2 de mai. de 2013

Só se fala do ‘efeito tomate’ na cozinha de Dilma 

Josias de Souza


Desse tamaninho !

Há três dias, um parlamentar do PMDB foi ao gabinete de um influente ministro do PT. Solicitara a audiência para tentar resolver uma demanda de sua província. Coisa relacionada à liberação das verbas de um convênio. Ao chegar, o congressista fez uma dessas perguntas ingênuas que todos fazem quando querem puxar conversa: “Como vão as coisas?” A resposta soou inusitada: “Tirando o efeito tomate, vai tudo muito bem.” 

O visitante fez cara de dúvida. O que levou o ministro, frequentador contumaz da conzinha do Planalto, a explicar-se: “A presidenta Dilma tomou uma série de medidas de grande impacto. Ela elevou o Bolsa Família dos brasileiros que estão na extrema pobreza, reduziu a tarifa da conta de luz e tirou os impostos da cesta básica. Fez tudo isso e não se fala em outra coisa além da disparada do preço do tomate.” A inflação conspurcou a estratégia política de Dilma, eis o miolo da tese. 

Como no poema de Carlos Drummond de Andrade, no meio da Presidência custuma ter uma pedra. Pois no meio da Presidência de Dilma tem duas pedras: inflação alta e PIB baixo. Para complicar, a carestia invade a geladeira da classe média e dos mais pobres –justamente os nichos do eleitorado a quem a candidata do PT dedica suas melhores atenções. 

Vive-se nos arredores de Dilma uma tensão que pode inchar ou diminuir seu prestígio político. O repórter ouviu três personagens sobre o tema –o ministro que cunhou a expressão “efeito tomate”, um membro do diretório nacional do PT e um economista que esteve com a presidente no início da semana. Nenhum dos três se animou a questionar o “favoritismo” de Dilma para 2014. 

Porém… 

Todos concordaram com o argumento de que uma inflação como a dos últimos 12 meses (6,59%), acima do teto da meta oficial, constitui matéria prima para a oposição. Um deles disse: uma escalada inflacionária que tem como vilões a farinha de mandioca (alta de 151,39% em 12 meses), o tomate (122,13%) e a cebola (76,46%) obviamente precisa ser enfrentada com vigor. Outro realçou que será preciso pressionar o pedal dos juros sem permitir que o PIB evolua de pífio para estacionário. Algo tão complicado quanto retirar cartolas de dentro de coelhos

As vendas de alimentos e bebidas caíram 2,1% em fevereiro, informou a Abras (Associação Brasileira de Supermercados). O PIB, que subira 1,43% em janeiro, recuou 0,52% em fevereiro, aditou o Banco Central. E a deterioração das expectativas talvez leve a uma elevação da taxa de juros, admitiu o ministro Guido Mantega (Fazenda). A oposição olha para essa cena e se imagina diante da sua hora. 

Dilma dispõe de mecanismos para agir. Mas sua ação terá um custo. Qual? Depende da dose do remédio. A presidente reiterou nesta sexta-feira (13) que não cogita puxar para baixo o emprego. O diabo é que a economia, conhecida como “ciência maldita”, por vezes tem mais de maldita do que de ciência. Lida com o real – os apetites humanos— e o abstrato – o valor do trabalho e das coisas. E busca a precisão em meio ao mistério do comportamento humano. 

A entressafra está no final e os preços dos alimentos logo cairão, aposta o ministro Mantega. Normalizada a produção, nada assegura que os varejistas irão voltar a praticar os preços anteriores, diz um analista do Banco Itaú que conversou com o blog. Ele lapida o argumento: não há chuvas nem trovoadas no setor de serviços. E também nesse nicho a inflação subiu além do razoável. 

No início da semana, Dilma recebeu a portas fechadas três bambambãs da economia: Delfim Netto, Luiz Gonzaga Beluzzo e Yoshiaki Nakano. O repórter falou com um deles. Não quis relatar muita coisa. Mas contou que a inflação ocupou apenas parte da conversa. O que embatucava Dilma de verdade era o PIB. Impressiona-se com a resistência do empresariado em investir. Acha que fez a sua parte : baixou juro, serviu desonerações e apressa concessões de serviços públicos. 

Um dos presentes afirmou, com outras palavras, que o dinheiro é medroso. E parte do empresariado olha torto para o governo. Foge dos contratos de concessão sob o argumento de que exigem a abertura da caixa registradora ao mesmo tempo que limitam a taxa de retorno do dono da verba. 

