7 de jun. de 2012

JAMAIS OUTRO BRADO
Por José Gobbo Ferreira



De Formião, filósofo elegante,
vereis como Anibal escarnecia,
quando das artes bélicas, diante dele,
com larga voz tratava e lia. 

A disciplina militar prestante
não se aprende, Senhor, na fantasia,
sonhando, imaginando ou estudando,
senão vendo, tratando e pelejando.

Os Lusíadas, L.V. de Camões, Canto X, CLIII 

A Escola Militar de Resende foi estabelecida em 1º de janeiro de 1944 no município do mesmo nome. Em 1951 passou a chamar-se Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN. Sua finalidade é a formação de Oficiais Combatentes do Exército Brasileiro, bem como, sob convênios específicos, de Oficiais de Exércitos de Nações amigas. Seus alunos, chamados Cadetes, ali frequentam um curso de quatro anos de duração onde tratam e pelejam para aprender a disciplina militar prestante. 

A AMAN é, pois, um estabelecimento destinado ao estudo das disciplinas indispensáveis ao exercício das funções de comando no campo de batalha e fora dele. A par de inúmeras disciplinas das áreas de ciências exatas e humanas, a formação do Oficial inclui instruções militares com material de guerra real, nas mais diversas condições de emprego da tropa, expondo seus integrantes a todos os riscos e perigos inerentes a atividades dessa natureza. Todos aqueles que nela ingressam estão bem a par desses riscos e espera-se deles que se orgulhem de corrê-los, preparando-se para a nobre missão da defesa da Pátria. 

Constitui uma honra muito grande para qualquer Oficial do Exército ser convidado para servir como instrutor na AMAN. O Exército se esforça para escolher aqueles que, à luz dos critérios considerados adequados, se mostram mais aptos para o desempenho dessa missão. 

O instrutor da AMAN é o lapidador do caráter do Cadete, complementando sua formação familiar e a do ensino fundamental. É um mestre, é um orientador, é um chefe e, acima de tudo, um amigo velado, disfarçado sob o manto da disciplina militar. A segurança pessoal, o bem estar, o progresso e o sucesso final de seus Cadetes é o ponto de honra de qualquer Oficial servindo na AMAN, que normalmente continua acompanhando, com carinho e orgulho paternais, o decorrer da carreira de seus pupilos. 

Mas, malgrado todo o zelo e cuidados dos instrutores, fatalidades ocorrem. No dia 9 de outubro de 1990 o Cadete Márcio Lapoente da Silveira veio a falecer em consequência de um exercício de instrução especializada.
Resumindo os fatos, a família do Cadete Lapoente denunciou que a morte havia sido provocada por tortura (?) e essa denuncia acabou por chegar â comissão interamericana de direitos humanos da oea. Essa comissão, depois de inúmeros desrespeitos ao Brasil e de declarar inidônea a Justiça Militar Brasileira exigiu que o estado brasileiro (com letra minúscula mesmo) se submetesse a uma série de humilhações que culminam com a aposição de uma placa vexaminosa nas dependências da Academia Militar das Agulhas Negras.

É mais uma consequência da progressiva subordinação dos governos ditos "de esquerda" aos interesses estrangeiros, por meio da assinatura de inúmeros instrumentos de submissão explícita. Que se humilhem então eles, os políticos asquerosos. Que curvem até o chão suas colunas dorsais flexíveis, expondo os fundilhos imundos de suas roupas íntimas, se as estiverem usando. Mas que deixem nossa Academia fora desses conchavos covardes. 

Será necessário que eu relembre a AMAN aos irmãos de armas? Será que é preciso que eu recorde os dias e noites que passamos, ora nas salas de aulas, de estudos ou de provas, nos parques, nas competições esportivas, nas paradas e nas manobras, exaustos e insones, vadeando o Alambari, progredindo pelos campos de Membeca ou subindo Vaca Magra Alta? 

Será que alguém se esqueceu de nossos sonhos e nossos ideais? 

