10 de mai. de 2013

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O PACTO POLÍTICO BRASILEIRO
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A Constituição de 1985 consolidou um pacto político, no qual todas as forças vivas – exceto o PT – concordaram em fazer a transição política, enterrando o ciclo militar. Esse pacto foi capitaneado por forças de esquerda, tendo à frente o MDB e a sua versão novel, o PSDB. Era a social-democracia chegando com toda força no Brasil. O apoio desse grupo era dado pelas forças conservadoras, as mesmas que deram sustentação ao regime militar, notadamente as que estavam filiadas ao PFL. O auge desse pacto se deu no segundo governo de FHC, que não conseguiu fazer o sucessor.
 
O PT tinha razões para não apoiar o pacto de transição. A principal é que, dentro dos seus quadros, estavam os mais aguerridos beligerantes contra o regime militar. Não se conformaram até hoje com a Lei da Anistia. Queriam, e ainda querem, submeter os militares aos julgamentos sumários de seus tribunais. Enquanto FHC governou, os pagamentos a título de indenizações pelas Comissões de Anistia foram módicos e rigorosos. O PT no poder destravou todas as amarras morais e orçamentária e vimos a verdadeira ação entre amigos que foi feita.
 
O PT se manteve irredutível porque é um partido revolucionário e o tempo mostrou que a cara feia e o “não” podem ser bons de voto. Os antigos guerrilheiros e seus amigos sindicalistas souberam esperar e usaram da persistência. Pouco a pouco foram tomando o poder –primeiro na cidade de São Paulo, depois o governo do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e finalmente, em 2002, elegeu Lula para ser o presidente do Brasil. Sua chegada ao poder rompeu o antigo pacto político que dava sustentação ao poder. Lula fundou um novo pacto.
 
De primeira hora teve o grupo ligado ao Sarney, que não suportava o ungido de FHC, José Serra, para sucedê-lo. Quando ficou claro que o PT poderia ganhar, as adesões foram se sucedendo, tanto no meio político como no meio empresarial. Os banqueiros, cerca de três meses antes das eleições, selaram seu apoio e escreveram para Lula a tal “Carta ao Povo Brasileiro”. Henrique Meirelles foi o fiador junto aos plutocratas, assumindo a presidência do Banco Central ao preço de abandonar o mandato parlamentar conquistado pro Goiás. Não haveria qualquer espécie de auditoria nas dívidas interna e externa e esse foi o preço pago pelo PT para pôr os banqueiros a seu lado. Não se falou mais em auditorias.
 
No início, os neófitos do PT, liderados por José Dirceu, tentaram, via Mensalão, prescindir de base parlamentar orgânica, no exercício mais gigantesco e cínico de compra de votos no Congresso Nacional da história do Brasil. Mesmo ali já se notava que as resistências ao projeto político do PT estavam minadas. Não apenas o grupo do Sarney, mas o de Roberto Jefferson e tantos outros, na conta do Mensalão, perceberam que não haveria como sobreviver contra o PT. Era ou aderir ou desaparecer. As oligarquias regionais foram feridas de morte pelo petismo.
 
Com o passar dos anos entrou em cena o comando dos tribunais superiores, entes que também exercem funções legislativas e são vitais para a governabilidade. Os novos ministros abraçaram sem restrição a cartilha revolucionária do petismo e questões como as terras indígenas, os quilombolas e aborto de anencéfalos passaram no SFT por folgada maioria. A moral cristã estava ali em xeque. Depois veio a questão do gaysismo, que ainda está por ter uma solução definitiva, não sem antes se ver a aprovação da união de pessoas do mesmo sexo, contra a letra da Constituição. O aborto em qualquer momento da gravidez está à espera de aprovação.
 
Nesse período, duas foram as derrotas notáveis do PT: não ter aprovado o terceiro mandato de Lula e não ter prorrogado a CPMF. As parcas energias conservadores dentro da própria base governista se uniram para derrotar essa pretensão tão hegemônica. Foi uma lição para o PT, que aprendeu que precisa emagrecer paulatinamente as forças legislativas das oligarquias, ainda vivas. O tempo, todavia, estava a seu favor. O PT tem trabalhado brilhantemente com a variável tempo.

O último gesto retumbante de adesão ao projeto político do PT foi-nos informado pelos jornais de hoje, com a nomeação de Guilherme Afif Domingos para um ministério de Dilma Rousseff, nomeadamente o que vai cuidar das Pequenas e Médias Empresas. Afif sempre foi tido por liberal e desde sempre estava na canoa do PSDB. Seu fiel escudeiro, Gilberto Kassab, que nada faz sem sua prévia bênção, já havia traído os parceiros em eleições majoritárias, mas foi com a fundação do seu PSD que a coisa ficou escancarada. “Nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”, proclamou. A adesão do então prefeito de São Paulo era ela mesma a adesão de Guilherme Afif Domingos, agora selada com sua nomeação para o ministério.
 

Paradoxal é que ele vai cuidar de uma pasta inócua, visto que o plano econômico do PT, desde 2002, é fortalecer os grandes oligopólios nacionais, com o confesso intuito de fazer o Brasil produzir multinacionais brasileiras. O PT é inimigo da pequena e média empresa, que feneceu a olhos vistos desde que Lula assumiu. Afif, assim, ajuda o PT encobrir um dos maiores crimes políticos que o PT cometeu. E o fez de caso pensado, pois a pequena burguesia capitalista detesta o socialismo e abraça o liberalismo.
 
O novo pacto que governa o Brasil é esse em que não haverá oposições. É um pacto em que o partido governante dá as cartas e impõe a agenda política e cultural. Aos parceiros cabem apenas ganhar dinheiro com as facilidades do poder. Sua participação na governança do Estado é meramente formal, em cargos sem poder de decisão. O Brasil vive, sob esse pacto, em um regime de partido único, que se confundiu com o Estado. 
 
O processo é muito parecido com o que houve na Alemanha de Hitler. Uma vez no poder, pelo voto, só saiu à força, não sem antes cometer as maiores arbitrariedades e os maiores crimes. A marcha forçada no Brasil é na mesma direção. Não há mais forças políticas organizadas internas capazes de tirar o PT do poder.