A exemplo dos búzios, o planejamento econômico do governo está sempre certo. As pessoas é que não fazem o planejado. Em dois anos de Dilma, nem o consumidor respondeu plenamente aos estímulos de compra nem o investidor apostou na produção a contento. O resultado foi um PIB médio mixuruca: 1,8% em 24 meses. 

Aferrada às estatísticas de emprego e renda, ainda não alcançadas pela crise, Dilma começa dizer coisas que não fazem nexo. Por exemplo: declarou nesta sexta (12), em Porto Alegre, que a renda média do brasileiro vai dobrar até o ano da graça de 2022. O economista que esteve com ela pondera : para que isso ocorresse, o país precisaria crescer a taxas anuais superiores a 8%. E o Brasil não é a China. 

Dissemina-se ao redor de Dilma a impressão de que falta à sua gestão uma marca. A de cuidadora dos pobres se confunde com o legado de Lula. A de faxineira foi para o espaço na última reforma do ministério. 

Sobra, por ora, uma vaga impressão de que é gestora rígida e eficaz. 

A inflação, se mal combatida, pode mandar essa fama para o bebeléu. 

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30 de abril de 2013 | 20h00 

Celso Ming 

Sanfona Fiscal

A última Coluna comentou, de passagem, certas esquisitices defendidas pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin. É preciso voltar a elas pelas implicações que trazem para a economia e para o crescimento do Brasil. 

Em entrevista publicada segunda-feira pelo jornal Valor, Augustin deu como decisão fechada do governo Dilma o uso sanfona, digamos assim, da política fiscal. 

A política mudou; não há mais compromisso do governo, afirmou ele, com a formação de um superávit primário de 3,1% do PIB com o objetivo de reduzir a dívida. Se o avanço econômico continuar no ritmo devagar-quase-parando, como aparentemente está acontecendo, o governo aumentará suas despesas para estimular a atividade econômica. Caso a economia volte a engatar a quarta marcha, as despesas públicas poderão cair. 

Antes de prosseguir, os conceitos. Superávit primário é a sobra de arrecadação destinada exclusivamente para abatimento da dívida pública. Os tais 3,1% do PIB corresponderiam, neste ano, a R$ 156 bilhões, valor que ultrapassaria os 15% da arrecadação federal prevista. É formado não só com poupança do governo federal mas, também, dos Estados e municípios. 

O que o secretário Augustin está dizendo é que o governo não está mais olhando para a dívida. Ao que tudo indica a considera de bom tamanho. Manejará as despesas públicas como instrumento anticíclico, como acima explicado. 

A novidade traz problemas. O Banco Central trabalha de outro jeito. Dá como favas contadas a formação do superávit de 3,1% do PIB, independentemente do comportamento da atividade econômica. Por aí já dá para sacar que há pontos de vista fortemente divergentes dentro do governo – considerando-se aí o Banco Central também como governo. 

Essa divergência não é picuinha de economista. O Banco Central vem insistindo em que o governo federal já vem gastando demais. Isso não está sendo repetido somente nos documentos oficiais (Relatório de Inflação e atas do Copom). Também é tema dos seus dirigentes. Nesta terça-feira, por exemplo, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, voltou a advertir que a política fiscal é expansionista demais. Logo, o uso sanfona da política fiscal é obstáculo para o controle da inflação. E o primeiro efeito dessa nova política fiscal (nova, porque mudou em relação à que existia) é o curto-circuito na comunicação com o mercado que, agora, não sabe se vale o que diz o secretário Augustin, que se apresenta em nome do governo, ou se vale o recado do Banco Central, que também fala pelo governo. 

O problema não acaba aí. Pairam dúvidas consistentes de que rédeas soltas demais na condução das despesas públicas obtenham o efeito pretendido, o de expandir a produção. Até agora só ativaram o consumo que desemboca em mais encomendas ao exterior. Esse jogo perdulário defendido pelo secretário Augustin não está apenas puxando mais inflação e, nessas condições, destruindo renda e capacidade de crescimento. Está ajudando mais a indústria no resto do mundo do que a daqui. 

Confira:

Esta é, entre março de 2009 e deste ano, a evolução da dívida bruta do Governo Geral (governos federal, estaduais e municipais); e da dívida líquida do Setor Público (que inclui Banco Central e empresas estatais).

Mais juros? 

Outra implicação da sanfona fiscal defendida pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin: quanto maiores forem as despesas públicas, mais terão de subir os juros para conter a inflação. 

É o que ele quer?

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Comentário do Blog

A máquina pública está pesada, inchada, repleta de pessoas que nada produzem a não ser mais despesas. Falta de planejamento, casuísmos de toda sorte, criação de mais e mais órgãos, secretarias e ministérios, para acomodar uma imensa porção de aliados, está sempre sendo usada com a finalidade de reeleição. 