Será que é preciso trazer à memória que cantávamos no PTM que "jamais outro brado, mais forte entoado será pelo Brasil. Clarins da vitória, cobertos de glória por todo o céu ecoarão, a fama levando, à Pátria lembrando que seus jovens Cadetes não vacilarão em defender o seu brasão" 

Será que o tempo vos transformou, de jovens Cadetes em velhos abúlicos, esquecidos dos votos de outrora? Ou será que tudo aquilo eram palavras ao vento?

Que essa cerimônia de eunucos e cortesãs seja realizada no itamaraty, que já foi de José Maria da Silva Paranhos Jr., o Barão do Rio Branco, mas que hoje é de Celso Amorim, Marco Aurélio Garcia et caterva (o tempora, o mores!). 

Ou que se passe em um anfiteatro da Delta Engenharia, sob a presidência de Cavendish, quando se aproveite para, simultaneamente, inaugurar retratos de Demóstenes, Perillo, Agnelo, Sérgio Cabral e, last but not least, de sua Excia Dilma Vana Roussef, beneficiária de doações de campanha da empresa e mãe da teta graúda chamada PAC, onde tantos corruptos mamam e engordam. 

Ou ocorra então em uma das salas obscuras da revanchista secretaria de direitos humanos da presidência da República. 

Melhor ainda. Que se poupe o povo brasileiro da vergonha e seja no exterior, na tal comissão interamericana de direitos humanos da oea, que não sei onde fica, nem quero saber. 

Se tudo isso falhar, que se dê então em qualquer uma das oito fossas de Malebolge do inferno de Dante, lugar adequado àqueles que voluntariamente dela participarem, mas nunca, jamais, em tempo algum, na AMAN. 

A todos aqueles formados no sagrado solo das Agulhas Negras que aceitaram passivamente essas decisões, sugiro que esqueçam seus juramentos. Acima de tudo, esqueçam-se de mim, que não os reconheço mais como homens de honra. Espojem-se na lama da traição. Trafiquem com seus corpos e almas, mercadejem seus corações e mentes e entreguem ao inimigo o nada ou quase nada que lhes resta de pundonor militar, mas não enxovalhem nossa Academia. 

Na data que as excelências amplamente divulgarem eu, o Cadete 879, Gobbo Ferreira, do Curso de Material Bélico estarei lá e, se estiver só, serei os volteadores, o atirador e os remuniciadores do Grupo de Combate do meu tempo, pois diz o manual que o Material Bélico combate como Infantaria quando necessário e estou pronto. Sempre estive. Se sozinho, assobiarei o hino da Academia e chuparei cana ao mesmo tempo, mas estarei lá! Saiba o encarregado do cerimonial que apresentarei armas ao Aspirante Mega e depois farei o que tiver que ser feito para defender a honra do Exército do meu tempo e o brasão da minha Academia. 

Convido entusiasmadamente e do fundo do coração todos aqueles que entoaram o Brasão do Cadete junto comigo e aqueles que o fizeram antes e depois de mim, para que respondam "presente!" ao Aspirante Mega. Encontrar-nos-emos na casa que foi, é, e sempre será nossa, para transformar o dia da vergonha no dia do alvorecer de novos tempos para o Exército de Caxias. 

Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. 
E não dizemos nada. 
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. 
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.
     
Maiakovski

Wynton Marsalis Jazz - 2010


Três vídeos imperdíveis para os apreciadores de jazz.

Assista na sequência. O primeiro tem 5 minutos, o segundo tem 10 e o terceiro (fantástico) tem 15 minutos.

Clique na seta para assistir aqui ou no símbolo do Youtube para mais recursos, inclusive tela-cheia.







PANFLETO DISTRIBUÍDO EM 01 DE ABRIL DE 1964,
AO LONGO DA RIO-SÃO PAULO, ONDE A
ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS
OCUPOU POSIÇÃO, NO KM 120, NA
VANGUARDA DA CONTRA-REVOLUÇÃO.