Imagens inseridas pelo Blog



ULTRA PORTÁTIL



9 de mai. de 2013


Rumo à Tirania Institucionalizada

Às vezes, a peçonha esquerdista age intempestivamente. Uns dizem por afoiteza, outros por canhestra tentativa de convencimento.     
Portanto, há controvérsias. Mas todos concordam que no frigir dos ovos, os resultados são favoráveis à institucionalização da tirania.
Lembrai - vos do PNDH3.
De fato, as insinuantes tentativas para a implantação de uma tirania, prosseguem à solta. Uma proposta aqui e um projeto acolá aos poucos se tornam medidas politicamente corretas que somam ao seu desatino, o aval de um bando de inocentes úteis.
Portanto, o fato de diversas barbaridades não colarem inicialmente, um grupelho de bem intencionados as aceitam como um benefício para a sociedade. Logo, um objetivo foi atingido, pois com intensa propaganda, a boçalidade vai ganhando adeptos até ser consagrada definitivamente.
O Gramsci sabia e ensinou isso.
Basta verificar que nos últimos dias varias proposituras lapidares foram engendradas através de homiziados do petismo no Congresso, para comprovar que aquelas estultices podem ser incutidas na cabeça da população.
Os mais nítidos e recentes exemplos foram as propostas de cerceamento do Poder Judiciário e da capacidade investigativa do Ministério Publico (é a PEC da impunidade). Certamente, outras foram, estão sendo ou serão intentadas.
Utilizando instrumentos legais, como as PEC, as propostas geram terríveis confrontos entre os poderes que se desgastam e se enfraquecem e aumentam o poder do Executivo.
Assim, pela cooptação de asquerosos parlamentares, da base aliada do governo  são propostas e conduzidas por aqueles mal intencionados, as mais cretinas medidas que inclusive ferem a Carta nem tão Magna, nem tão pétrea.
Eles sabem que aquelas tentativas estão fadadas ao fracasso, mas isto não interessa, pois através de debates fajutos e apoteóticas exposições na mídia cooptada, os seus impulsores apresentam argumentos que soam para os imbecis como verdades.
Deste modo, foi implantada na mente dos desavisados e desinteressados mais uma besteira politicamente correta, que em geral pavimenta a tirania consentida e avalizada pela plebe ignara.
Assim, aos poucos são subvertidas no velho estilo (“uma mentira repetida...”), tradições e procedimentos milenares, que destorcem padrões de conduta e valores morais que eram os sustentáculos de uma nação soberana.
Em todos os campos os abusos são freqüentes, alguns não prosperam pelo alerta de atentos cidadãos ou por pessoas atingidas em especial no bolso, e que por isso, denunciam.
Contudo, muitas passam despercebidas e ocorrem no âmbito dos Ministérios e das Autarquias que extrapolam as suas atribuições, e um dos exemplos mais explícitos refere - se à FUNAI que continua inventando áreas pretensamente indígenas, apesar das restrições estabelecidas pelo STF, quando do julgamento da demarcação da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol.         
Em questão de poucos dias, uma instrução normativa da Receita Federal e uma resolução do COAF - Conselho de Controle de Atividade Financeira – confirmam a tendência autoritária do governo federal.
A incapacidade dos Tribunais de Contas de fiscalizarem os “custos” das obras da “Copa” é uma soberba demonstração de que eles podem tudo.
Na Área Militar, as investidas são constantes: abertamente se insinuam nos currículos dos Estabelecimentos Militares, se empenham em desacreditar a Escola Superior de Guerra (ESG), e ainda tem a petulância de proibir que sejam comemorados episódios de nossa História Militar e Política, como a traiçoeira e covarde Intentona Comunista de 1935 e a Contrarrevolução de 31 de Março de 1964.          
Sequiosos de implantar a sua tirania em curto prazo, explicitamente, advogam a necessidade de controlar a liberdade da imprensa e de inibir os partidos de oposição.
A grita popular sobre a necessidade da diminuição da maioridade penal, medida que não é do agrado do desgoverno, morre no nascedouro, pois os menores, declaradamente capazes de assassinar, de roubar, de estuprar, e de votar, certamente, em reconhecimento, votarão nos seus beneméritos defensores.
Hoje, diante de nossa leniência, não se limitam a cercar os “porcos selvagens” e, descaradamente, estão metamorfoseando - os em dóceis cordeiros, incapazes de qualquer reação.
Brasília, DF, 08 de maio de 2013,
Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira


8 de mai. de 2013

Você não vai acreditar, mas lá pode !




Para assistir em tela inteira clique no canto inferior direito do vídeo.


JÁ FOI LANÇADO
confira




Onde está a felicidade ?

Essa felicidade, que supomos árvore milagrosa,
que sonhamos, toda arreada de dourados pomos,
existe, sim. Mas nós não a alcançamos,
porque está sempre apenas onde a pomos
e nunca a pomos onde nós estamos.

Vicente de Carvalho




Do esquerdismo como religião
e do estado como seu deus

Publicado em 5 de maio de 2013 por Gravataí Merengue em Gravz

Odin, o deus em que acredito, mas cuja crença mantenho restrita ao plano íntimo-metafísico.
Considero injusta a tradicional associação que se faz da religião à direita mais acentuada, especialmente quando se trata do estado. Sim, de fato alguns direitistas defendem a permanência de crucifixos em prédios públicos (sem o mesmo empenho quando se trata de uma imagem de Ogum ou Tupã).

Também consideram importante haver leis determinando os gêneros que podem ou não contrair matrimônio. Ok, é verdade, também não reclamam quando há ensino religioso cristão nas escolas, embora – aí com razão – não aceitem a doutrinação ideológica quando se trata de História.

Mas vamos à esquerda e sua associação comum ao ateísmo. Dica: trata-se de erro imbecil.

Isso porque os esquerdistas, quanto a estado/governo, são verdadeiros carolas. É preciso, antes e acima de tudo, ter muita fé para de fato defender essas bandeiras.

A idéia de tutela estatal ampla e quase irrestrita, constante da bandeira esquerdista em geral, é perfeitamente encaixável em formulações teológicas. Para essa turma, os indivíduos são única e exclusivamente o rebanho da divindade estatal, imaterial e onipresente, representada entre os mortais pelo governo.

Cabe ao estado, providenciado pelos governantes, garantir não apenas comida, serviços médicos, segurança e moradia, mas também transporte, estudos, lazer, dinheiro em espécie, seguridade social, espaço para andar de bicicleta ou skate e até mesmo o “direito à felicidade”. Sim, há projeto para mudar a Constituição Federal “garantindo” felicidade ao povo.

Fica a impressão de que esse tal estado seria algo mais poderoso que todos os deuses das mais variadas mitologias. Mas, claro, essa pletora de direitos e garantias resultam do pagamento de tributos, com aquela já tradicional comissão recolhida pelo governo sem a devida reversão proporcional em benefícios.

Seria como se de fato o dinheiro de uma seita fosse para as mãos de um deus, mas com retenção de 90% para a administração clerical. Troque clero por estado e temos o que ocorre, na prática, em um governo “de esquerda”. A diferença é que para o governo-representante-de-deus não se recolhe apenas dez por cento e a tarifa é obrigatória.

Mas o fundamental aqui é a crença, aparentemente sincera, de que realmente o estado vá salvar o mundo de todos os males. É uma fé totalmente religiosa, com direito a depender do intermédio de alguns “sacerdotes inspirados” (todos muito ricos e alguns transformados em santos) para dar conta da missão divina.

E há mais: a culpa. Nada mais religioso que a culpa e nossa esquerda é carregada disso. Há quem formule, a sério, que a culpa do crime possa ser associada à ostentação – ou ainda que simplesmente não se deva ostentar (esse raciocínio, se aplicado aos casos de estupro, mostra o nível de imbecilidade de quem o emprega).

Nesse contexto, a idéia do “individualismo” parece egoísmo-desalmado-de-gente-sem-coração-e-que-quer-ver-o-mundo-acabar-em-ladeira-para-morrer-deitado. Mas, não: é apenas a corrente de pensamento – e prática – pela qual cada um faz sua parte e é recompensado nessa proporção. Viu? Não é tão ruim.

O problema é que não há um deus-estado para salvar a pele mediante arrependimento e garantir um paraíso na terra (ou fora dela). Tudo depende do indivíduo, seja por seu intelecto, sorte, talento etc. Cabe ao governo, e usando a lei, apenas fiscalizar a harmonia de relações entre as pessoas – físicas e jurídicas.

Para parcela considerável da esquerda, o deus-estado garantiria os resultados (até a felicidade!), ao contrário do estado-de-verdade que garante (ou deveria garantir) apenas as condições para isso (e é importante não confundir “igualdade de condições” e “igualdade de resultados”, bobagem mocoronga meio recorrente).