O resultado ? 

Aí está !

Falta seriedade de investimentos, sem contar com a corrupção que sangra cada vez mais os cofres públicos.

É preciso dar um basta !




28 de abr. de 2013


O ASSASSINO QUE MATOU A DENTISTA CINTHYA É MENOR DE IDADE, SEU ROSTO NÃO PODE SE MOSTRADO, MAS EU MOSTRO A CARA DOS VERDADEIROS ASSASSINOS


Reinaldo Azevedo


Marquem bem estes rostos, principalmente o primeiro, e na próxima eleição, reelejam a assassina de seus filhos. Reelejam os bandidos, os mensaleiros, os vagabundos cujo rosto vocês podem ver.

Pois o rosto dos eles defendem, não podem se mostrados nem seus nomes podem ser conhecidos.

Cada vez que um dos seus filhos não voltar para casa, pensem no lixo que vocês escolheram como presidente. Pensem na quadrilha que vocês colocaram no poder, que criaram a impunidade e o deboche.

Foram eles que jogaram o álcool e permitirão que em breve seja jogado novamente em outra mulher inocente. Foram eles que apertaram o gatilho que matou o jovem Victor Hugo, que matou Geovana, que matou Adrielly e tantos outros.

O dinheiro que deveria ser usado para dar segurança a vocês a seus filhos, foi gasto e é gasto em mensalões de "cumpoanheiros", gasto em hotéis de luxo em Roma e Paris, gasto por Lula com suas vagabundas Rosimerys e eu não sei de nada.

Votem, continuem votando nos nestes vermes imundos e continuem enterrando seus filhos e filhas, mas não esperem justiça. Não destes assassinos.

Leiam agora o artigo abaixo e reflitam, saibam em que excrementos vocês estão votando.

Entre os que meteram fogo na dentista, um menor. Em três anos, estará nas ruas, sob o aplauso de Maria do Rosário, Gilberto Carvalho e Dilma Rousseff

Vejam estes dois:

O que mostra a cara é Vitor Miguel dos Santos da Silva. O outro é um “menor”. É o “F”. Não pode ter nem nome nem imagem divulgados. São dois dos assassinos da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza. Eles jogaram álcool em seu corpo e atearam fogo. 

Vejam de novo: não são mesmo a cara da subnutrição, da pobreza, da esqualidez, do desamparo, da carência de vitaminas, proteínas e sais minerais? 

 Então não é verdade que a gente olha pra eles e vê, coitadinhos, que a miséria impediu o devido processo de mielinização, e eles se transformaram nesses seres deformados, verdadeiros quasímodos espirituais, o que os impediu de ganhar senso de moral e justiça. Tenham paciência!

Sim, leitores, entre os três “suspeitos” — a palavra é um jargão jurídico porque não houve condenação — da morte da dentista, em São Bernardo, está aquele pobre menor, que, como se vê, enfrenta as agruras do raquitismo… 

A morte do estudante Victor Hugo Deppman foi brutal, estúpida, incompreensível para nós. E a de Cinthya? Aos bandidos, não bastava eliminá-la. Escolheram o caminho mais cruel que conseguiram imaginar na hora. Com essa turma, nada de tiro de misericórdia. Eles queriam que ela sofresse por ter apenas R$ 30 na conta bancária. Queriam mais grana. Achavam que ela tinha a obrigação de lhes fornecer mais. Ou, então, a morte dolorosa. 

Estes dois não estavam dispostos a pôr seus músculos para trabalhar. Preferiram usar a força e sua imensa covardia para tomar o que os outros conseguiram com o seu próprio esforço.

O menor vai ficar, no máximo, três anos internado na Fundação Casa. Ainda que se estenda um pouco o prazo, o que é possível, não ficará além dos 21 em nenhuma hipótese. E agora? 

Mais uma vez, vamos ouvir a gritaria: “Nada de legislar sob emoção! É preciso esperar a poeira baixar!” Se as leis não mudam quando os problemas aparecem, então mudam quando?

Em três anos, esse rapaz que incendeia pessoas estará nas ruas. Não saberemos o seu nome. Sua ficha estará limpa. Se ele quiser se candidatar a guardinha de jardim de infância, pode. Se ele quiser fazer um curso para integrar alguma empresa privada de segurança, pode. Mais ainda: se ele quiser integrar as forças regulares e oficiais, também pode. Daqui a três anos, estará a apto, a depender da escolha que faça, a ser portador de uma arma legal.