Este episódio da placa da tal CIDH, a ser colocada na AMAN, nada mais é do que a revanche.

Esta humilhação explícita, ao Exército e à Nação, não deverá ficar sem resposta.

Se o comandante do Exército não tomar nenhuma atitude, alguém há de tomar.

Além disso, que os remanescentes das turmas de 1964, 1965 e 1967, que se orgulham de terem participado desse capítulo da honrosa história da Academia Militar, providenciem uma placa, reproduzindo este panfleto, a ser incrustrada, para a eternidade, em uma de suas pérgolas - quem sabe ao lado da que reproduz as palavras de Rui Barbosa.

Magal


Rendição e outros conceitos,
velhos e novos,
úteis ou inúteis
à sobrevivência.
QUINTA-FEIRA, 7 DE JUNHO DE 2012

Vania L. Cintra (Cientista Política)
http://www.minhatrincheira.com.br 

Devo estar precisando voltar urgentemente à Escola básica para adquirir, não só um vocabulário mais rico e flexível, como conceitos novos, mais adequados à nossa “pós-modernidade”. Os meus se estão mostrando insuficientes e/ou ultrapassados. Muito equivocados. 

Utilizando-os em meu raciocínio, eu diria que:
  • uma placa, em bronze, dedicada à memória dos Cadetes mortos acidentalmente em treinamento militar já deveria ter sido providenciada por iniciativa do Comando da AMAN há muito tempo. A inexistência de tal placa é inexplicável e é também uma falha imperdoável. Todos aqueles que se apresentaram naquela Academia e cumpriram o que ela lhes exigia merecem grande consideração por terem, algum dia, desejado servir à Pátria – ou seja, por terem desejado nos servir, oferecendo, para tanto, sua própria vida. Nenhum deles estaria ali pretendendo pular corda, brincar de amarelinha ou jogar conversa fora;
  • a assistência médica integral prestada por um corpo de profissionais altamente qualificados e o controle constante, atento e rígido do estado de saúde dos alunos da AMAN são nada mais que uma obrigação resultante da responsabilidade do Comando da Escola. Selecionar instrutores íntegros e impedir a prática de agressões desnecessárias, igualmente. Se alguém se omite e, comprovadamente, essas providências não são tomadas por qualquer que seja o motivo (orçamentário inclusive), ou se alguém se excede em suas funções, desvirtuando-as, puna-se o indivíduo responsável (ou os indivíduos responsáveis, qualquer que seja a sua alçada), nunca a Instituição Militar, nunca o Estado brasileiro; 
  • determinar que, ao som de discursos e fanfarra, seja exposta ao público uma placa fixada na Academia Militar das Agulhas Negras com uma inscrição que declara que ela, Academia, e o Exército Brasileiro homenageiam os mortos em atividade de instrução em obediência ao que determina um “acordo de solução amistosa” celebrado entre o Estado Brasileiro e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, bem, isso não será outra coisa senão um imenso desaforo. É muita falta de respeito não só aos mortos na AMAN e aos que dela saíram vivos e cientes do que ali buscaram aprender a fazer bem feito, como também a todos os brasileiros, vivos ou mortos. E submeter-se a tamanha afronta é muita pouca-vergonha; 
  • se tal ato não significa a rendição incondicional a uma força internacional, força essa que, por luxo, é meramente verbal, ou seja, é só lero-lero, sem que qualquer resistência tenha sido sequer insinuada ou ensaiada, já não sei mais que poderia significar a palavra “rendição”. Nem sei mais que significaria a palavra “conchavo”. Ou a palavra “derrota”. Ou a palavra “covardia”; 
  • ao que se saiba, não estamos em guerra e ninguém nos invadiu ou ocupou o território militarmente. Nem por isso será absurdo concluir que estamos, todos nós, subordinados a um Comando ideológico inimigo muito semelhante, nos efeitos de sua ação, a um Comando invasor de fato. O Ministério da defesa-do-não-se-sabe-bem-quê não ordena ao EB que ocupe seu tempo - que, no entender de uns, é vago -, que empregue seus recursos - que, no entender de outros, são suficientes - e ofereça seu “braço forte” para encarregar-se de dar soluções eficazes, bem educadas e bem baratinhas a assuntos que vão desde a construção do que será, em seguida, privatizado (estradas, aeroportos, campos de futebol...) até o recolhimento do lixo das favelas, a distribuição de água na indústria eleitoral da seca etc. etc.? Pois nada mais natural que utilize esse know how em “economia” em benefício da projeção internacional de nosso Governo, mostrando o quanto ele pode ser confiável. Basta exigir do mesmo EB que estenda sua “mão amiga” às garras daqueles que a querem ver algemada e estendida à palmatória. Vai daí que, pensemos: por que e para que seríamos invadidos e ocupados militarmente, uma vez que nos mostramos perfeitamente capazes de, com as palavras certas, poupar, a nós mesmos e ao mundo, um transtorno de ordem prática e um desgaste financeiro? Que se danem, portanto, as Instituições brasileiras e o Estado brasileiro, do qual nem uma tênue idéia sequer alguém ainda consegue manter.
Nos velhos, sim, significaria, mas nos novos dicionários e nos novos manuais politicamente corretos nada disso significa submissão, desarticulação ou humilhação de todos nós, brasileiros, civis ou militares. Talvez signifique uma... “sadia sublimação”... sei lá.