Assim como ocorre com o ateísmo em relação à felicidade em geral, não acreditar num governo-salvador é uma barra pesada, pois temos apenas a nós mesmos para conseguir as coisas. Isso não quer dizer que devamos passar por cima dos outros; ao contrário, precisamos zelar para que haja pleno e irrestrito exercício das liberdades. E em todos os direitos.

Fica o recado aos que se consideram ateus nos sentidos metafísico e religioso, mas ao mesmo tempo acreditam piamente num estado com aspectos de divindade, que seria representado na terra por salvadores muito bem intencionados (e também ricos).

Minha sugestão é que tirem suas crenças da prática política, mantendo-as apenas no plano místico. Não faz sentido brigar tanto um “estado laico” se, na verdade, o que se defende é uma estrutura estatal com atribuições divinas.

E, claro, isso torna ainda mais ridícula a troça de muitos sobre os religiosos, pois estes ao menos mantêm suas convicções imateriais no plano adequado.

Comentário do Blog:
Concordamos integralmente, apesar do posicionamento do autor em relação a outros temas.

Gravataí Merengue
Fernando Gouveia, 36 anos, é empresário, advogado, pós-graduado em Direito Empresarial e eternamente músico frustrado. A favor da legalização do aborto, da liberação de todas as drogas, do casamento de pessoas do mesmo sexo e adoção de crianças por elas. E também de formas de governo que não envolvam a onipresença do estado, bem como seu papel como babá-e-bedel. Por fim, a favor da punição de políticos corruptos condenados, independentemente do partido. Fundou em 2001 o blog Imprensa Marrom e, atualmente, colabora no portal Implicante.


7 de mai. de 2013

CONSELHOS DE UM MÉDICO NATURALISTA
PARA VIVER MAIS


1º. Ao acordar, deitado de barriga para cima pedalar 120 vezes no ar. Esse exercício melhora o posicionamento da coluna e da postura, diminuindo/retardando o encurvamento das costas, aliviando suas dores e baixando a pressão.

2º. Antes do banho, exercitar a panturrilha (levantar o corpo na ponta dos pés), primeiro rapidamente, até esquentá-las, e depois fazer uma sequência de 10 movimentos lentos. Pronto. Esse exercício bombeia o sangue para o coração, melhora os batimentos cardíacos e evita obstrução das veias.

3º. Ao chegar em casa, coloque os seus pés em uma bacia com água bem quente (o famoso escalda pés). Além de relaxar, esse processo desencadeia a dilatação dos vasos sanguíneos dos pés e melhora, inclusive, a visão. Esse processo foi pesquisado com pessoas diabéticas e o resultado evidenciou uma  circulação sanguínea saudável, diminuindo os casos de gangrena e melhorando o quadro geral de saúde
dos pesquisados. Fato relevante constatado na pesquisa: houve melhora na visão.

4º. Ao perceber que a pressão subiu, coloque as pernas dentro de um balde com água muito gelada até os joelhos. Permaneça nesta imersão por 20 minutos. Este processo fará com que o organismo, na busca de aquecer os membros inferiores, faça com que o acúmulo de sangue na cabeça desça, baixando a pressão.




"Há saudades, famílias e ossadas de ambos os lados"

A nostalgia das ossadas 
Roberto Campos (texto escrito nos anos 90)



"Uma revolução não é o mesmo que
convidar alguém para jantar, escrever
um ensaio, ou pintar um quadro...
Uma revolução é uma insurreição,
um ato de violência pelo qual
uma classe derruba a outra" 
   
Mao Tse Tung 


Dizia-me um amigo argentino, nos anos sessenta, que seu país, rico antes da Segunda Guerra, optara no pós-guerra pelo subdesenvolvimento e pelo terceiromundismo. E não se livraria dessa neurose enquanto não se livrasse de três complexos: o complexo da madona, o fascínio das ossadas e a hipóstase da personalidade. Duas madonas se tinham convertido em líderes políticos - Evita e Isabelita. 

As ossadas de Evita foram alternativamente sequestradas e adoradas, exercendo absurdo magnetismo sobre a população. E a identidade nacional era prejudicada pelo fato de o argentino ser um italiano que fala espanhol e gostaria de ser inglês... A Argentina parece ter hoje superado esses complexos. Agora, é o Brasil que importa (sem direitos aduaneiros como convêm ao Mercosul) um desses complexos.

Os estrangeiros que abrem nossos jornais não podem deixar de se impressionar com o espaço ocupado pelas ossadas: as ossadas sexuais de PC Farias, as ossadas ideológicas dos guerrilheiros do Araguaia e as perfurações do esqueleto do capitão Lamarca! Em vez de importarmos da Argentina a tecnologia de laticínios, estamos importando peritos em "arqueologia moderna", para cavoucar as ossadas do cemitério da Xambioá. Há ainda quem queira exumar cadáveres e ressuscitar frangalhos do desastre automobilístico que matou Juscelino, à procura de um assassino secreto. Em suma, estamos caminhando com olhos fixos no retrovisor. E o retrovisor exibe cemitérios.

Na olimpíada mundial de violência, os militares brasileiros da revolução de 1964 não passariam na mais rudimentar das eliminatórias. Perderiam feio para os campeões socialistas, como Lênin, Stálin e Mao Tsé-Tung. Seriam insignificantes mesmo face a atletas menores, como Fidel Castro, Pol Pot, do Camboja, ou Mengistu, da Etiópia.

Os 136 mortos ou desaparecidos em poder do Estado, ao longo das duas décadas de militarismo brasileiro, pareceriam inexpressivos a Fidel, que só na primeira noite pós-revolucionária fuzilou 50 pessoas num estádio. Nas semanas seguintes, na Fortaleza La Cabaña, em Havana, despachou mais 700 (dos quais 400 membros do anterior governo). E ao longo de seus 37 anos de ditadura, estima-se ter fuzilado 10 mil pessoas. Isso em termos da população brasileira equivaleria a 150 mil vítimas. Tiveram de fugir da ilha, perecendo muitos afogados no Caribe, 10% da população, o que, nas dimensões brasileiras, seria equivalente à população da Grande São Paulo.

Definitivamente, na ginástica do extermínio, os militares brasileiros se revelaram singularmente incompetentes. Também em matéria de tortura nossa tecnologia é primitiva, se comparada aos experimentos fidelistas no Combinado del Este, na Fortaleza La Cabaña e nos campos de Aguica e Holguín. Em La Cabaña havia uma forma de tortura que escapou à imaginação dos alcaguetes da ditadura Vargas ou dos "gorilas" do período militar: prisioneiros políticos no andar de baixo recebiam a descarga das latrinas das celas do andar superior.

O debate na mídia sobre os guerrilheiros do Araguaia precisa ser devidamente "contextualizado" (como dizem nossos sociólogos de esquerda). Sobretudo em benefício dos jovens que não viveram aquela época conturbada. A década dos 60 e o começo dos 70 foram marcados mundialmente por duas características: uma guinada mundial para o autoritarismo e o apogeu da Guerra Fria. Basta notar que um terço das democracias que funcionavam em 1956 foram suplantadas por regimes autoritários nos principais países da América Latina, estendendo-se o fenômeno à Grécia, Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e à própria Índia, onde Indira Ghandi criou um período de exceção.

Na América Latina, alastrou-se o que o sociólogo O'Donnell chamou de "autoritarismo burocrático". O refluxo da onda democrática só viria nos anos 80, que assistiria também à implosão das ditaduras socialistas.

