador das duas patologias, Lula seguiu contando um mentira atrás da outra. No momento, jura que o mensalão nem existiu.
      Em 2006, no depoimento à Corregedoria do Senado, o caseiro Francenildo Costa repetiu, com sinceridade, a lição que Lula declamou por esperteza: “O lado mais fraco não é o do caseiro, é o da mentira”, ensinou a vítima de Palocci. “Duro é falar mentira que você tem que ficar pensando. A verdade é fácil”. Como Lula, Palocci foi longe demais para reconciliar-se com a verdade. Vai seguir mentindo até a queda, que só falta agora ser formalizada. Se o que tem a dizer é o que disse à Globo, a presidente Dilma Rousseff tem o dever de demiti-lo imediatamente.
A farsa desta sexta-feira não pode ser repetida. O Brasil não merece ver pela segunda vez o homem que não merecia uma segunda chance protagonizando na TV o espetáculo do cinismo mal ensaiado.