Obedeçamos, pois, gentil e “diplomaticamente”, às ordens da OEA, da ONU, do Conselho do Mercosul etc. etc... E ninguém se surpreenda quando, muito em breve, o MD determinar que, na AMAN, atendendo aos preceitos que orientam a busca da paz universal e observando os cuidados com os direitos humanos, os “jogos” de sobrevivência na selva, de combate de montanha, de patrulha de longo alcance e outros “jogos” mais, divertidos mas muito violentos, sejam praticados apenas virtualmente. Na hora do recreio. Entre as lições de Filosofia e as de Excelência Gerencial, que são, de fato, muito, muito árduas. Ou não são?

Já no que só de mim depende, prometo que vou procurar me instruir mais e melhor... e não direi mais bobagens. 

Quem sabe se, assim, não perco o bonde da História e ainda consigo me pôr a salvo?


Imagem inserida pelo Blog.


6 de jun. de 2012

Você gosta de Jazz ?

Lalo Schifrin - Prague Proms 2010
Jazz Meets the Symphony
James Morrison
Český národní symfonický orchestr



Missão Impossível
(Este vídeo irá autodestruir-se em cinco segundos)



Assista aqui, clicando na seta. 
Se desejar assistir com mais recursos, inclusive tela cheia, clique no símbolo do YouTube.






MINHAS CORRUPÇÕES PREDILETAS

Janer Cristaldo
11.05.2012

Leitores querem saber por que não escrevo sobre as grandes corrupções nacionais. Ora, isto está na primeira página de todos os jornais. A crônica é tão vasta que já existem extensas compilações on line, para orientar o leitor no organograma da corrupção. Prefiro falar sobre o que os jornais não trazem. Por exemplo, o Chico Buarque sendo traduzido na Coréia às custas do contribuinte. Não sei se o leitor notou, mas a dita grande imprensa não disse um pio sobre isto. O que sabemos vem da blogosfera. 

Prefiro falar de corrupções mais sutis, quase imperceptíveis, mas corrupções. A imprensa denuncia com entusiasmo a corrupção no congresso, na política, nos tribunais. Não diz uma palavrinha sobre a corrupção no santo dos santos, a universidade. Corrupção esta mais difícil de ser detectada, já que em geral foi legalizada. Mordomias para encontros literários internacionais inúteis, concursos com cartas marcadas, endogamia universitária, tudo isto se tornou rotina no mundo acadêmico e não é visto como corrupção.