Uma segunda característica daqueles anos foi a agudização do conflito ideológico. Na era Kennedy (1961-63), que eu vivenciei como embaixador em Washington, houve nada menos que duas ameaças de conflito nuclear. Uma, em virtude do ultimato de Kruschov sobre Berlim, e outra, a crise dos mísseis em Cuba. Em meados da década, viria a tragédia do Vietnã.

É nesse contexto que deve ser analisado o episódio dos guerrilheiros do Araguaia e da morte de Lamarca. Não se tratavam de escoteiros, fazendo piqueniques na selva com canivetes suíços. Eram ideólogos enraivecidos, cuja doutrina era o "foquismo" de Che Guevara: criar focos de insurreição, visando a implantar um regime radical de esquerda. Felizmente fracassaram, e isso nos preservou do enorme potencial de violência acima descrito.

Durante nossos "anos de chumbo", não só os guerrilheiros sofreram; 104 militares, policiais e civis, obedecendo a ordens de combate ou executados por terroristas, perderam a vida. Sobre esses, há uma conspiração de silêncio e, obviamente, nenhuma proposta de indenização. Qualquer balanço objetivo do decênio 1965-75 revelará que no Brasil houve repressão e desenvolvimento econômico (foi a era do "milagre brasileiro"), enquanto nos socialismos terceiromundistas e no leste europeu houve repressão e estagnação.

É também coisa de politólogos românticos pensar que a revolução de 1964 nada fez senão interromper um processo normal de sucessão democrática. A opção, na época, não era entre duas formas de democracia: a social e a liberal. Era entre dois autoritarismos: o de esquerda, ideológico e raivoso, e o de direita, encabulado e biodegradável.

Hoje se sabe, à luz da abertura de arquivos, que a CIA e o KGB (que em tudo discordam) tinham surpreendente concordância na análise do fenômeno brasileiro: o Brasil experimentaria uma interrupção no processo democrático de substituição de lideranças. Reproduzindo o paradigma varguista, Jango Goulart, pressionado por Brizola, queria também seu "Estado Novo". Apenas com sinais trocados: uma república sindicalista.

As embaixadas estrangeiras em Washington, com as quais eu mantinha relações como embaixador brasileiro, admitiam, nos informes aos respectivos governos, três cenários para a conjuntura brasileira: autoritarismo de esquerda, prosseguimento da anarquia peleguista com subseqüente radicalização, ou guerra civil de motivação ideológica. Ninguém apostava num desenlace democrático...

Parece-me também surrealista a atual romantização pela mídia (com repercussões no Judiciário) da figura do capitão Lamarca, que as Forças Armadas consideram um desertor e terrorista. Ele faz muito melhor o perfil de executor do que de executado. Versátil nos instrumentos, ele matou a coronhadas o tenente Paulo Alberto, aprisionado no vale da Ribeira, fuzilou o capitão americano Charles Chandler, matou com uma bomba o sargento Mário Kozell Filho, abateu com um tiro na nuca o guarda-civil Mário Orlando Pinto, com um tiro nas costas o segurança Delmo de Carvalho Araujo e procedeu ao "justiçamento" de Márcio Leite Toledo, militante do Partido Comunista que resolvera arrepender-se.

Aliás, foram dez os "justiçados" pelos seus próprios companheiros de esquerda. Se o executor acabou executado nos sertões da Bahia, é matéria controvertida. Os laudos periciais revelam vários ferimentos, mas nenhum deles oriundo de técnicas eficientes de execução que o próprio Lamarca usara no passado: tiro na nuca (metodologia chinesa), tiro na cabeça (opção stalinista) ou fuzilamento no coração (método cubano). As Forças Armadas têm razão em considerar uma profanação incluir-se Lamarca na galeria de heróis.

As décadas de 60 e 70, no auge da Guerra Fria, foram épocas de imensa brutalidade. Merecem ser esquecidas, e esse foi o objeto da Lei de Anistia, que permitiu nossa transição civilizada do autoritarismo para a democracia. Deixemos em paz as ossadas. Nada tenho contra a monetização da saudade, representada pela indenização às famílias das vítimas. Essa indenização é economicamente factível no nosso caso. Os democratas cubanos, quando cair a ditadura de Fidel Castro, é que enfrentariam um problema insolúvel se quisessem criar uma "comissão especial" para arbitrar indenizações aos desaparecidos. Isso consumiria uma boa parte do minguado PIB cubano!

Nosso problema é saber se a monetização da saudade deve ser unilateral, beneficiando apenas as famílias dos que se opunham à revolução de 1964. Há saudades, famílias e ossadas de ambos os lados. 


Roberto Campos, economista e diplomata já falecido, foi, entre outros cargos, embaixador nos Estados Unidos, deputado federal, senador e ministro do Planejamento. É autor de diversas obras sobre política e economia, destacando-se suas memórias com o título "A Lanterna na Popa" (Ed. Topbooks, 1994).


"Tudo passa na Lei Rouanet",
diz Lobão em entrevista em que
detona Dilma e a escumalha petista.




Em uma hora e meia de entrevista concedida em sua casa, em Pompeia, zona oeste de São Paulo, Lobão ampliou os ataques de seu livro ("Manifesto do Nada na Terra do Nunca").

Entre diversos assuntos, disse que o país se encaminha para um novo golpe de Estado, criticou o passado da presidente Dilma Rousseff e a postura da líder brasileira na Comissão da Verdade.

Sobre o meio artístico, reclamou de nomes consagrados captarem recursos via Lei Rouanet, e disse se orgulhar de ter recusado a autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 2 milhões. Procuradas pela Folha, as pessoas citadas por Lobão não se pronunciaram até o fechamento desta edição.

Leia os principais trechos da entrevista. (LUCAS NOBILE)
*
Presidente Dilma e a Comissão da Verdade

Ela foi terrorista. Ela sequestrou avião, ela pode ter matado. Como que ela pode criar uma Comissão da Verdade e, como presidenta, não se colocar? Deveria ser a primeira pessoa a ser averiguada. Você vai aniquilar a história do Brasil? Vai contar uma coisa totalmente a favor com esse argumento nojento? Porque eles mataram, esquartejaram pessoas vivas, deram coronhadas, cometeram crimes.

O estopim, a causa da ditadura militar foram eles. Desde 1935, desde a coluna Prestes, começaram a dar golpes de Estado. Em 1961, começaram a luta armada. Era bomba estourando, eu estava lá (Com 3 anos de idade!!!???). Minha mãe falava: você vai ser roubado da gente, o comunismo não tem família.

Quase um milhão de pessoas saíram às ruas pedindo para o Exército tomar o poder.

Acham que a junta militar estava a fim de dominar o Brasil? Não vejo nenhum desses presidentes militares milionário. E massacram os caras.

Regime militar

Não acredito em vítima da ditadura, quero que eles se fodam. Eu fui perseguido, passei quatro anos perseguido por agentes do Estado. Por que eu tinha um galho de maconha? Me botaram por três meses na cadeia. Nem por isso eu pedi indenização ao Estado. Devo ter sofrido muito mais do que 90% desses caras que dizem que foram torturados.

