13 de abr. de 2011


Jornal do Brasil, Freud e a verdade histórica
OPINIÃO  12 de abril de 2011
Aristóteles Drummond – Jornalista
No momento histórico que vivemos, com a informação atingindo sua plenitude, a verdade dos fatos que marcaram o século passado, no Brasil e no mundo, estão mais do que conhecidos. Portanto, seria natural que se reconhecesse que o Brasil viveu um período autoritário com Vargas e, depois, com os militares, muito mais suave do que seus vizinhos no continente latino-americano, como a ilha-prisão de Cuba. E sem comparação com as práticas da União Soviética stalinista, da China de Mao, do Camboja e Coreia do Norte, para ficarmos nos mais conhecidos.
Com Vargas, fugimos do radicalismo dos extremistas e atravessamos a Grande Guerra em paz interna. Os militares de 64 mantiveram o Congresso aberto, o direito de ir e vir garantido, a propriedade privada respeitada. Além de certa liberdade de imprensa, que também não pode ser comparada em termos de limitações com a dos países já citados e queridinhos de nossos neodemocratas.
Usa de má-fé quem se nega a ler os jornais da época, dos meses anteriores e posteriores ao 31 de março de 64. Se o fizessem, constatariam que o movimento não foi militar, mas cívico- militar, com adesão e participação decisiva de cinco governadores eleitos livremente, em Minas, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Guanabara. O militar que assumiu, Castelo Branco, foi referendado pelo Congresso – com o voto de JK – tendo dois outros ilustres militares competindo: o marechal Dutra, ex-presidente da República, e o general de exército Amauri Kruel.
Tem muita gente ignorante que fica repetindo aleivosias como “golpe” e “ditadura” para definir o movimento que contou com amplo apoio político e da opinião pública. E outros mais, que imaginam que a juventude que apelou para a “luta armada” o fazia por amor à democracia, e não, como é fato inquestionável e confesso, pelo comunismo e com recursos vindos da Internacional Comunista. O regime era autoritário, ditadura nunca. Por estas e outras é que foi uma pena o PSDB não ter permitido a candidatura jovem de Aécio Neves, que teria virado a página da história. Ele personifica o equilíbrio, sendo filho de deputado que apoiou o regime, neto de deputado que fez oposição ao mesmo regime e colaborou para seu fim pacífico.
Curioso é que nos países europeus que sofreram no comunismo, como a Polônia e Alemanha Oriental, não se fala em revanchismo, não se foca no retrovisor; olha-se apenas para a frente, apesar de barbaridades cometidas, o que não foi o nosso caso. Só por aqui e na Argentina – que foi violenta e bárbara dos dois lados – é que reina essa ruminação suspeita e de objetivos, na maioria dos casos, meramente financeiros.
O grande desafio da presidente Dilma é virar a página, cuidar de fazer um bom governo, vencer dificuldades, conter gente que vive na utopia facilitada pelos vencimentos públicos. Está se saindo muito bem. Tem tido o reconhecimento da nação, das suas forças mais representativas em termos de cultura e progresso. Não pode e não vai perder essa oportunidade. Ela mesma sabe que lutou contra um regime fechado, pensando em outro mais fechado ainda. É honesta ideologicamente, e devemos acreditar que hoje é uma democrata convicta, que sabe que faz parte das democracias a anistia para valer. De Gaulle, por exemplo, anistiou quase 200 mil franceses, quando concluiu que teria de julgar mais de 400 mil.
Vamos mostrar grandeza, vamos cultuar a verdade, dos fatos e dos números. Os militares brasileiros são exemplares, na dignidade, na disciplina, nas afinidades com o povo de vez que são oriundos do povo. O general Augusto Heleno, dos mais admirados, acaba de mostrar que é um grande patriota. Atendeu, “numa boa” o pedido de seu comandante e abriu mão de um belo discurso que iria pronunciar. Guardou para o registro de sua vida. Atitudes assim é que mostram desprendimento e tolerância. Nem por isso deixou de ser uma referência para seus companheiros e uma esperança para os que o acompanham com admiração.

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