JORGE AMADO
Tampouco se fala sobre a corrupção no mundo literário, que há muito se prostituiu. Jorge Amado, que passou boa parte de sua vida escrevendo a soldo de Moscou, está sendo homenageado nestes dias no país todo. Devo ter sido o único jornalista que o denuncia – e isto há décadas – como a prostituta-mor das letras tupiniquins.

Corrupção só existe quando em uma ponta está o Estado. Se o dono de meu boteco me cobra 50 reais por uma cerveja e eu pago com meu dinheiro, pode ter ocorrido um abuso, mas jamais corrupção. O dinheiro é meu e a ele dou a destinação que quiser, por estúpida que seja. Mas se um fornecedor de cervejas as vende por 50 reais ao governo, está caracterizada a corrupção. Porque governo não tem dinheiro. Governo paga com os meus, os teus, os nossos impostos. E obviamente alguém do governo vai levar algo nessa negociata.

Escritores, esses curiosos profissionais que querem transformar suas inefáveis dores-de-cotovelo em fonte de renda, adoram subsídios do Estado. Não falta quem pretenda a regulamentação da profissão. O que não seria de espantar, neste país onde até a profissão de benzedeira acaba de ser reconhecida no Paraná. (Voltarei ao assunto).

Em 2002, Mário Prata, medíocre cronista do Estadão, pedia a Fernando Henrique Cardoso o reconhecimento da profissão de escritor: "O que eu quero, meu presidente, é que antes de o senhor deixar o governo, me reconheça como escritor". Claro que não era apenas a oficialização de uma profissão que estava em jogo. Mas o financiamento público da guilda. Cabe observar como o cronista, subserviente, se habilita ao privilégio: “meu presidente”.

Esquecendo que existe um Congresso neste país, o cronista pedia ao presidente a elaboração de uma lei. Mais ainda. Citava a Inglaterra como exemplo de país onde o escritor é reconhecido. Lá, segundo o cronista, toda editora que publicar um livro, tinha que mandar um exemplar para cada biblioteca pública do país. "Claro que os 40 mil exemplares são comprados pelo governo. Quem ganha? Em primeiro lugar o público. Ganha a editora, ganha o escritor. Ganha o País. Ganha a profissão".

E quem perde? - seria de perguntar-se. A resposta é simples: como o governo não paga de seu bolso coisa alguma, perde o contribuinte, que com os impostos tem de sustentar autores até mesmo sem público. É o que chamo de indústria textil. Textil assim mesmo, sem acento: a indústria do texto. É uma indústria divina: você pode não ter nem um mísero leitor e vender 40 mil exemplares. O personagem mais venal que conheço é o escritor profissional. Ele segue os baixos instintos de sua clientela. O público quer medo? Ele oferece medo. O público quer lágrimas? Ele vende lágrimas. O público quer auto-ajuda? Ele a fornece. É preciso salvar o famoso leite das criancinhas. 

No fundo, saudades da finada União Soviética, onde os escritores eram pagos pelo Estado comunista para louvar o Estado comunista. Seguidamente comento – e creio ser o único a comentar – o livro A Sombra do Kremlin, relato de viagem do jornalista gaúcho Orlando Loureiro, que viajou a Moscou em 1952, mais ou menos na mesma época que outro jornalista gaúcho, Josué Guimarães. Enquanto Josué, comunista de carteirinha, vê o paraíso na União Soviética em As Muralhas de Jericó, Loureiro vê uma rígida ditadura, que assume o controle de todo pensamento. Comentando a literatura na então gloriosa e triunfante URSS, escreve Loureiro: 