PT

Esses que estão no poder, Dilma, Emir Sader, Franklin Martins, Genoíno, estavam na luta armada. Todos esses guerrilheiros estão no poder. Porra, alguma coisa está acontecendo! Em 1991, só tinha um país socialista na América Latina, hoje são 18. São neoditaduras pífias. A Argentina é uma caricatura, o Evo Morales, o Maduro. Vão deixar o comunismo entrar aqui? É a mesma coisa que botar o nazismo. A América do Sul está se tornando uma Cortina de Ferro tropical. Existe uma censura poderosíssima perpetrada por uma militância de toupeiras. Quem está dando golpe na democracia são eles, o PT está há dez anos no governo.

Golpe de Estado

Todo mundo fala da ditadura, do golpe militar, isso nunca esteve tão vivo. Os militares estão cada vez mais humilhados. As pessoas têm que entender que nenhum país civilizado conseguiu ser um país com suas Forças Armadas no estado em que está a brasileira. Eles fizeram a Força Nacional, uma milícia armada, uma polícia política. Está tudo pronto para vir um golpe e as pessoas não estão vendo.

Ministério da Cultura

Se você tirar o Ministério da Cultura, o que não é sertanejo universitário morre. Eu recusei R$ 2 milhões do Ministério da Cultura para fazer uma turnê. O ministério libera tudo, e impressionam as temáticas: bandas mortas se ressuscitam para comemorar um aniversário de vida que não tem!

O próprio Barão Vermelho! Todos pediram grana [via lei de incentivo]: Barão, Paralamas.

O Gilberto Gil é o rei, um dos que mais pedem [recurso via Lei Rouanet]!



O cara foi ministro! Como é que as pessoas podem aturar isso? A Paula Lavigne é a rainha [da Lei Rouanet].

Por que os intelectuais brasileiros, diante de uma situação asquerosa como esta, ficam calados?

Tropicália

Todos esses mitos da Semana de 22 foram perpetuados por movimentos como o concretismo, o cinema novo, a Tropicália.

Sempre tive muito desinteresse pela Tropicália. Tom Zé, Jards Macalé e João Donato sempre foram melhores do que os que estão aí hoje representando o movimento, tanto o da bossa nova quanto o da Tropicália. João Donato dá de mil no João Gilberto porque ele é um puta compositor e pianista. Mas nunca tem o mérito, é tudo o pistolão, quem tem amigo, é da máfia. É conchavo o tempo todo. O Gilberto Gil, a Preta Gil, é um absurdo. Ganhou um império atrás dos benefícios do pai.




COLABORANDO COM O LOBÃO:

MANIFESTO DO NADA NA TERRA DO NUNCA
AUTOR Lobão
EDITORA Editora Nova Fronteira
QUANTO R$ 39,90 (248 págs.)




Geopolitical Journey: Nostalgia for NATO

May 7, 2013 | 0900 GMT
Stratfor
By George Friedman
Founder and Chairman

Several years ago, I wrote a series of articles on a journey in Europe. It was intended both to be personal and to go beyond recent events or the abstract considerations of geopolitics. This week I begin another journey that will take me from Portugal to Singapore, and I thought that I would try my hand again at reflecting on the significance of my travels.

As I prepare for my journey, I am drawn to a central question regarding the U.S.-European relationship, or what remains of it. Having been in Europe at a time when that relationship meant everything to both sides, and to the world, this trip forces me to think about NATO. I have been asked to make several speeches about U.S.-European relations during my upcoming trip. It is hard to know where to start. The past was built around NATO, so thinking about NATO's past might help me put things in perspective.

On a personal level, my relationship with Europe always passes through the prism of NATO. Born in Hungary, I recall my parents sitting in the kitchen in 1956, when the Soviets came in to crush the revolution. On the same night as my sister's wedding in New York, we listened on the radio to a report on Soviet tanks attacking a street just a block from where we lived in Budapest. I was 7 at the time. The talk turned to the Americans and NATO and what they would do. NATO was the redeemer who disappoints not because he cannot act but because he will not. My family's underlying faith in the power of American alliances was forged in World War II and couldn't be shaken. NATO was the sword of Gideon, albeit lacking in focus and clarity at times.

I had a more personal relationship with NATO. In the 1970s, I played an embarrassingly unimportant role in developing early computerized war games. The games were meant to evaluate strategies on NATO's central front: Germany. At that time, the line dividing Germany was the fault line of the planet. If the world were to end in a nuclear holocaust, it would end there. The place that people thought it would all start was called the Fulda Gap, a not-too-hilly area in the south, where a rapid attack could take Frankfurt and also strike at the heart of U.S. forces. The Germans speak of a watch on the Rhine. For my generation, or at least those millions who served in the armies of NATO, it was Fulda.

In the course of designing war games, I spent some time at SHAPE Technical Center in The Hague. SHAPE stands for Supreme Headquarters Allied Powers Europe. The name itself is a reminder of the origins of NATO, deep in World War II and the alliance that defeated the Germans. It was commanded by SACEUR -- Supreme Allied Commander Europe -- who was always an American. Over time, the name became increasingly anachronistic, as SACEUR stopped resembling U.S. Gen. Dwight Eisenhower and started resembling the chair of a fractious church board, where people showed up for the snacks more than to make decisions.

To me, in the 1970s, SHAPE and SACEUR were acronyms that recalled D-Day and were built around the word "supreme." I was young and in awe, with a sense of history and pride in participating in it. Why I should be proud to participate in what might lead to total catastrophe for humanity seems odd in retrospect, but there is little in any of our lives that does not seem odd in retrospect. However, I was proud that I got to go into a building designated as SHAPE's technical center. I felt at the center of history. History, of course, is deceptive.
Games and Reality

It was never clear to me what those above us (whom we called "EBR," echelons beyond reality) did with the games that were built and played, or with the results, but I believe I learned a great deal about the war that was going to be fought. What cut short my career as a war gamer was my growing realization of the triviality of what we were doing and that the intelligence that we were building the games from was inherently deficient. Moreover, the commanders weren't all that interested in what we were doing. And there was the fact that I was genuinely enjoying and actually looking forward to a war that would test our theories. When the pieces on a map represent human beings and their loss means nothing to you, it is time to leave.

The war gaming was not the problem; properly done, as I hope it is by now, it can aid in victory and save lives. But then, knowing the men (women came later) who would stand and fight at Fulda if the time came, I felt I had been given a frivolous job. There was one thing I got from that job, however: I came into contact with troops from all the armies that might be called to fight. I had a profound sense that they were not just my colleagues but also my comrades. Some didn't like Americans, and others didn't like me, but this is no different than any organization. We were peering into the future, with our fates bound together. 
The U.S. and Soviet Views of NATO

The United States believed that the Soviet conquest of Western Europe would integrate Soviet resources and European technology. This same fear led the Americans and Europeans to fight Germany in two wars from two very different perspectives. For my European colleagues, it meant the devastation of their countries, even if NATO won the war. The Dutch, for example, had lived under occupation and even preferred devastation over capitulation. For me, it was an abstract exercise, both in the strange mathematics of the war games and in the more distant consequences of defeat for my country. At the same time, there was a shared sense of urgency that formed the foundation of our relationship: War might come at any moment, and we must consider every possible move by the Soviets, and we must propose solutions.

The Americans were always haunted by Pearl Harbor. This is why 9/11 was such a blow. The historical recollection of the attack out of nowhere was always close. Doctrine said that we would have 30 days' warning of a Soviet attack. I had no idea where this doctrine came from, and I suspected that it came from the fact that we needed 30 days' warning to get ready. The Europeans did not fear the unexpected attack; rather, they dreaded the expected attack for which preparations had not been made. World War II haunted them differently. They were riveted on the fact that they knew what was coming and failed to prepare. The Americans and Europeans were united by paranoia, but their paranoia differed. For the Americans, staying out of alliances and not acting soon enough was what caused the war. The United States was committed to never repeating that mistake. NATO was one of many alliances. The Americans love alliances.