“Ah, mas baixar a maioridade penal não adianta…” 

Eu não tenho a menor ideia do que significa a expressão “não adianta”. O que querem dizer com isso? “Não adianta” para quê e para quem? Não resolverá todos os problemas de segurança, sei disso. É provável que nem mesmo baixe os índices de violência ou a taxa de homicídios. Mas “adianta”, sim. Não teremos homicidas à solta por aí. E, sobretudo, não teremos homicidas à solta e impunes.

Cinthya Magaly Moutinho de Souza e Victor Hugo Deppaman integrarão estatísticas. Suas respectivas mortes comporão os números da taxa de homicídios. Mas eram pessoas, com famílias, com vínculos afetivos, com passado, com futuro, com sonhos, com anseios.

Que diabo de sociedade é essa que estabelece um conceito de “adolescência” que outorga àqueles que sob ele são abrigados o direito de matar? “Ah, Reinaldo, há punição, sim…” De três anos? Quanto vale a vida humana no Brasil? A depender de como caminhem as coisas, bastará, para aliviar parte da punição dos outros, que o menor assuma a responsabilidade. A sua “não-pena” já está definida.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que encaminhou ao Congresso, por intermédio da bancada do PSDB, um projeto de lei que aumenta de três para oito anos o tempo máximo de internação de menores que cometem crimes hediondos, comentou o caso: 

“Lamentavelmente, mais um menor [está envolvido], a gente tem visto menores em crimes extremamente hediondos. Mais um menor, mas a polícia agiu rápido (…) É inconcebível que quem tem 17 anos e 11 meses cometa crimes hediondos e não passa de três anos na Fundação Casa. (…) O ECA é uma boa lei para proteger o direito da criança e do adolescente, mas não dá respostas a crimes muitos reincidentes e crimes hediondo, homicídio qualificado, latrocínio, extorsão mediante sequestro, estupro, estupro de vulnerável”.

É isso. Trata-se de mera questão de bom senso, não de uma disputa de caráter ideológico, entre a “direita penal” e a “esquerda penal”. O governador disse outra coisa óbvia, para a qual se tenta virar as costas: “A impunidade estimula o delito”.

A proposta de Alckmin, que fique claro, não muda a maioridade penal, o que teria de ser feito por meio de emenda constitucional. O que faz é aumentar o tempo de internação do menor que comete crime hediondo. Eles permaneceriam internados numa instituição diferenciada; não iriam para presídios comuns, mesmo depois de atingida a maioridade.

A Maria do Rosário não quer.

O Gilberto Carvalho não quer.

A Dilma Rousseff não quer.


Só resta entregar o menor raquítico aos cuidados de Maria do Rosário, Gilberto Carvalho e Dilma Rousseff.

Por Reinaldo Azevedo

TIRO DE CANHÃO, TIRO NO PÉ

Eliane Cantanhêde - Folha de S.Paulo


A semana passada foi de crise e esta será de sorrisos e salamaleques, mas a crise continua. O grande problema não é de forma e de retórica apenas, mas sim de conteúdo. Logo, a crise só acaba com o fim de seus dois pivôs.


São eles um projeto que visa aniquilar uma candidatura e enfraquecer a oposição em favor da reeleição da presidente e outro que dá ao Congresso poder de veto em decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (Supremo Tribunal Federal!). 

Seria cômico, não fosse trágico.

Até casuísmos têm limite, e o Congresso aprovar a lei pró-Dilma e anti Marina a um ano e pouco da eleição tem um ranço "bolivariano" incompatível com o Brasil.

As regras não favorecem o rei (ou a rainha) ?   Mudem-se as regras!

E o projeto de emenda constitucional aprovado em minutos pela CCJ da Câmara para atacar e retaliar o Supremo é de uma violência e de uma irresponsabilidade poucas vezes vistas na democracia deste país. Uma ousadia sem tamanho, iniciada por um parlamentar do partido do governo e encaminhada alegremente (ou seria o oposto, raivosamente?) pelos que não se conformam com a independência e a lisura do Supremo no julgamento do mensalão. 

A corte suprema não se rendeu ao poder ?   Puna-se a corte!

Ao se reunirem amanhã, distribuindo sorrisos e amabilidades diante das câmeras, o ministro Gilmar Mendes e os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Alves e Renan Calheiros, darão mostras de civilidade e responsabilidade. Mas o problema transcende a eles.

O que Lula, Dilma, o PT e parte do PMDB não percebem é que, radicalizando, fortalecem o outro lado e a ideia de um bloco alternativo ao projeto Lula-Dilma. Os dois projetos e a crise criaram o ambiente perfeito para um acordo de cavalheiros (e de damas) entre Aécio, Eduardo Campos, Marina e seus seguidores. 

Seriam tiros de canhão, viraram um tiro no pé do PT.