A União dos Escritores funciona como um Vaticano para a moderna literatura soviética. O julgamento das obras a serem lançadas obedece a um critério estreito e sectário de crítica literária. Esta função é exercida por um conselho reunido em assembléia, que discute os novos livros e sobre eles firma a opinião oficial da sociedade. A exegese não se restringe aos aspectos literários ou artísticos da obra julgada, senão que abrange com particular severidade seu conteúdo filosófico, que deve estar em harmonia absoluta com os conceitos de “realidade socialista” e guardar absoluta fidelidade aos princípios ideológicos da doutrina marxista. Se o livro apresentar méritos dentro do ponto de vista dessa moral convencionada, se resistir a esse teste de eliminatória, então passará por um rigoroso trabalho de equipe dentro dos órgãos técnicos da União, podendo vir a tornar-se num legítimo best-seller, com tiragens astronômicas de 2 a 3 milhões de exemplares. E o seu modesto e obscuro autor poderá ser um nouveau riche da literatura e será festejado e exaltado e terminará ganhando o cobiçado prêmio Stalin... 

Foi o que aconteceu com a prostituta-mor das letras brasileiras. Em 1950, o ex-nazista e militante comunista Jorge Amado passou a residir no Castelo da União dos Escritores, em Dobris, na ex-Tchecoslováquia, onde escreveu O Mundo da Paz, uma ode a Lênin, Stalin e ao ditador albanês Envers Hodja. No ano seguinte, quando o livro foi publicado, recebeu em Moscou o Prêmio Stalin Internacional da Paz, atribuído ao conjunto de sua obra, condecoração geralmente omitida em suas biografias

Não que hoje se peça profissão de fé marxista ou louvores a Stalin. No Brasil, para ter sucesso, o escritor hoje tem de aderir ao esquerdismo governamental. Não precisa louvar abertamente o PT. Mas se tiver dito uma única palavrinha contra, não é convidado nem para tertúlia nos salões literários de Não-me-toques. Você jamais ouvirá um Luís Fernando Verissimo, Mário Prata, Inácio de Loyola Brandão ou Cristóvão Tezza fazendo o mínimo reproche às corrupções do PT. Perderiam as recomendações oficiais como leituras escolares e acadêmicas... e uma considerável fatia de seus direitos de autor. O livro de Loureiro não mais existe, só pode ser encontrado em sebos. Os de Josué continuam nas livrarias. Et pour cause... 

Escritor financiado pelo Estado é escritor que vendeu sua alma ao poder. É o que acontece quando literatura vira profissão. Alguns se rendem aos baixos instintos do grande público e fazem fortuna considerável. Uma minoria consegue exercer honestamente a literatura e manter a cabeça acima da linha d'água.

Uma imensa maioria, que não consegue ganhar a vida nem honesta nem desonestamente, apela à cornucópia mais ao alcance de suas mãos, o bolso do contribuinte. É o caso de Chico Buarque, o talentoso escritor cujo talento maior parece ser descolar financiamento para sua “obra” junto ao contribuinte. Mas Chico está longe de ser o único. Está cometendo algum crime? Nenhum, seus subsídios são perfeitamente legais. Mas por que cargas eu ou você temos de pagar pelas traduções e viagens a congressos internacionais de um escritor que se dá ao luxo de ter uma maison secondaire às margens do Sena?

Ainda há pouco, eu comentava o absurdo de o contribuinte financiar a tradução de Chico na Coréia. Leio agora que o programa de bolsas de tradução da Biblioteca Nacional vai apoiar mais autores best-sellers no Brasil. O Diário de um Mago, de Paulo Coelho, será lançado na China pela editora Thinkingdom Media Group. Já As Esganadas, de Jô Soares, estará nas livrarias francesas. Ora, Coelho tornou-se milionário graças a suas obras de auto-ajuda, já traduzidas em quase 60 idiomas. Jô, que deve ganhar salário milionário na televisão, tem seus livros entre os mais vendidos, graças ao fator Rede Globo. Será que estes senhores precisam enfiar a mão em nosso bolso para pagarem seus tradutores na China e na França? 

É destas corrupções, perfeitamente legais, que prefiro falar. Porque delas ninguém fala. Em verdade, nem mesmo os leitores. Não há quem não chie contra a carga tributária imposta ao contribuinte no Brasil. Mas todos pagam sem chiar as mordomias destas prostitutas das Letras.
=========================================================================  
Imagens inseridas pelo Blog.