It is interesting to recognize now what the Soviets were afraid of. When World War II came to them, they had no allies. Their one ally, Germany, was the one that betrayed them. The Soviets were both taken by surprise and fought alone until the Americans and British chose to help them. The Soviets had played complex diplomacy with traditional alliances, and when it failed the Soviet Union committed itself to never again depending on others. It had the Warsaw Pact because the West had NATO, but it did not depend on its allies. The Americans threw themselves into alliances as if an alliance solved all problems. The Soviets, however, acted as if allies were the most dangerous things of all.

In the end, when we look back on it, war was much less likely than we felt. The West was not going to invade the East. On the defensive, the Soviets would have annihilated our much smaller force. And, truth be told, no one had the slightest interest in conquering Eastern Europe or the Soviet Union. 

As for the Soviets, on paper they were an overwhelming force, but paper is a bad place to think about war. The Soviets did not want a nuclear exchange, and in their view the United States was itching to have one. They knew if they moved westward there would be an exchange. Plus, it turned out, the Soviets would have a great deal of trouble keeping their tanks fueled as they moved to the west. They had a plan for laying plastic pipes from their fuel depots and rolling them out as the tanks advanced. The problem was that the pipes never worked very well, and their fuel depots were slated for annihilation by airstrikes, possibly the day before the war began officially. 

All of this is past and I recollect it with a combination of pride -- not for what I did, which was little, but for simply being there -- and chagrin about how little we understood the enemy. Both sides were ready for war. Both sides were expecting actions that the other side had no intentions of undertaking. But all of the plans that we created were, in the end, irrelevant. The only way to win the game -- as the movie War Games said -- was not to play it. Not surprisingly, the leaders -- Eisenhower and Khrushchev, Nixon and Brezhnev, Reagan and Gorbachev -- knew it better than the experts. It has always struck me as the world's great fortune that the two great superpowers were the United States and the Soviet Union, who managed the Cold War with meticulous care in retrospect. Imagine the European diplomats of 1914 or 1938 armed with nuclear weapons. It is easy to believe they would not have been as cautious.
NATO's Legacy and Disarray

What NATO provided that was priceless, and the unexpected byproduct of all of this, was a comradeship and unity of purpose on both sides of the North Atlantic. Even the French, who withdrew from NATO's military command under Charles de Gaulle, remained unofficially part of it. There was little question but that if "the balloon went up" -- the enemy took action -- the French would be there, arguing over who would command whom but fighting as hard as the Underground did before D-Day. But through NATO, I got to know Germans at a time when knowing Germans was not easy for me because of what my family went through during the war. I was forced to distinguish Germany from Franz who could play the ukulele.

I had a son in 1976. When I went to Europe, I met an Italian and we became friends. We would talk about what we would tell our families to do if the balloon went up. The conversation -- strange and perhaps pathological as it was -- bound us together. It was not war, it was not peace, but it was a place in the mind where the preparation for war and the anxiety that it generated created strange forms, such as plans for the movement of children in order to avoid a nuclear holocaust. 

NATO, far more than a model United Nations or a Fulbright, allowed ordinary Americans and Europeans to know each other and understand that with linked fates, they were comrades in arms. After World War II, that was a profound lesson. Millions of draftees experienced that and took the lesson home.

The end of the Cold War is no great loss, although my youth went with it. Losing the unity of purpose that the Cold War gave Western Europe and the United States is of enormous consequence. For a while, after 1991, the two sides went on as if the alliance could exist even without an enemy. However, NATO started to fragment when it lost its enemy. The passion for a mission gave NATO meaning, and the passion was drained. The alliance continued to fragment when the United States decided to invade Iraq for the second time. The vast majority of countries in NATO supported the invasion -- a forgotten fact -- but France and Germany did not. This damaged the United States' relations with Europe, particularly with the French, who have a way of getting under the skins of Americans while appearing oblivious to it. But the greater damage was within Europe -- the division between those who wanted to maintain close relations with the United States, even if they thought the Iraq War was a bad idea, and those who wanted Europe to have its own voice, distinct from the Americans'. 

The 2008 global financial contagion did not divide the Americans and Europeans nearly as much as it divided Europe. The relationship between European countries -- less among leaders than among publics -- has become poisonous. Something terrible has happened to Europe, and each country is holding someone else responsible. As many countries are blaming Germany as Germany is blaming for the crisis.

There can be no trans-Atlantic alliance when one side is in profound disagreement with itself over many things and the other side has no desire to be drawn into the dispute. Nor can there be a military alliance where there is no understanding of the mission, the enemy or obligations. NATO was successful during the Cold War because the enemy was clear, there was consensus over what to do in each particular circumstance and participation was a given. An alliance that does not know its mission, has no meaningful plans for what problems it faces and stages come-as-you-are parties in Libya or Mali, where invitations are sent out and no one RSVPs, cannot be considered an alliance. The committees meet and staffs of defense ministers prepare for conferences -- all of the niceties of an alliance remain. SACEUR is still an American, the Science and Technology Committee produces papers, but in the end, the commonality of purpose is gone.

My European colleagues and I were young, serious and dedicated. These are all dangerous things because we lacked historical perspective (but then, so did many of our elders). What we had together, however, was invaluable: a moment in history, possibly the last, when the West stood shoulder to shoulder in defense of liberal democracy and against tyranny. Still, I look back on the Soviets and then look at al Qaeda and I miss the Soviets. I understood them in a way I can never understand al Qaeda.

So I will be asked to speak about U.S-European relations. I will have to tell the Europeans two things. The first is that there is no American relationship with Europe because Europe is no longer an idea but a continent made up of states with diverse interests. There are U.S.-French relations and U.S.-Russian relations and so on. The second thing I will tell them is that there can be no confederation without a common foreign and defense policy. You can have different tax rates, but if when one goes to war they don't all go to war, they are just nations cooperating as they see fit.

I remember the camaraderie of young enlisted Americans and Europeans, and the solidarity of planning teams. This was the glue that held Europe together. It was not just the commanders and politicians, but the men who would have to cover each other's movement that created the foundations of NATO's solidarity. My recollections are undoubtedly colored with sentimentality, but I do not think I've done the idea an injustice. NATO bound Europe together because it made the nations into comrades. They were able to face Armageddon together. Europe without NATO's solidarity has difficulty figuring out a tax policy. In the end, Europe lost more when NATO fell into disuse than it imagined. 

I don't know that NATO can exist without a Cold War. Probably not. What is gone is gone. But I know my nostalgia for Europe is not just for my youth; it is for a time when Western civilization was united. I doubt we will see that again.

Nostalgia for NATO is republished with permission of Stratfor.


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Os maoístas estão voltânduuu… Estão voltându os maoístaaasss…   
Ou:
Os derrotados de 1964 e de 1968 oprimem como comediantes o cérebro dos brasileiros vivos e tentam impor a sua agenda morta.  
Ou:
REACIONÁRIOS SÃO ELES!!!

