4 de abr. de 2012

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Contam que Rui Barbosa, certa feita, tendo ouvido um barulho estranho vindo do seu quintal, foi averiguar e surpreendeu um ladrão tentando levar seus patos de criação.

Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, quando este tentava pular o muro com os patos, disse-lhe:

- Oh, bucéfalo anácrono ! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e fá-lo-ei com tal ímpeto que reduzir-te-ei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, todo confuso:

- Dotô... resumino... eu levo ou dêxo os pato ? 

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