Ray Bradbury dies - Science fiction author of
"Fahrenheit 451" and "Martian Chronicles" was 91.
Ray Bradbury, a boundlessly imaginative novelist who wrote some of the most popular science-fiction books of all time, including “Fahrenheit 451” and “The Martian Chronicles,” and who transformed the genre of flying saucers and little green men into literature exploring childhood terrors, colonialism and the erosion of individual thought, died June 5 in Los Angeles. He was 91.
His agent, Michael Congdon, confirmed the death but declined to disclose the cause.
Mr. Bradbury, who began his career in the 1930s contributing stories to pulp-fiction magazines, received a special Pulitzer Prize citation in 2007 “for his distinguished, prolific and deeply influential career as an unmatched author of science fiction and fantasy.”
His body of works, which continued to appear through recent years to terrific reviews, encompassed more than 500 titles, including novels, plays (“Dandelion Wine,” adapted from his 1957 semi-autobiographical novel), children’s books and short stories. His tales were often made into films, including the futuristic story of a book-burning society (director Francois Truffaut’s “Fahrenheit 451” in 1966), a suspense story about childhood fears (“Something Wicked This Way Comes” in 1983) and the more straightforward alien attack story (“It Came From Outer Space” in 1953).
He helped write filmmaker John Huston’s 1956 movie adaptation of Herman Melville’s novel “Moby-Dick” and contributed scripts to the TV anthology programs “The Twilight Zone” and “Alfred Hitchcock Presents.” Mr. Bradbury hosted his own science-fiction anthology program, “The Ray Bradbury Theater,” from 1985 to 1992 on the HBO and USA cable networks.
“Bradbury took the conventions of the science-fiction genre — time travel, robots, space exploration — and made them signify beyond themselves, giving them a broader and more nuanced emotional appeal to general readers,” said William F. Touponce, a founder and former director of the Center for Ray Bradbury Studies at Indiana University-Purdue University Indianapolis.
“His stories expanded the range of the genre by mixing in with science-fiction themes more traditional elements of romance, together with humor and satire, and even myth and fairy tales, which no doubt contributed to their appeal to a wider audience,” Touponce said.
Having grown up steeped in horror films and pulp magazines such as Amazing Stories, Mr. Bradbury was well-versed in the conventions of science fiction. But the author took those motifs to another level, Touponce said, by using them to comment on broader human themes.
“The Martian Chronicles,” released to wide acclaim in 1950, used the guide of science fiction to explore colonialism, nuclear war and the transformative power of one’s environment.
The book sealed his reputation as a science-fiction writer, but Mr. Bradbury frequently eschewed the label.
“People say, ‘Are you a fantasy writer?’ No,” Mr. Bradbury told the Charlotte Observer in 1997. “ ‘Are you a science fiction writer?’ No. I’m a magician.”
He explained: “Science fiction is the art of the possible, not the art of the impossible. As soon as you deal with things that can’t happen, you are writing fantasy.”
Foi-se mais um ídolo de minha juventude...


Vale a pena ver de novo
   
   
Clicar no canto inferior direito para tela cheia.




Maria Callas - Casta diva (1957)




Freeware  Update News

(clique no título para baixar)

Posted: 05 Jun 2012 04:05 AM PDT

XnView is freeware software that allows you to view and convert graphic files. It's very fast and easy to use. But more importantly it supports more than 400 graphics formats!
Posted: 05 Jun 2012 02:17 AM PDT

Picasa is software that helps you instantly find, edit and share all the pictures on your PC. Every time you open Picasa, it automatically locates all your pictures (even ones you forgot you had) and sorts them into visual albums organized by date with folder names you will recognize. You can drag and drop to arrange your albums and make labels to ...
Posted: 04 Jun 2012 11:01 PM PDT