Reinaldo Azevedo - 06 / 05 / 2013 às 0747 
      
A obra mais famosa e citada de Marx, “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”, talvez tivesse sido mais bem compreendida pelas esquerdas brasileiras se, logo nas primeiras linhas da tradução para o português, se tivesse optado por uma palavra em lugar de outra: em vez de “farsa”, “comédia”. Assim, teríamos: “Hegel observa numa das suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como COMÉDIA”. Como é sabido, em vez de “comédia”, aparece, em todas as traduções, a palavra “farsa”. Seria exato se, entre nós, se tivesse conservado o sentido primeiro do vocábulo, que remete, a exemplo da tragédia, ao gênero dramático, à representação teatral burlesca, ao cômico. Ocorre que tomamos habitualmente o vocábulo “farsa”, e já há muito tempo, como sinônimo de mentira, de armação, de falsificação da verdade, de embuste, de distorção da realidade. Assim, pode-se dizer: “O moralismo petista sempre foi uma farsa” para designar: sempre foi falso, hipócrita, mero instrumento de ludíbrio das almas pias.

Ora, é claro que não era esse o sentido original do texto marxiano, não é? Luís Bonaparte era, afinal de contas, de verdade. Marx o considerava tão representativo do, digamos, “modo burguês” de manipular a política, que dedica um livro ao “golpe” que deu — segundo o autor, nem era seu, mas de uma classe, de que era títere e bufão. O evento foi, na sua leitura e de acordo com a metáfora escolhida do gênero dramático, uma “farsa”: uma peça burlesca, ridícula, que apelava ao grotesco. Por que essas considerações? Sem ser marxista; sem acreditar, evidentemente, na afirmação de que fatos e personagens ocorrem duas vezes (acho isso, de verdade, uma grande bobagem), sinto-me tentado a olhar os eventos em curso no Brasil com aqueles olhos com que Marx viu Luís Napoleão: já vivemos a história como tragédia e, agora, nós a estamos experimentando como comédia, como farsa, como acontecimento burlesco, como mergulho no grotesco, no risível, na ridicularia.

É o que vejo num país que, por exemplo, fez uma Comissão da Verdade para rever fatos ocorridos há 50 anos, embora, entre um extremo e outro, tenha havido uma Lei da Anistia. É o que vejo num país que agora decidiu desenterrar cadáveres para dar corpo a teorias conspiratórias as mais disparatadas. É o que vejo num país que decidiu reavivar uma espécie de “Revolução Cultural à chinesa” como forma de revanche. Sinto-me tentado a recorrer um tantinho mais ao texto de Marx: “A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”. Mas mudo um pouquinho: “Os derrotados de 1964 e de 1968 oprimem como comediantes o cérebro dos vivos.

Queiram ou não, gostem ou não, tenha-se em relação àqueles eventos a apreciação que for, escolha-se, naqueles dias, um lado ou outro da batalha, o fato é que os confrontos políticos de 1964, com desdobramentos em anos posteriores, tiverem vitoriosos e derrotados. Os métodos de um lado e de outro repudiavam, por princípio, a democracia. Crimes os mais asquerosos foram cometidos em nome do regime — ou pelo próprio regime — e também por aqueles que queriam derrotá-lo. Não entro no mérito se moralmente se equivaliam ou não porque também esse juízo só pode ser feito de posse de um conjunto de valores. O fato é que o estado, como ente neutro, fez — e ainda está fazendo; em muitos casos, de modo indevido — a reparação àqueles que foram vítimas de arbitrariedades. E não há nada de errado, entendo, nessa escolha. Pessoas (ou suas respectivas famílias) que foram torturadas ou mortas nas mãos de órgãos oficiais, como Vladimir Herzog ou Rubens Paiva (para citar dois casos emblemáticos), têm de ter a devida compensação; é preciso que fique claro que o estado se comportou de modo criminoso.

Mas aqui cabe uma pergunta, e ela não busca anular ou relativizar a justeza das reparações devidas: e os crimes cometidos pelas esquerdas? Quem faz o mea-culpa por eles? Ora, não só não existe a admissão do erro como, ao contrário, os criminosos de então, hoje atores ativos da política institucional, falam de seu passado com orgulho. Também mataram. Também seviciaram. Também aleijaram. Também organizaram tribunais de exceção e de execução. E se deitam no berço dos heróis. Mais do que isso: receberam indenização por isso. Dilma sabe que pertenceu a duas organizações que mataram pessoas inocentes. Ou não sabe? De ambas, ela foi dirigente — embora, consta, não tenha matado, com suas próprias mãos, ninguém. Jamais deveria ter sido torturada, é evidente! Mas o orgulho por seu passado, não há como, é descabido, especialmente quando pronunciando, como já foi, em solenidades oficiais. O estado de hoje, cumpre notar, também é o estado que abriga as famílias e descendentes daqueles que o Colina e a VAR-Palmares mataram. Sigamos . Também é o estado de milhões de pessoas que repudiam as teses em nome das quais aqueles grupos se organizaram.

Se é cabida, sim, a reparação para aqueles que foram torturados ou mortos nas mãos do estado, a existência de uma “Comissão da Verdade” — para que os vitoriosos de agora (e foi a democracia que lhes franqueou acesso ao poder, não as teorias que organizavam a sua “luta”) contem, então, a sua versão dos fatos, procurando vencer hoje uma batalha perdida há 50 anos — é de um ridículo atroz, além de ser um processo essencialmente autoritário. Poderiam, claro, criar a narrativa que bem entendessem, recriar os fatos conforme demandasse a sua imaginação, rever os sucessos daquele tempo pelo filtro de sua ideologia… Tudo bem! Este ainda é um país livre. O que não faz sentido, o que é um despropósito, o que apela ao ridículo, ao burlesco, ao patético, ao risível, é que o ESTADO NEUTRO patrocine a versão de um dos lados da batalha. Mais: contra a própria lei que a criou, a comissão já deixou claro que os crimes cometidos pelas esquerdas não lhe interessam. O grupo existe para mandar para o banco dos réus (moral, quando menos; criminal, se conseguirem torcer a Lei da Anistia) os inimigos daquele tempo.

Comportam-se, e isto é espantoso, como se tivessem vencido a batalha. E não venceram. Foram derrotados de várias maneiras: a) no confronto com seus adversários diretos; b) no confronto com a teoria (foi a resistência pacífica ao regime que venceu); c) no confronto com a história: o socialismo que professavam morreu, já foi, já era, não existe mais em lugar nenhum do mundo. No entanto, o país está aí a se haver com a Comissão da Verdade. Quem são esses? O que querem?

Sim, meus caros, aquela geração que tentou o socialismo pela via armada — e é mentira que essa escolha tenha sido feita só depois do AI-5 — experimentou, então, a história como tragédia. E o reavivamento daquele conflito (já que revivido não pode ser) é a história se manifestando como farsa, como comédia, como ato burlesco, como coisa grotesca. Talvez caiba nesse caso, também, o sentido que a farsa tomou entre nós: de mentira pura e simplesmente, de armação, de trapaça, de engodo, de ludíbrio. Vejo algumas personagens envolvidas com esse negócio: ou é a geração que não teve receio de fazer as coisas mais estúpidas (apresentando, depois, a fatura aos pósteros) ou são seus discípulos intelectuais, acólitos que não têm nem mesmo a legitimidade de quem fez a estupidez que era também de uma época. Assim, temos uma farsa protagonizada, em alguns casos, por homens já fora de seu tempo, em parceria com os farsantes de agora, que usam a tragédia do passado para encenar a sua comédia. Por que digo isso? É evidente que o PT, que não foi protagonista daqueles dias, se tornou o beneficiário da peça burlesca. Houvesse um tribunal para julgar decisões estúpidas, lá deveria figurar com mérito o PC do B, com a sua absurda “Guerrilha do Araguaia”. Em vez disso, os heróis da própria estupidez são revividos como mártires de uma causa que a esmagadora maioria do povo brasileiro ignorou. Era, de qualquer modo, trágico. O que é cômico é que aquela falsa gesta sirva hoje para que partidos de esquerda assaltem os cofres do estado em nome daquela mesma mística. Ora, são ladrões como quaisquer outros que fazem a mesma coisa. Com a diferença de que são, também, ladrões da história.