PostgreSQL is a powerful, open source object-relational database system. It has more than 15 years of active development and a proven architecture that has earned it a strong reputation for reliability, data integrity, and correctness.
Posted: 05 Jun 2012 01:37 AM PDT

Google Chrome is a browser that combines a minimal design with sophisticated technology to make the web faster, safer, and easier.
Posted: 04 Jun 2012 10:57 PM PDT

Gladinet Cloud Desktop mounts cloud storage as local folders. Users can access their cloud files in Windows Explorer. Supported storage includes Amazon S3, AT&T Synaptic, Box.net, EMC Atmos onLine, FTP, Google Docs and Picasa, Google Storage for Developer, Mezeo, Nirvanix, OpenStack, Peer1 CloudOne, Rackspace Cloud Files, WebDav, Windows Azure Stor...
Posted: 04 Jun 2012 10:50 PM PDT

PDFCreator is a free tool to create PDF files from nearly any Windows application.



Juiz:
- Quando você percebeu que havia sido estuprada ?
- Quando o cheque voltou - diz a prostituta.

A mulher entra num restaurante e encontra o marido com outra:
- Seu cafajeste, você pode me explicar o que é isto?
- Só pode ser azar - diz ele.

Num dia de muito calor, o marido sai do banho pelado, chega pra esposa e fala:
- Meu bem, está muito quente; o que você acha que os vizinhos vão dizer, se eu for cortar a grama assim, completamente nu ?
- Provavelmente, que eu me casei com você só por dinheiro.

- Lobo, por que você tem essa testa tão suada, olhos tão apertados e os dentes tão arreganhados ?
- Pô, Chapeuzinho, deixa eu fazer cocô em paz !





Confira o seu cadastro no SiCaPEx
(atualizado em Maio 2012)

O SiCaPEx é o novo sistema de cadastramento do pessoal militar, com enquadramento nos diferentes SUBGRUPOS DE CATALOGAÇÃO DO REBANHO FARDADO, como se segue:

- SiCuspEx: cadastro de pessoal que leva cusparadas quando promove reuniões comemorativas do 31 de Março.

- SiDurEx: cadastro do pessoal que tá duro, sem dinheiro, negativado  financeiramente pelo salário de fome.  

- SiMudEx: Cadastro dos Generais mudos, que só pensam naquilo.

- SiCarrEx: Cadastro do pessoal carreirista, que não faz marola.

- SiConsigpEx: Pessoal que paga juros do empréstimo consignado da Poupex.

SiConsigpEx2: Pessoal que tem 2 empréstimos consignados da Poupex.

- SiFudEx: Pessoal com empréstimo consignado ao mesmo tempo no Banco do Brasil, CEF, BRADESCO,  SANTANDER, ITAU, REAL, BNDES, PACTUAL, FMI, agiota, banco de jardim e o  escambal.

- SimPassarEx:  Pessoal inativo que deixou de assinar o "não passarão", alegando "não é do meu feitio", "não participo de manifestações coletivas", "não me manifesto, pois sempre fui moita", "tenho cagaço", "precisamos manter-nos unidos e coesos em torno dos chefes", "sou amigo do Enzo",   "eu acredito em duende", "mamãe não deixa" etc.

- SisHospEx:  Pessoal que sai com a patroa à tarde, para fazer lanche nas cantinas dos HG - mais barato.

SiConCheq: Pessoal que recebe contracheque com dois meses de atraso.

- Si100ConCheq: Pessoal cujo contracheque pelo correio nunca chega.

- SisConsultEx Pessoal  inativo que acorda 5 horas da manhã prá entrar na fila de marcação de consulta nos HGs do EB.

- SisCalaboquEx: Pessoal que aceita cala-boca enquanto a galera tá matando cachorro a grito (apenas um canalha cadastrado até o momento).

- SimHRomEu: Backup do Sistema anterior.

- SisBundEx: se o companheiro não está em nenhum cadastro , vai pro SisBundEx.