A nova “Revolução Cultural”

O grotesco, o burlesco e o ridículo também se fazem presentes, revivendo a tragédia como farsa, nos debates que se realizam nas franjas da cultura e do comportamento. Os comediantes revanchistas que estão no poder decidiram pôr o estado a serviço, vamos dizer assim, das novas gerações de militantes, que, em muitos aspectos, lembram os bate-paus da “Revolução Cultural” maoísta, que durou 10 anos da China, entre 1966 e 1976. Mao decidiu dar início a um processo de depuração ideológica da sociedade para supostamente eliminar os resquícios de capitalismo, colonialismo e imperialismo que ainda existiriam na sociedade. E também para punir os próprios comunistas que eventualmente tivessem se desviado do caminho.

Foram anos trágicos, de terror. Os ditos inimigos do regime eram humilhados, seviciados, expostos em praça pública, envergando chapéus que os caracterizam como burros. Cartazes eram pendurados em seus respectivos peitos e costas e, postas de joelhos, as vítimas eram alvos de cusparadas coletivas. Os filhos eram estimulados a denunciar os pais, vizinhos eram convidados a delatar vizinhos, colegas de trabalho se transformavam em espiões do regime. Um objeto de decoração, uma roupa considerada fora do padrão, um gosto qualquer tido como exótico, tudo servia de pretexto para acusar o desvio ideológico.

Em pleno 2013, no Brasil, vivem-se — com traços de comédia de bufões — dias de revolução cultural. E boa parte da imprensa, cumpre notar, opera a razia contra a divergência, o contraditório e a pluralidade. Assim como os maoístas criaram o seu rol de “pecados contra o regime e o socialismo”, passou a vigorar por aqui uma cartilha informal do “pensamento inaceitável” — ou do “pensamento aceitável”, o que dá quase na mesma. Vejam o evento ocorrido em Brasília neste fim de semana. O estado brasileiro financiou um encontro de pessoas que concordam entre si sobre a descriminação da droga. A divergência foi, por princípio, eliminada. Assim como os comuno-fascistas de Mao humilhavam seus opositores, pondo-lhes na cabeça o chapéu de asno, os nossos reduzem a divergência ao silêncio. É como se não existissem. Ou são eliminados da história ou são, mesmo, ridicularizados.

Parece que passou a vigorar em boa parte dos veículos de comunicação uma máxima que seria espantosa nos meus tempos de redação: “Se estamos aqui a combater alguns homens do mal, então podemos mentir, distorcer, simplificar, avacalhar, ridicularizar”. Os homens de Mao queriam eliminar os resquícios do que consideravam atraso. Os de hoje aderiram às causas das chamadas “minorias” ou, então, a questões ligadas aos costumes (drogas, por exemplo) como a nova face da “revolução”. É por esse caminho, parece, que entendem que se vai construir o “novo homem”.

Peguem o caso do deputado Osmar Terra (PMDB-RS). Com a cara mais limpa do mundo, um repórter escreve num dos três grandes jornais do país que o cerne do projeto do deputado contra as drogas é a “internação involuntária”. Ora, isso é simplesmente mentira. Em quase todos os veículos se atribuiu a seu texto a intenção de criar um cadastro de usuários. Também é mentira. Vejamos o caso do Projeto de Decreto Legislativo que derruba um artigo e parte de outro de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia. Diz-se que a proposta permite a “cura gay”, o que é espantosamente falso. Mentir, trapacear, distorcer, nada disso é parte da regra do jogo. Opinião é, sim, parte do jogo. Mas o leitor tem de saber disso.

Assim como os eventuais divergentes do maoísmo (ou acusados disso, não fazia diferença) eram tomados como sabotadores do socialismo, os que não rezam pelo “livrinho multiculturalista” são tidos como sabotadores do bem da humanidade. Repetindo o comportamento dos próceres daquela “Revolução Cultural”, quanto mais errados se mostram, mais arrogantes e violentos se tornam; mais autoritários se mostram. Vejam o caso da descriminação das drogas: o flagelo do crack, que hoje atinge todos os municípios brasileiros, mesmo os pequeninos, deveria ter feito com que a conversa da descriminação fosse considerada coisa quase de lunáticos. Mas se deu o contrário: mais os militantes se organizaram, mais passaram a hostilizar os seus adversários.

Caminhando para a conclusão

A ação dos protagonistas dessa farsa é irrelevante? Ora, claro que não! Os que revivem as tragédias de antes como a comédia bufa de hoje condenam, obviamente, o país ao atraso — que será eterno enquanto eles durarem por aí. Perguntem se a China de hoje perderia seu tempo debatendo a descriminação de todas as drogas — ou qualquer outro país que tenha algum anseio de futuro. Eles estão interessados por lá em outra coisa. Estão é de olho na revolução tecnológica — ainda que eu ache que aquele regime não deva inspirar ninguém.

Cito o caso chinês porque, afinal de contas, os “maoístas estão de volta”, não é?, agora como comediantes. As ideias que vicejam hoje no Bananão — e, em alguns aspectos, de modo ainda mais agressivo em outros países latino-americanos — são ideias mortas, de gerações que foram derrotadas pelos fatos, derrotadas pela história, derrotadas, se quiserem, pela marcha do capital. Vejam a situação miserável em que se encontram as nossas escolas. Um país governado por uma geração que não estivesse revivendo a tragédia como farsa estaria, neste momento, empenhado num programa de educação — e, sim, de repressão — que afastasse as drogas das escolas, um dos fatores, como sabe todo professor, das redes pública e privada, que afetam mais gravemente o desempenho não dos estudantes apenas, mas do processo de ensino.

Mas quê… Deixamos isso para os chineses, para o sul-coreanos, para alguns outros países asiáticos. O negócio dos maoístas farsantes de agora, com sua aparência supostamente moderna, é descriminar, como defendeu aquele delegado, “a produção, a distribuição e o consumo de todas as drogas”. Os estudantes que se danem. Os professores que se danem. Os brasileiros que se danem. 

A conclusão

Reacionários? Onde estão os reacionários? Reacionários são eles!

Reacionário é condenar o país ao atraso.

Reacionário é interditar o debate.

Reacionário é querer fazer a história andar para trás.

Reacionário é querer brincar, no Brasil de 2013, de França de 1968.

Reacionário é querer ganhar, no Brasil de 2013, o jogo perdido no Brasil de 1964.

Reacionário é querer usar as crianças pobres como pilotos de prova de teorias supostamente libertárias de meados do século passado.

Reacionário é querer corrigir a história que o povo se negou a fazer.

Reacionário é querer alijar esse povo da escolha de seu próprio destino porque, a exemplo dos trágicos do passado, os comediantes de hoje também julgam ter a forma e o conteúdo do futuro.

Reacionário é querer facilitar, a crianças e jovens, o acesso à maconha, ao crack e à cocaína.

Reacionária, enfim, é a cultura da morte vestindo a bata branca da paz e da liberdade.